ENTREVISTA

Mercado de biológicos deverá atingir USD 3 bilhões esse ano, segundo Luciano Olmos, Gerente de Produção e Desenvolvimento da Koppert

Mercado de biológicos deverá atingir USD 3 bilhões esse ano, segundo Luciano Olmos, Gerente de Produção e Desenvolvimento da Koppert


Luciano Olmos Zappelini é formado em Biologia pela PUC-Campinas e possui mestrado em Sanidade Vegetal pelo Instituto Biológico – SAA/SP. Atua na Koppert desde 2012, sendo atualmente Gerente de Produção e Desenvolvimento.

1. A Koppert atua no mercado de defensivos biológicos no Brasil e no mundo, sendo uma das pioneiras no mercado. Como foi o crescimento desse mercado na última década? Qual o país atualmente se destaca na utilização de controle biológico?

Nos últimos 10 anos todo o segmento do mercado de controle biológico de pragas e doenças cresceu sensivelmente. Os números deste mercado nos últimos 10 anos são extremamente animadores, pois se trata de um mercado muito novo que há poucos anos deixou de ser tendência para tornar-se necessário. Porém, sabemos que o mercado de biológicos brasileiro, atualmente, representa 2% do volume anual de defensivos que, em 2015, foi de R$ 9,6 bilhões. Já no âmbito global, o crescimento do mercado de biológicos também é evidenciado com uma média anual de crescimento em torno de 10% e este ano deve atingir US$ 3 bilhões, o que representa 5% do mercado de defensivos em sua totalidade.

Podemos, por exemplo, medir este crescimento pelo número de produtos biológicos registrados junto Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), mas também pela melhor organização do setor devido ao ótimo trabalho da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio) fundada em 2007. Outros fatores que refletem o crescimento deste segmento são: a profissionalização das empresas atuantes no mercado brasileiro que investiram em tecnologia e desenvolvimento de soluções biológicas frente nossas pragas e doenças, o ingresso de novas empresas e a ampliação de portfólio das empresas já atuantes com defensivos químicos.

Atualmente, o Brasil se destaca na utilização do controle biológico exatamente pela expressividade de nossos mais de 60 milhões de hectares cultivados anualmente para grãos. Desde a década de 2000, nosso país possui um dos maiores programas de controle biológico do mundo na cultura da cana-de-açúcar. A exemplo desta última, as demais culturas de importância econômica no Brasil denotam o mesmo potencial para uso de ferramentas biológicas para controle de pragas e doenças.  

2. Com o crescimento de pragas resistentes a defensivos químicos, o uso de biológicos acaba sendo favorecido. Nesse contexto qual o tamanho desse mercado no Brasil e a perspectiva para o curto prazo? Qual o Market Share da Koppert ?

As perspectivas são muito positivas e fortes, pois o Brasil nos últimos 30 anos quadruplicou a produção anual de grãos, passando de 50 para 200 milhões de toneladas. Sendo assim, faz-se mais do que necessário à utilização de novas tecnologias para controle de pragas e doenças.

O mercado brasileiro de biológicos atualmente representa 2% de um volume anual de defensivos que, em 2015, foi de R$ 9,6 bilhões. As projeções do setor apontam uma expansão média anual de 15% para os correntes anos.

A Koppert é líder mundial em controle biológico e polinização natural, possui 27 subsidiárias no mundo e comercializa seus produtos em 101 diferentes países.

3. Atualmente quais são os principais produtos comercializados pela empresa? Existe alguma praga que está em destaque nas principais culturas brasileiras (cana, soja, algodão, café ou laranja)?

Globalmente a Koppert conta mais de 100 produtos no portfólio, sendo todos eles produtos biológicos.

No Brasil, destaca-se o produto BOVERIL WP, a base do fungo Beauveria bassiana  para controle da mosca branca (Bemisia tabaci) em soja e algodão e também para controle da broca do café (Hypothenemus hampei).  Em seguida temos um fungicida e nematicida microbiológico (primeiro do mercado brasileiro com dupla ação) a base do fungo Trichoderma harzianum, o TRICHODERMIL SC que controla um complexo de doenças de solo, como Fusarium (podridão), Rhizoctonia (mela ou tombamento) e Sclerotinia (mofo branco) em também atua no controle de nematoides como o Pratylenchus zeae podendo ser utilizado em todas as culturas que ocorram os alvos acima mencionados. 

O METARRIL WP, a base do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae, indicado para controle da cigarrinha da raiz da cana-de-açúcar (Mahanarva fimbriolata), bem como sobre o complexo de cigarrinha das pastagens.

