USO E APLICAÇÃO

Sem prejudicar o meio ambiente, defensivos biológicos combatem as pragas de forma eficiente

Sem prejudicar o meio ambiente, defensivos biológicos combatem as pragas de forma eficiente


O mercado de defensivos agrícolas biológicos vem crescendo constantemente no Brasil. Segundo uma recente projeção da Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio), divulgada em novembro, a previsão é que as vendas desse setor subam entre 15 a 20% nos próximos meses.

A indústria de defensores (defensivos) biológicos conta com 51 empresas detentoras de registros no país. Há 118 produtos comerciais liberados, incluindo 36 emergenciais. Destes, 83 são “microbiológicos”, no caso, fungos, bactérias e vírus, e outros 35 “macrobiológicos”, como parasitas, predadores e parasitóides.

Apenas em 2015 foram registrados 20 novos produtos, um crescimento até agora de mais de 135% sobre a média dos últimos seis anos.

 

Cantuquiriguaçu

Na Cantuquiriguaçu, o método também é bastante utilizado. Em algumas propriedades, o uso dos defensivos biológicos já é praticado há pelo menos três décadas. Um dos exemplos é visto na propriedade do agricultor laranjeirense João Eurico Bianchini. “O baculovírus eu aplico há pelo 20 anos, como alternativa ao uso dos inseticidas químicos”, declara.

Estes tipos de vírus podem ser empregados como uma forma de manejo racional de pragas – principalmente da ordem Lepidoptera, uma classe de insetos muito diversificada que inclui as borboletas e mariposas – sem trazer danos ao meio ambiente.

“É importante a utilização do controle biológico justamente para não prejudicar a equilíbrio natural. Só uso os produtos químicos quando não tem outra opção”, afirma o agricultor, que cultiva soja, milho e feijão.

Neste ano, Bianchini está aplicando o Trichoderma, um fugo de ocorrência natural, que ajuda a inibir o crescimento de algumas doenças que atacam pelas raízes.

“Algumas pragas acabam se adaptando ao efeito do veneno, realizando a chamada Seleção Natural, que nada mais é que aprender a sobreviver e se desenvolver mesmo diante dos inseticidas”, explica o especialista na área de controle biológico e engenheiro agrônomo Renato Brancher.

Outro exemplo é encontrado em Porto Barreiro. Há 22 anos, o agricultor Jorge Mattoso enfrentou um grande problema de perda da produção de soja e milho devido ataque de percevejos. Ele fez o uso do controle biológico e desde então não tem mais tido prejuízo na produção desses alimentos. “Na minha plantação eu fui orientado a utilizar a vespinha, que ajuda a combater esse tipo de praga. E a diferença foi enorme”, disse.

 

Comércio

De acordo com o engenheiro agrônomo da Cooperativa Coprossel, Jeferson dos Santos, os produtores procuram cada vez mais os produtos biológicos, principalmente por causa do uso excessivo dos agroquímicos nas propriedades.

“O controle biológico é uma ótima opção para preservar os inimigos naturais, que precisam se manter vivos para combater as pragas que atingem as plantações. Os venenos agem de uma forma mais ampla, eliminando inclusive os benéficos, que naturalmente se alimentam das pragas e das lavouras”, afirma.

“Na região, os produtores acabam utilizando mais na soja, que é o grão mais plantado por aqui, entretanto, esses inseticidas naturais, podem ser aplicados em qualquer tipo de cultivo”, esclareceu.

Atualmente a cooperativa oferece toda a linha de produtos para controle biológico de insetos e fungos, e por meio da equipe técnica, orientam e fornecem aos produtores da região.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Pedro Faria Júnior, o rápido crescimento do mercado de defensivos biológicos se deve também a maior demanda da sociedade e também dos órgãos reguladores pela produção de alimentos sem resíduos. “Além de proporcionar uma agricultura sustentável, uma menor resistência das pragas se comparado aos defensivos químicos e o expressivo avanço tecnológico verificado na área, com o desenvolvimento de formulações mais eficientes e com maior vida de uso no campo”, declarou.

De acordo com o dirigente, o segmento foi favorecido ainda pelos recentes e graves problemas fitossanitários surgidos em algumas culturas no Brasil. “O exemplo mais marcante dessa situação foi o aparecimento da Helicoverpa armigera, uma nova praga que já causou enormes prejuízos aos agricultores brasileiros e cujo controle, economicamente viável, só foi conseguido graças à introdução de inseticidas microbiológicos e de insetos parasitoides no plano de manejo de pragas”, finalizou Faria Jr. 

 

Correio do Povo do Paraná, 07/12/2015

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