NOVAS TECNOLOGIAS
Centro de pesquisa para combate ao greening é criado por instituições com investimento de R$ 90 milhões
Para combater a doença mais devastadora da citricultura mundial — o greening —, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) uniram esforços e criaram o Centro de Pesquisa Aplicada em Inovação e Sustentabilidade da Citricultura (CPA).
Lançado nesta quinta-feira (12), o centro faz parte de um rol de projetos anunciados pelo governo paulista para estimular o agronegócio do Estado.
O CPA receberá R$ 90 milhões em investimento nos próximos cinco anos, sendo dois terços pela Fapesp, isto é, com recursos do governo, e um terço pelo Fundecitrus, mantido por produtores e pela indústria de suco de laranja.
De acordo com Renato Beozzo Bassanezi, vice-diretor do CPA e pesquisador do Fundecitrus, há 24 anos, a principal linha de trabalho será promover a formação de novos grupos de pesquisa e consolidar outros já estabelecidos, visando o controle do greening.
“Vamos atuar em várias frentes: no controle do psilídeo (inseto vetor do greening) que transmite a doença; em produtos que atuem para reduzir ou matar as bactérias nas plantas; na busca por plantas resistentes ao mosquito e à bactéria; no manejo da lavoura para aumentar a produtividade e na troca de conhecimento”, afirmou ao Valor.
O greening cresceu 54% nas lavouras de São Paulo e do Triângulo Mineiro entre 2022/23 e 2023/24, com algumas áreas tendo infestação de 60% das árvores. Segundo o Fundecitrus, nas últimas cinco safras de laranja, o greening causou queda prematura de frutos equivalente a 97,2 milhões de caixas, levando a uma perda estimada de US$ 972 milhões em receita.
E a doença tem causado a migração de produtores de citros e empresas para outros Estados. “Queremos ajudar o citricultor e manter a atividade em São Paulo”, completou Bassanezi. A citricultura responde por 8,2% das exportações paulistas e gera 45 mil empregos no Estado.
Para além da pesquisa, o CPA terá atuação no ensino, na difusão de conhecimento e na transferência de tecnologia.
Fapesp e Fundecitrus já foram parceiras no Projeto Genoma, que, em 2000, sequenciou pela primeira vez o genoma de uma bactéria de interesse econômico, a Xylella fastidiosa — causadora do amarelinho, fazendo avançar a pesquisa em biotecnologia no país.
O CPA será sediado na Esalq/USP, em Piracicaba (SP). Além do Fundecitrus, o centro contará com pesquisadores de outras unidades da USP, além de UFSCar, Unicamp, Unesp, IAC e Embrapa. Pesquisadores de instituições estrangeiras, da França, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra e Portugal também atuarão como colaboradores.
Fonte: Globo rural, publicado em 12/12/2024
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