ANÁLISES GCP

Mercado de defensivos brasileiro se mantém resiliente apesar de tensões com tarifas de Trump


Em 2025, com Donald Trump de volta à presidência dos EUA, o governo retomou sua política comercial protecionista e em abril/2025 anunciou novas tarifas sobre a exportação de diversos países. As taxas às exportações da China chegaram em até 145%. Na ocasião do anúncio, houve o receio de que o mercado de defensivos fosse afetado, dado que os EUA são grandes compradores de pesticidas da China e as alíquotas publicadas inviabilizariam a relação comercial entre eles. Além disso, o receio era de uma redução na oferta de defensivos dos Estados Unidos para o Brasil, uma vez que a indústria americana tenderia a priorizar o abastecimento do mercado interno. Também se previa um redirecionamento da oferta chinesa excedente ao mercado brasileiro.

No entanto, este cenário não se concretizou devido a três principais fatores. 1. Em maio de 2025, o governo americano divulgou uma lista de isenções que contemplava ingredientes técnicos e intermediários químicos usados na formulação de defensivos agrícolas, o que contribuiu para que os EUA continuassem importando normalmente esses itens do país asiático; 2. Os fabricantes chineses optaram por diminuir a produção para evitar um excesso de oferta; 3. No mesmo mês, foi firmado um acordo provisório com a China, válido por 90 dias, reduzindo a tarifa de 145% para 30% sobre os insumos chineses, e 10% sobre os produtos norte-americanos. Esse acordo levou empresas americanas a anteciparem as compras e formar estoques diante da possibilidade de a tarifa voltar a subir após o período provisório.

Agora, próximo ao período final do acordo entre China e EUA, o presidente Trump, anunciou novas medidas comerciais e a aplicação de novas tarifas para 1° de agosto de 2025. Porém, logo em seguida o acordo foi prorrogado até 12 de agosto de 2025. A decisão foi justificada como uma forma de ampliar o tempo para negociações e evitar o restabelecimento de tarifas elevadas. Autoridades dos dois países se reuniram em Estocolmo para buscar soluções para a disputa comercial. Embora esses encontros possam não resultar em avanços imediatos, é possível que ambas as partes concordem com uma nova prorrogação de 90 dias da trégua tarifária que foi estabelecida em meados de maio.

De forma geral, os Estados Unidos têm mantido a regularidade na importação de matérias-primas essenciais para a produção interna de defensivos agrícolas, o que tem assegurado o abastecimento do mercado doméstico e evitado impactos significativos sobre a competitividade e continuidade das exportações da produção de defensivos nacional.

Em relação ao Brasil, Trump anunciou em 09 de julho de 2025, que a partir de 1º de agosto de 2025, todas as exportações brasileiras estariam sujeitas a uma tarifa de 50%. A medida afetaria diretamente commodities como celulose, suco de laranja e aço. Cabe destacar que o Brasil poderia adotar medidas de retaliação, amparado pela Lei da Reciprocidade, sancionada em abril de 2025, a qual prevê contramedidas em resposta a barreiras comerciais externas.

A priori, o receio era de que considerando a retaliação do Brasil aos americanos, o custo para importar defensivos dos EUA fosse afetado, podendo reduzir o fornecimento de itens relevantes como glifosato, atrazina, clorantraniliprole, entre outros. No entanto, o governo brasileiro optou pela via diplomática e realizar a negociação das tarifas, o que limitou os impactos para o mercado brasileiro de defensivos.

A medida tarifária sobre o Brasil foi formalmente assinada na última quarta-feira (30/07), acompanhada de uma lista de isenções que inclui produtos como suco de laranja, celulose e aeronaves civis. As demais tarifas foram mantidas, com aplicação a partir de 7 de agosto de 2025, abrangendo itens como café, carnes, frutas, entre outros.

Diante dos últimos desdobramentos e considerando a lista de isenção dos Estados Unidos para exportações de itens brasileiros devem mitigar os impactos econômicos. Dessa forma, não se espera um escalonamento do cenário que leve a medidas retaliatórias por parte do Brasil. Portanto, a tarifa imposta pelos Estados Unidos não afeta as importações de defensivos, mantendo um baixo impacto sobre esse mercado.

 

Fonte: Equipe Global Crop Protection

Fonte da imagem: Freepik

Tags

Notícias Relacionadas

Close