ENTREVISTA

Diretor Comercial da Unipac fala sobre o mercado de embalagens de defensivos agrícolas


Mauro A. Fernandes

Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, com mais de 33 anos de experiência nas áreas Comercial e de Supply Chain, desenvolvidos nas Industrias de Telecomunicações, Automotiva e Transformação de Polímeros, Mauro A. Fernandes iniciou na Unipac há 12 anos como Gerente de Compras e hoje ocupa o cargo de Diretor Comercial.

UNIPAC

A Unipac faz parte do Grupo Jacto, que tem como grupo uma história de mais de 70 anos e presença nos cinco continentes, e é composto por 6 empresas que atuam nos segmentos agrícola, fundição, tecnologias de aplicação de polímeros, transporte e logística, movimentação e armazenagem, equipamentos para limpeza e médico-hospitalar.
A empresa (Unipac) foca seus objetivos estratégicos no segmento de transformação de plástico, agregando valor aos clientes por meio de bens e serviços. Tem como propósito prover soluções inovadoras, que integram serviços e tecnologias de aplicação de polímeros, agregando valor à cadeia.
É considerada uma das indústrias mais completas do país, pois executa seis processos de transformação em seu parque fabril distintos, sendo assim referência para empresas nacionais e internacionais.

1. A Unipac atua em vários segmentos do mercado, como o automotivo, movimentação & armazenagem, e também de embalagens para envase de defensivos agrícolas. Qual a representatividade deste último mercado no faturamento da empresa? Qual é a estratégia atual de atuação neste mercado e quais são os novos planos para 2020 e próximos anos?

A divisão de Embalagens representa a maior participação na receita da UNIPAC, onde atendemos aos principais fabricantes de defensivos agrícolas do Brasil.

Nossa estratégia é prover uma proposta de valor diferenciada, com embalagens de alta performance, segurança no abastecimento, personalização de atendimento com projetos de inovação e sustentabilidade, levando em consideração novas tecnologias em produto e processo. Temos mais de 10 anos de experiência com operações in house, com diversos cases de sucesso.

2. A Unipac foi pioneira no desenvolvimento nacional do reservatório plástico para pulverizador costal e na fabricação de embalagens de agroquímicos rígidas plásticas no Brasil. Quais pesquisas e inovações a empresa desenvolve para aperfeiçoar as embalagens de defensivos considerando impacto ambiental, performance e custo? Quais são as tendências para este mercado?

Temos suportado os times de desenvolvimento dos clientes desde a concepção da embalagem, com design adequado à aplicação e adaptação do produto para cada linha de envase.

Alocamos muitos recursos para buscar o melhor tipo de material, estrutura mecânica e gramatura de embalagem, de acordo com a necessidade de cada cliente, objetivando a melhor relação custo benefício.

Resultado destes trabalhos, tivemos êxito em homologar a embalagem mais leve do mercado brasileiro de 20L mono, com redução de 13% frente à referência de mercado. Do ponto de vista de sustentabilidade, temos diversas iniciativas em andamento, inclusive produzindo embalagens com resina reciclada conhecida como RPC (resina pós-consumo).

A tendência é continuar o desenvolvimento de embalagens de pequeno porte, até 20L, devido ao lançamento de moléculas mais eficientes.

3. O Brasil importa defensivos já formulados e embalados, mas a grande parte ainda é feita a formulação aqui no país, ou seja, a demanda por embalagens para defensivos depende da estratégia dos produtores em formular ou não por aqui. Qual a perspectiva de demanda por embalagens no Brasil para este ano, principalmente no cenário atual de quarentena e desaceleração econômica? Na carteira de mercados que vocês têm, qual o principal mercado que pode ser impactado?

Reconhecemos o momento muito difícil que estamos atravessando como sociedade diante da pandemia do COVID-19, e implementamos uma série de medidas de segurança e prevenção, visando proteger nossos colaboradores e parceiros. No negócio de Embalagens, temos um compromisso como parte importante da cadeia de produção de alimentos, considerada como “essencial”, sendo assim, estamos com nossas operações rodando em plena cadência.

