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Liberação de pré-custeio é criticada em Mato Grosso

Liberação de pré-custeio é criticada em Mato Grosso


Em 1° de fevereiro foram liberados R$ 10 bilhões para pré-custeio da safra 2016/2017 pelo Banco do Brasil. Os recursos são destinados à aquisição antecipada de insumos para a safra de verão, com plantio a partir de setembro. No início deste mês, o presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Henrique Mazotini, afirmou que os recursos estavam “sendo liberados a conta-gotas”. O Banco do Brasil, principal parceiro do governo na concessão de crédito agrícola, negou a acusação. Segundo seu vice-presidente de Agronegócios, Osmar Dias, de 1° de fevereiro a março foram liberados R$ 636,2 milhões em crédito para pré-custeio pelo BB, de um total de R$ 1,8 bilhão em análise. O Portal DBO consultou as federações da agricutura dos principais estados produtores para saber como anda a situação.

“A liberação está andando, mas o que atrapalha um pouco é a burocracia. O importante é que as regras sejam claras e não mudem no meio do caminho”, disse o assessor técnico da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), Cristiano Palavro. De acordo com as informações que obteve junto a produtores e projetistas, as mudanças na concessão de crédito para esta safra são técnicas, como a exigência de mapas mais detalhados das fazendas. Para Palavro, é natural que em ano de crise o crédito não seja liberado todo de uma vez, até porque os recursos são limitados. “O produtor que apresentar seu projeto primeiro provavelmente terá mais agilidade na aprovação do pré-custeio. Então, vale a pena ele se planejar, mesmo que ainda não tenha quitado contratos anteriores. A liberação, claro, só vai sair depois, mas o projeto pode ir sendo encaminhado”. No pós-colheita da soja, a tendência é que a corrida por crédito fique mais acirrada, já que o produtor terá dinheiro em caixa para pagar débitos anteriores.

Em Mato Grosso não faltaram reclamações. De acordo com Frederico Azevedo, gerente de Relações Institucionais da Aprosoja, o Banco do Brasil tem atrelado a venda de seguro rural à concessão do pré-custeio. “Essa prática é ilegal. O produtor que quiser pode adquirir o seguro, mas não pode ser forçado a contratar para ter acesso ao crédito”, diz. “Em ofício do Banco do Brasil encaminhado à Aprosoja consta que, no Mato Grosso, 63% dos produtores agrícolas que conseguiram a liberação do pré-custeio contrataram também o seguro rural”. Segundo Azevedo, no Estado, o seguro é visto mais como um custo do que como um benefício. “Temos muitas especificidades que não são contempladas nos seguros. A seca é importante por aqui, o excesso de chuvas em algumas regiões, mas não as geadas. No Estado, também enfrentamos a variação de preço do nosso produto por estarmos longe dos portos e a maioria dos seguros é agrícola (climático), sem cobertura de faturamento”, exemplifica. Para quem decide contratar o serviço por vontade própria, a recomendação da Aprosoja é que o produtor leia atentamente as cláusulas do contrato, entenda como acionar o seguro e tenha claro o que ele cobre e em quais circunstâncias. “O seguro é uma ferramenta importante que o produtor deve buscar como forma de se prevenir de um risco. O que não adianta é vir uma grande chuva, a produção ficar embaixo d’água e só depois ele descobrir que não tinha direito a indenização por perda de qualidade”, afirma o gerente da Aprosoja.

Outro problema levantado em Mato Grosso é a resistência dos bancos em aceitar o penhor de safra como garantia de que os produtores irão pagar seu financiamento. “O BB tem pedido garantias reais, hipoteca de 1° grau para conceder crédito, e dá para entender que tenha cautela, mas estamos falando de um setor com baixa inadimplência e que vem honrando seus compromissos”, completa.

Em Mato Grosso do Sul a concessão de crédito acontece normalmente, segundo Justino Mendes, gestor do Departamento Técnico do Sistema Famasul. “Até o momento, foram contratados R$ 91 milhões para pré-custeio da safra de soja pelo Banco do Brasil no Estado, não tendo sido registradas dificuldades entre os produtores para acessar o recurso”, afirma Justino. Para negociar fertilizantes, agroquímicos e sementes a melhor preço, o gestor da Famasul orienta o produtor rural a não deixar a busca por crédito para a última hora. “A vantagem de procurar os bancos agora é que historicamente os insumos estão mais acessíveis e o volume de compra é menor”, diz, o que reflete de forma positiva nos custos de produção.

 

Portal DBO, 15/03/2016

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