NOVAS TECNOLOGIAS
Novas descobertas em estratégias no controle de pragas agrícolas e compreensão dos mecanismos biológicos
Na complexa rede de interações biológicas que define o ritmo da natureza, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa para Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (INRAE), na França, trazem à luz descoberta sobre como as interações sociosexuais que podem influenciar profundamente o ritmo circadiano em animais. Isso abre caminho para novas estratégias no controle de pragas agrícolas e avanços na compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes.
O estudo focou em Spodoptera littoralis, um inseto solitário por natureza, mas cujas interações sociosexuais desempenham um papel crucial em sua reprodução. Esse inseto é conhecido por ser uma praga agrícola significativa, com suas larvas atacando culturas de milho e leguminosas. O intrigante é que os machos, que vivem apenas de 7 a 8 dias, dedicam-se inteiramente à procriação, fazendo das interações com as fêmeas uma prioridade absoluta.
Pesquisadores observaram que, na presença de fêmeas, o ritmo circadiano dos machos de S. littoralis é alterado de maneira significativa. As fêmeas podem modular à distância o ritmo circadiano dos machos por meio de feromônios, através de um composto, garantindo que ambos os sexos estejam em sincronia durante o período de acasalamento. Conforme os pesquisadores, a descoberta é pioneira, marcando a primeira vez que uma interação sociosexual foi mostrada para afetar o relógio circadiano em uma espécie solitária, superando até mesmo a influência da luz no processo.
A aplicabilidade dessas descobertas na prática de biocontrole e é particularmente promissora. Os pesquisadores estão explorando maneiras de utilizar a modulação do ritmo circadiano dos machos para desincronizar os ciclos reprodutivos dos sexos, interferindo no encontro entre machos e fêmeas e, consequentemente, na reprodução da praga. Tal abordagem poderia oferecer uma estratégia de controle de pragas mais sustentável e menos dependente de defensivos.
Fonte: Revista Cultivar, publicado em 09/04/2024
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