Nossas perspectivas para o Agro continuam positivas, mesmo diante de um cenário de desaceleração econômica. Tivemos um primeiro quadrimestre interessante em termos de demanda das embalagens, e temos mantido um forte alinhamento com nossos parceiros quanto aos forecasts para o período da safra.

Quanto aos demais negócios que atuamos, os impactos estão mais concentrados nos segmentos relacionados à indústria automotiva de veículos pesados e movimentação & armazenagem, justamente pela desaceleração econômica, e temos, juntamente com os clientes e fornecedores, avaliado alternativas para mitigação.

4. Dentro da cadeia de defensivos, as embalagens estão no meio do processo, desde a entrega na propriedade, aplicação e o retorno. Qual é o impacto das embalagens nesta cadeia do ponto de vista do fornecedor e do produtor rural? Existe algum impacto no custo de produção destes consumidores que esteja relacionado com o tipo de embalagem e tecnologia utilizada?

O critério de decisão de qual embalagem utilizar está muito relacionado ao tamanho da propriedade, à região do país e o próprio perfil do agricultor.

A UNIPAC possui um portfólio bastante completo, portanto conseguimos atender aos nossos parceiros de forma a entregarem a melhor solução ao produtor rural.

O custo da embalagem tem baixo impacto para o produtor rural, mas ele varia de acordo com a embalagem e tecnologia utilizadas, por exemplo embalagem com ou sem barreira, material virgem ou reciclado, etc.

Do ponto de vista do fabricante de defensivo, as embalagens com tecnologia mono (manufaturadas com somente um tipo de material e utilizadas nas classes de produto base água), acabam apresentando um menor custo de aquisição quando comparadas aos modelos com barreira, que são utilizadas nas classes de produtos base solvente.

5. Em relação ao descarte das embalagens, o Brasil se tornou referência mundial em logística reversa de embalagens plásticas vazias de defensivos agrícolas, com o encaminhamento de 94% delas para a reciclagem ou incineração, projeto que faz parte do programa de logística reversa organizado pela InpEV. De que forma a Unipac contribui para o sistema de logística reversa para o descarte de embalagens dos defensivos? Vocês podem reutilizar essas embalagens recicladas pelo programa?

Estamos devidamente comprometidos e alinhados com os conceitos para uma economia circular. Temos diversos projetos em diferentes segmentos em que adotamos o conceito de design consciente de produto e a utilização de tecnologias e materiais mais sustentáveis. Temos, por exemplo, projetos de rastreabilidade e logística reversa das embalagens industriais de movimentação logística, projetos de incorporação de fibras naturais, utilização de resina pós consumo (RPC), dentre outros.

Especificamente para o mercado de embalagens de defensivos, além das iniciativas citadas, investimos na construção de um portfólio que ofereça aos nossos clientes opções de embalagens que são passíveis de serem recicladas para as diferentes classes de defensivos, contribuindo para o aumento do índice de reciclagem dentro do processo de logística reversa estabelecido pelo InPEV.

6. O agronegócio no Brasil, mesmo em meio ao cenário da pandemia, ainda apresenta previsão de crescimento para 2020 e deve ser um dos setores de alavanque do país para recuperação da economia em 2021, o que deve impactar na demanda pelos defensivos. Como a Unipac vê o crescimento do agronegócio nos próximos anos? Como será o posicionamento da empresa para contribuir para este crescimento?

Em linhas gerais, de 2018 para 2019 a receita em dólares do mercado de defensivos cresceu significativamente, cerca de 17% pelos números que analisamos, o que é muito positivo.

Trabalhamos internamente com uma perspectiva de novos crescimentos para os próximos 03 anos na ordem de 3 a 4%, pautado pelo: aumento da área plantada e produtividade, pela e adoção de novas tecnologias e soluções para superar a resistência a fungicidas e herbicidas.

Nosso posicionamento se manterá em atuarmos no foco dos nossos clientes através de uma proposta de valor competitiva e inovadora, suportada pela busca da excelência operacional, e pelos constantes investimentos que temos feito com aquisições de novas sopradoras de última geração e demais tecnologias no processo produtivo, que trarão confiabilidade e diferenciação aos clientes com quem temos alianças estratégicas.

Equipe Global Crop Protection, 19/05/2020

Fonte da imagem:  Foto de Verano creado por freepik – www.freepik.es

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