USO E APLICAÇÃO
Estudo revela que controle da ninfa do psilídeo é essencial para manejo do greening
Estudos do Grupo Agrimip descobriram que o controle da bactéria Candidatus Liberibacter durante o estágio de ninfa do psilídeo cítrico asiático é fundamental para o manejo do greening.
A pesquisadora Regiane Oliveira, professora de entomologia e coordenadora da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), relatou essa conclusão ao AgroPages.
Segundo Oliveira, avanços significativos estão sendo feitos no conhecimento relacionado ao controle do psilídeo asiático dos citros (Diaphorina citri), o inseto vetor do greening. Oliveira observou que a doença, atualmente o principal desafio para a citricultura brasileira, tende a ser contida de forma mais eficaz com a quebra do ciclo da praga.
“Controlar o estágio de ‘ninfa’ do psilídeo cítrico asiático é fundamental para o manejo do greening. Enquanto o inseto adulto transmite a doença, o estágio do inseto com o tempo para adquirir a bactéria causadora da doença (Candidatus Liberibacter) é a ‘ninfa’. Essa abordagem de manejo abriu um novo capítulo no conhecimento relacionado à contenção eficaz de psilídeos”, enfatizou a pesquisadora.
Segundo ela, “Hoje está claro que o inseto vetor tem uma ‘relação’ com a bactéria Candidatus Liberibacter, adquirida durante o processo de alimentação da ninfa. Se gerenciarmos adequadamente a ninfa, quebramos o ciclo da praga e o ciclo de desenvolvimento da doença”.
A pesquisadora explicou que, até recentemente, a maioria dos tratamentos se concentrava principalmente na forma adulta do inseto. “Atingir adultos não está entre as missões mais difíceis porque eles permanecem expostos. Mas chegar à ninfa é mais complexo: depois de eclodir do ovo, ela se instala dentro da copa da planta, ficando “escondida”. Portanto, em citros, a tecnologia de aplicação adequada é crucial para garantir que a pulverização chegue ao interior da copa das árvores, onde a ninfa geralmente é encontrada”, acrescentou Oliveira.
Além disso, também afirmou que o manejo bem-sucedido de ninfas com tratamento inseticida apropriado também preveniu o surgimento de insetos adultos ‘infecciosos’ que potencialmente dispersariam plantas saudáveis e, nesse processo, transmitiriam as bactérias causadoras do greening. “Esse é o ponto-chave, resultado da evolução acadêmica no conhecimento da doença e, especialmente, seu método de transmissão”, disse Oliveira.
Por meio da Agrimip, a pesquisadora conduziu estudos enfatizando o uso do princípio ativo inseticida buprofezina, descrito como regulador de crescimento, no manejo do psilídeo asiático dos citros. “Ele atua inibindo a formação de quitina, ou seja, no hormônio de crescimento do inseto, no sistema endócrino, bloqueando o desenvolvimento da praga e quebrando seu ciclo por meio do controle das ninfas. O número de adultos infectantes diminui”, continuou Oliveira.
“Essa é uma ferramenta que chega para a citricultura como uma inovação com apoio à avaliação acadêmica, vinculando o conhecimento da praga com o da bactéria. A buprofezina nos permite adicionar controle em outro estágio de praga. Nas áreas experimentais em que esse conceito tem sido usado, os resultados têm se mostrado promissores”, reforçou a pesquisadora.
Segundo ela, os citricultores devem considerar o emprego de boas práticas agrícolas além da seleção de inseticidas. “O monitoramento do pomar é essencial, assim como o manejo de ovos e adultos de pragas.”
Além disso, a pesquisadora ressaltou que as preocupações dos citricultores não devem se limitar a reduzir a praga apenas em sua propriedade. “Eles devem olhar para a região de produção como um todo. Se diminuirmos a população de psilídeos, diminuiremos a intensidade da doença em geral”, concluiu Oliveira.
Fonte: Agropages – Leonardo Gottems, publicado em 03/02/2025
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