Possuímos um vírus, presente no produto DIPLOMATA K para controle da Helicoverpa armigera. Além dos produtos a base de micro-organismos, existe uma gama de biodefensivos que utilizam macro-organismos: como o HOPPER que é uma micro vespa, o Trichogramma galloi capaz de parasitar os ovos da broca da cana de açúcar (Diatraea saccharalis); o HUNTER que é composto pela micro vespa Trichogramma pretiosum, que possui um espectro de parasitismo maior sendo recomendado para uma gama de lagartas como Falsa medideira (Chrysodeixis includens), Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), Broca-Grande-do-Fruto (Helicoverpa zea), Helicoverpa armigera (e outras lagartas da sub-família Heliothinae), Broca pequena (Neoleucionodes elegantalis), Traça-do-Tomateiro (Tuta absoluta), Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e Duponchelia fovealis. Contamos um o produto SPICAL que é um acaricida biológico composto pelo ácaro predador Neoseiulus californicus destinado ao controle do Ácaro-rajado (Tetranychus urticae) nas culturas do morango e rosas.

Atualmente temos vários processos de registro de novos produtos junto ao MAPA, focados em diversas pragas às quais nossa atenção está destinada ao controle do psilídeo Diaphorina citri transmissor das bactérias que causam o “greening” no citros, fazendo uso de um fungo entomopatogêncio chamado Isaria fumosorosea. Este será o primeiro bioinseticida para controle do psilídeo a ser lançado no mundo.

4. Uma nova molécula leva em torno de 10 anos para ser lançada no mercado, desde o início da sua pesquisa, além do período de registro. Qual o tempo da pesquisa até o lançamento de um produto biológico e quais são as etapas englobadas?

Em relação ao tempo de pesquisa para um produto biológico, este pode variar enormemente em função do alvo a ser controlado, mas em média são de 6 a 8 anos para obtenção de um registro.

Boa parte do processo de pesquisa consiste na bioprospecção ou “screening” de um bom candidato para ser um agente biológico de controle (ABC). O processo de busca pode ser feito diretamente junto aos bancos de microrganismos presentes nas universidades e/ou centros de pesquisas no Brasil, bem como pode ser feito através de coletas no epicentro da praga em questão. Após esta etapa, são realizados testes de praticabilidade agronômica, que deve provar que o ABC entrega os resultados esperados seguido do “upstream” e “downstream process” que vai delinear toda parte de produção em larga escala do novo agente, bem como desenvolvimento da melhor formulação para o ABC. Em concomitância, todo o processo de registro junto ao MAPA, IBAMA e ANVISA deve ser iniciado, o que acarreta ao registrante testes ou ensaios de campo que comprovem a viabilidade técnica da tecnologia, testes ecotoxicológicos e toxicológicos que vão classificar o produto frente sua periculosidade ambiental e ao ser humano.

Vale ressaltar que o Brasil não possui uma legislação especifica para produtos biológicos. Atualmente todos os produtos devem registrados de acordo com o decreto 4074/2002 (Decreto dos Agrotóxicos).

5. A Koppert é uma empresa mundial e traz tecnologias neste nível para os tratamentos no Brasil. Com essa onda de fusões entre empresas de defensivos, a Koppert tem alguma estratégia neste sentido para aumentar portfolio, por exemplo? Como é a competitividade das empresas de biológicos atualmente?

Para o segmento de produtos biológicos o mercado em potencial é enorme, onde todos conseguem estabelecer suas respectivas áreas de comércio.

A competição é muito mais do que bem vinda ao nosso segmento, especialmente pelo fato de que as empresas ingressantes no mercado, através das fusões, agregam em muito mais seriedade e confiabilidade dos produtos oferecidos, bem como na própria tecnologia.

A Koppert busca sempre inovar para estar na ponta. Nós fazemos um esforço muito grande em prol dos desenvolvimentos que nos trazem a vanguarda no mercado de biológicos e é isso estamos fazendo nos últimos 50 anos. A chave da inovação é sermos arrojados, sempre com muito dinamismo em pesquisa e desenvolvimento aliados a estratégia de mercado.

Sobre a Koppert

Fundada na Holanda em 1967, a Koppert é líder no mercado internacional de proteção biológica de culturas agrícolas, atuando com inovação em controle biológico, polinização natural, tratamento de sementes e tecnologia de monitoramento e aplicação. Pesquisas constantes e produção em larga escala de organismos benéficos contribuem para o desenvolvimento da agricultura e horticultura sustentável nos mais de 90 países onde os produtos da empresa são utilizados.

Equipe Global Agrochemicals, 22/12/2017

 

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