USO E APLICAÇÃO
Estudo destaca eficácia do controle com a combinação de inseticida e fungo entomopatogênico

Uma combinação entre o inseticida benzoato de emamectina (EB) e o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae CQMa421 conseguiu reduzir em 76,1% o uso do químico no controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), sem perda de eficácia. O tratamento conjunto apresentou índice de sinergismo de 4,19 contra larvas de quarto instar, segundo estudo conduzido por pesquisadores chineses. O resultado amplia a possibilidade de controle sustentável da praga, que já apresenta resistência a 47 ingredientes ativos.
Os testes foram realizados em laboratório com larvas coletadas em lavouras de milho em Chongqing, China.
O fungo sozinho não causou efeitos significativos sobre as lagartas. Já o inseticida, mesmo em dose reduzida, interferiu no desenvolvimento e alimentação. O tratamento combinado atrasou em 4,65 dias a muda do quarto instar, reduziu a alimentação em 18,3% e diminuiu em 11,1% o peso larval. A emergência de adultos caiu 12,3%, o período de postura foi encurtado em 1,5 dia, e a fecundidade caiu 42,5%. Também houve aumento de 4,4% na deformação pupal.
O EB acelerou a germinação dos esporos do fungo em 3,4 horas e antecipou a formação do apressório em 4,5 horas. Essas estruturas permitem a penetração do fungo pela cutícula do inseto.
O tratamento conjunto também suprimiu genes ligados à imunidade da lagarta, com destaque para Attacin (redução de 86,6%), Cecropin (61,2%) e MyD88 (50,5%). O resultado é um efeito imunossupressor que favorece a infecção fúngica.
A sinergia entre EB e o fungo CQMa421 demonstrou capacidade de prolongar estágios imaturos e comprometer a reprodução da praga. A taxa de eclosão caiu para 66,4% no tratamento combinado, contra 90,1% no controle. A duração da oviposição foi reduzida à metade. O peso das pupas caiu de cerca de 210 mg para 116 mg. A queda na fecundidade total por fêmea foi de 42,5%.
O mecanismo do fungo prevê a adesão de esporos à cutícula, germinação e formação do apressório, seguido pela penetração mecânica e enzimática. Dentro do corpo da lagarta, o fungo prolifera como hifas, degradando tecidos e superando defesas. O EB atua como facilitador, atrasando a muda (que poderia eliminar esporos aderidos) e interferindo na resposta imune.
Estudos anteriores já haviam apontado limitações de fungos entomopatogênicos contra larvas mais velhas, devido à maior espessura da cutícula e atividade de enzimas desintoxicantes.
Fonte: Revista Cultivar, publicado em 21/08/2025
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