MERCADO
Pragas e doenças das lavouras atraem investimento da Bayer no Brasil
Pragas e doenças das lavouras atraem investimento da Bayer no Brasil
Nesta quarta-feira, 4, foram inaugurados, em Paulínia (SP), dois laboratórios da Bayer CropScience, o de Monitoramento de Resistência a Fungicidas, Herbicidas e Inseticidas (FHI) e o Centro de Expertise em Agricultura Tropical (CEAT). Segundo Eduardo Estrada, presidente da Bayer CropScience na América Latina, hoje a agricultura mundial responde por um índice de produtividade de 58%, sendo que sem tecnologias aplicadas a sementes, controle de pragas e fertilizantes esse número não passaria de 30%.
Liam Condon, CEO global da companhia, reconhece que uma das maiores vantagens agrícolas do Brasil é a possibilidade de produzir o ano inteiro graças ao clima tropical. Mas é esse mesmo clima, úmido e quente, que favorece o desenvolvimento de pragas. Sem uma quebra de ciclo, elas apresentam desenvolvimento acelerado de resistência aos agroquímicos.
Como exemplo de produtos que precisam passar por revisão técnica no país porque já foi constatada resistência às suas fórmulas, Estrada citou aqueles usados para controlar a ferrugem da soja. Sobre o glifosato, ele disse que a experiência com o uso nos Estados Unidos e na Argentina deixou um aprendizado importante para o Brasil: como não perder suas moléculas com a mesma rapidez.
No laboratório de monitoramento de resistência da Bayer, em Paulínia, serão continuados estudos que já levam mais de 10 anos, principalmente, nas áreas de controle de pragas da soja, do milho e algodão. Com a estrutura montada, os técnicos ganham autonomia para realizar procedimentos que antes precisavam ser feitos na Alemanha. Rodrigo Guerzoni, gerente de desenvolvimento de fungicidas da Bayer CropScience, afirmou que hoje já é possível antever resistências que estão na iminência de surgir.
Para Guerzoni, além de acompanhar mutações e alterações na sensibilidade dos fungos, insetos e ervas daninhas, o papel das pesquisas é essencial para identificar falhas no controle de campo. “A resistência não é reflexo apenas do produto que está sendo usado, mas pode acontecer diante de uma aplicação inadequada ou de fatores externos como uma chuva que chega de repente”, explica. O Centro de Expertise em Agricultura Tropical foi inaugurado em conjunto com o laboratório de monitoramento para lidar com essa questão.
Primeira unidade de tecnologia de aplicação da Bayer fora da Alemanha, o CEAT conta com equipamentos que dão suporte para medir a eficiência da pulverização, demonstrar os efeitos da deriva e desenvolver novas formulações de agroquímicos. “Com investimentos no setor, conseguiremos aumentar o índice de acerto no nosso alvo, que são as pragas”, afirmou Estrada. No centro, técnicos das revendas receberão treinamento para instruir produtores sobre como aspergir corretamente defensivos na lavoura.
Kátia Abreu – De acordo com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em 1990 era identificada no Brasil uma nova praga a cada cinco anos. Em 2010, passaram a ser três por ano. “Isso mostra como temos que aprimorar nossas moléculas e nossas descobertas para acudir essa grande agricultura tropical”, disse a ministra durante a cerimônia de inauguração das unidades da Bayer.
Segundo ela, há registro no Mapa de 2.500 pragas que atacam grãos, frutas e demais produtos vegetais em todo o país. Outras 475 são consideradas quarentenárias, o que significa que precisam ser monitoradas mesmo não estando presentes em território nacional. “Usamos agroquímicos não porque gostamos de gastar um pouco mais produzindo alimentos; usamos como os humanos usam medicamentos: para combater pragas e doenças nos alimentos”, completou Kátia Abreu.
O investimento da Bayer nos laboratórios foi de aproximadamente R$ 31 milhões, dos quais 22 milhões só em 2015.
Portal DBO, 06/11/2015