MERCADO
‘Produtor está preocupado com a próxima safra’, constata diretor da Aprosoja
‘Produtor está preocupado com a próxima safra’, constata diretor da Aprosoja
Os produtores rurais matogrossenses deverão adotar postura cautelosa em relação à próxima safra de grãos. A opinião é do diretor da Aprosoja, Marcelo Duarte. Ele participou do evento realizado ontem à noite, quando proferiu palestra aos produtores que lotaram o auditório da Fundação Rio Verde.
Duarte acredita que a redução de preços e a manutenção dos custos de produção devem dar o ritmo no campo nos próximos meses. O diretor executivo lembrou que o setor vem de safras boas, conseguindo recorde na produção e bons preços na oferta, mesmo tendo os custos aumentados. “E aconteceu que os preços reduziram bastante e os custos se mantiveram. E a helicoverpa continua aí, o número de aplicações continua alto, os insumos continuam caros, a estrutura de operação continua cara. E isso fez acender uma luz amarela”, assinalou.
Durante o evento, Duarte citou que o produtor pode não conseguir alterar a política de preços praticada em Chicago, por exemplo, mas pode conseguir reduzir custos na produção. “E é isso que temos buscado falar aos produtores”, destacou.
Questionado sobre a influência que as eleições têm sobre a agricultura, o diretor da Aprosoja confirmou que existe em curto e longo prazo. As mudanças de câmbio e nas taxas de juros contribuem diretamente no ganho ou perda no momento de negociação da produção e na aquisição de insumos. Duarte explica que quanto maior o juro praticado pelo mercado, maior o custo capital do produtor. Em longo prazo, a influencia está condicionada às políticas públicas de infraestrutura. A definição de preços dos produtos que saem do campo depende do valor do frete, considerado um dos maiores gargalos do agronegócio. “Com certeza há muita influência”, pontua Duarte.
O produtor rural Gilberto Heberhardt, delegado da Aprosoja, confirmou a preocupação do segmento com necessidade de reduzir custo da produção. Uma delas, relacionado ao uso de defensivos agrícolas para controle de pragas. Nesse sentido, Gilberto cita a luta para conseguir a liberação para o uso nas lavouras. “Com isso, nós estamos nos preparando para o próximo plantio com um pouquinho de cautela”, afirmou.
O anúncio da duplicação da BR 163, a conclusão da pavimentação do trecho da rodovia federal em solo paraense e o início da implantação da Ferrovia de Integração do Centro Oeste são vistos como a redenção do setor produtivo. A possibilidade de exportar o que é produzido em Mato Grosso pelo porto de Miritituba, no Pará, pode mudar uma conjuntura que se projeta pouco favorável ao setor produtivo. “Isso abre a oportunidade de incrementar os nossos lucros”, acredita o produtor. “Acredito que a partir do próximo ano poderemos exportar milho e soja pelo norte. Hoje a maior dificuldade é a infraestrutura na logística”.
Expresso MT, 14/08/2014