USO E APLICAÇÃO

Fundação MT alerta para maior infestação de pragas

Fundação MT alerta para maior infestação de pragas


Muitos questionamentos têm sido levantados sobre o plantio de soja na segunda safra, especialmente em Mato Grosso, maior produtor nacional da oleaginosa. O principal deles é com relação à exposição das lavouras à forte pressão das pragas, bem como ao uso intensivo dos agroquímicos. Nesta safra, em função de um cenário menos favorável ao milho, ainda no segundo semestre de 2013 – quando o produtor toma a decisão do que vai plantar como opções de ‘safrona’ e safrinha – a soja segunda safra ganhou adeptos e em 2014 ocupa a maior área já destinada a ela como alternativa de segunda época. O resultado são cerca de 120 mil hectares plantados e em pleno desenvolvimento. A área atual é quase cinco vezes maior que a anterior.

A pesquisadora de Entomologia da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Lucia Vivan, alerta que a “safrinha” com soja pode ser combustível para infestação. “Além de aumentar o custo de produção é importante dizer que com essa prática, soja safrinha, houve maior exposição das pragas aos mesmos produtos que foram utilizados na safra, e isso pode acelerar a evolução da resistência de insetos aos inseticidas”.

O cenário desta segunda safra já mostrou o que a pesquisadora apontou. “Pudemos constatar infestações de mosca branca no início dos plantios, principalmente nas áreas onde já estavam com alta infestação no cultivo da safra. Além disso, presença de lagartas Helicoverpa e percevejos”. Para o controle dessas pragas o produtor teve de realizar aplicações de defensivos químicos, lembra Vivan. “Principalmente para mosca branca no início do desenvolvimento da cultura. Também foram realizadas aplicações para lagartas Helicoverpa com infestações ao longo do ciclo da cultura”.

A posição da Fundação MT reforça o entendimento da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal (CDSV) do Ministério da Agricultura, em Mato Grosso, que há alguns meses vem defendendo que a prática da chamada ‘sojinha’ – segunda safra de soja – será um “tiro no pé” do próprio produtor que insistir nessa estratégia de produção agrícola.

Como explica o coordenador da CDSV/MT, Wanderlei Dias Guerra, o assunto é complexo e esbarra em um grande argumento dos próprios produtores que justificam a adesão à sojinha – como alternativa econômica entre as safras principais. O debate dentro do segmento agrícola está dividindo opiniões e deve virar tema de uma audiência pública. Conforme Dias, a audiência ainda não tem data para ser realizada, está cargo do deputado estadual Zé Domingos Fraga (PSD/MT), que fará a convocação. “Este assunto {a soja safrinha}, por sua importância, será colocado em pauta, brevemente, na Assembleia Legislativa e, lá, após ouvirem os especialistas – Daniel Cassetari Neto, Fabiano Siqueri, Valtemir Carlin, Cláudia Godoy e José Tadashi, que vou sugerir para que sejam convidados, bem como membros da Aprosoja/MT – não tenho dúvidas de que o assunto terá outro tratamento. Os deputados irão entender a gravidade da situação”.

Em função da baixa produtividade, da alta dos custos de produção, da intensificação do uso de inseticidas e fungicidas e por ser uma planta viva para alimentar e abrigar fungos e insetos em um período delicado do calendário agrícola, Dias defende a restrição do plantio de soja, em Mato Grosso, a partir de 31 de dezembro. “Não queremos cercear direitos de ninguém, se houver a proibição do plantio para além de 31 de dezembro, haverá exceções, como por exemplo, dos produtores de sementes”.

Em abril, Dias anunciou que a Comissão está estudando proibir o plantio de soja a partir de 31 de dezembro, no Estado, conforme antecipou o Diário. Como explicou, a intenção é colocar fim à soja sobre soja. O principal argumento para a restrição é a segurança fitossanitária local, ou seja, evitar que as plantas vivas se transformem em abrigo e alimento por longo período de fungos e insetos, como o causador da ferrugem asiática e a lagarta Helicoverpa armigera, respectivamente, como também evitar a multiplicação dos nematóides.

Diário de Cuiabá, 09/06//2014

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