USO E APLICAÇÃO

Milho safrinha enfrenta infestações de cigarrinha do milho e percevejo barriga-verde


O milho safrinha no Brasil está sofrendo com alto custo de produção e muitos produtores estão desanimando com a cultura, principalmente pela desvalorização do grão.

Dentre os fatores que estão encarecendo o custo do milho safrinha estão a quantidade elevada de aplicações químicas, principalmente inseticidas para manejo de cigarrinha do milho e percevejos.

Alguns produtores da região do centro oeste mato-grossense relataram realizar mais de 10 aplicações de inseticidas químicos para controle dessas pragas na safrinha. Estas elevadas quantidades de aplicações se devem à elevada população destes insetos, além de possível resistência destes aos inseticidas utilizados.

Estes índices elevados de cigarrinha do milho e percevejo se devem, principalmente, à adaptação dos insetos ao ambiente, disponibilidade de alimento o ano todo, atrasos da janela de semeadura devido ao prolongamento da safa da soja, áreas de milho sem manejo de pragas no final do ciclo da cultura, bem como manejos ineficientes.

Tais condições favorecem o desenvolvimento e adaptação da cigarrinha e do percevejo barriga-verde, que podem fazer vários ciclos durante o ano, já que têm alimento e condições ideais para sua proliferação, tornando-se pragas-chaves da cultura do milho nos últimos anos.

A cigarrinha do milho e o percevejo barriga-verde podem causar danos diretos e indiretos. Os dois são hemípteros, com aparelho bucal picador sugador com estiletes que são inseridos na planta para fazer a sucção do alimento.

Além da alimentação, o percevejo barriga-verde pode causar lesões nas plântulas de milho, afetando o desenvolvimento foliar e podendo até matar a plântula de milho. Estes insetos podem liberar toxinas e favorecer a infecção com patógenos.

Já a cigarrinha também libera toxinas e é transmissora de patógenos como os molicutes, causadores de enfezamento pálido e vermelho do milho. A planta, quando infectada no estádio vegetativo, terá atraso de desenvolvimento, manchas foliares, estrias cloróticas, plantas com altura reduzida, encurtamento de entrenós, brotos nas axilas foliares, desenvolvimento de várias espigas pequenas e mau formadas, reduzindo drasticamente a produtividade.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) deve começar com um planejamento da safrinha antes do plantio, pois após a contaminação da planta com o enfezamento não existe tratamento ou controle da doença.

Segue um passo a passo para obter um manejo eficiente da cigarrinha e do percevejo barriga-verde:

– Escolha de híbridos tolerantes ao enfezamento pálido e vermelho;

– Eliminar plantas involuntárias ou tiguera de milho;

– Não fazer semeadura tardia do milho;

– Semeadura dentro da janela pré-estabelecida na região;

– Utilizar sementes tratadas com inseticidas para controle de pragas iniciais;

– Fazer um manejo com a aquisição de diferentes mecanismos de ação de inseticidas;

– Monitoramento das populações de cigarrinhas e percevejos;

– Controle rigoroso das populações de pragas desde os primeiros estádios de desenvolvimento;

– Utilização de controle biológico;

– Fazer o manejo de pragas o ano todo para reduzir as populações de pragas;

– Controle de plantas daninhas e monitoramento de pragas na palhada e habitats alternativos;

– O manejo de cigarrinha do milho e percevejo tem que ser rigoroso e preventivo, pois os danos podem causar altos prejuízos.

A resistência do milho ao ataque de insetos é algo complexo, pois depende de diversos fatores, como populações de insetos, disponibilidade de alimento, manejo de pragas, etc. Porém, existem alguns híbridos de milho no mercado com boa tolerância ao enfezamento, assim como diversos ingredientes ativos e mecanismos de ação são indicados para o controle.

É fundamental, entretanto, adotar as práticas de manejo a inseticidas, tais como:

– Rotacionar produtos com mecanismo de ação;

– Respeitar o intervalo de aplicação;

– Sempre que possível, realizar as aplicações direcionadas às fases mais suscetíveis das pragas a serem controladas;

– Adotar outras táticas de controle, previstas no Manejo Integrado de Pragas (MIP) como rotação de culturas, controle biológico, controle por comportamento, etc;

– Utilizar as recomendações e da modalidade de aplicação de acordo com a bula do produto.

Uma ferramenta eficaz para prevenção do ataque é o monitoramento constante, devido ao rápido ciclo de vida destas pragas. A observação da área e das plantas deve ser feita a cada três dias, pelos menos, pois amostragens semanais podem ficar com intervalos muito longos e ser tarde demais para uma rápida tomada de decisão.

Além de monitoramento e amostragem com intervalos curtos, a observação de vários pontos e plantas de forma minuciosa é fundamental para a real avaliação da população das pragas.

Na fase inicial, a observação da palhada, monitorar os horários mais amenos, pois os insetos tendem a se esconder do sol e do calor, observação da planta, como o cartucho e de locais onde os insetos podem ficar escondidos, é outra etapa importante.

 

Fonte: Revista Campo e Negócios, publicado em 25/03/2025

Fonte da imagem: Freepik

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