USO E APLICAÇÃO
Armadilha adesiva detecta até 90 vezes mais psilídeos do que método visual em áreas com controle químico
Armadilha adesiva detecta até 90 vezes mais psilídeos do que método visual em áreas com controle químico
O controle do psilídeo Diaphorina citri é uma das recomendações que compõem o chamado tripé de manejo do HLB (huanglongbing/ greening) – as outras duas são o plantio de mudas sadias, oriundas de viveiros certificados, e a eliminação de plantas doentes, nas quais o inseto se alimenta, adquire a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus e a transmite para plantas sadias.
Portanto, o monitoramento da população de psilídeo nos pomares é fundamental para a eficiência do controle. É o monitoramento, afinal, quem indica os pontos de entrada, ou seja, as áreas mais críticas, e o momento adequado de pulverizar.
Estudos coordenados pelo pesquisador do Fundecitrus Marcelo Miranda compararam a armadilha adesiva com outros métodos de monitoramento, como a batida (tap, em inglês, praticada nos pomares da Flórida, nos Estados Unidos), o sugador motorizado (espécie de aspirador de pó, usado especialmente no Vietnã, no sul da Ásia), a rede entomológica (conhecida como puçá) e o visual (que consiste na observação de ramos com ou sem o auxílio de lentes de aumento).
Miranda diz que em alguns experimentos em pomares com controle químico rigoroso, que recebem pulverizações frequentemente, só a armadilha detectou a presença do psilídeo. Segundo o pesquisador, isso ocorre porque os demais métodos estimam a presença do inseto somente no momento da inspeção. Consequentemente, em áreas com alta frequência de aplicação, os psilídeos, após contato com a planta tratada, podem morrer antes de serem visualizados pelos inspetores. A armadilha, por sua vez, é um método de coleta constante. “Em áreas onde o HLB está presente e o controle químico do psilídeo é necessário, a armadilha adesiva amarela é o método mais confiável para detectar o inseto”, afirma Miranda.
“E quanto mais intenso for o controle, maior será a eficiência da armadilha em relação aos outros métodos”, completa. Na comparação com o método visual, a armadilha capturou até 90 vezes mais psilídeos em áreas com controle quinzenal e 82 vezes mais psilídeos em áreas com controle mensal.
“Nessas áreas, além de capturar maior quantidade de insetos, a armadilha também apresentou maior frequência de detecção, ou seja, no total de avaliações, a armadilha detectou a presença do psilídeo em 50% das ocasiões, enquanto a inspeção visual o fez em somente 5%”, diz Miranda.
Mas capturá-los é uma coisa. E identificá-los é outra. Essa eventual dificuldade decorre da grande quantidade de insetos, de variadas espécies, apanhados nas armadilhas, que ficam lotadas. Em alguns casos, a detecção depende da dedução: muitas vezes, quando o inspetor recolhe a armadilha, ele encontra apenas a asa do psilídeo.
Portanto, para detectá-los nas armadilhas é preciso estar treinado e fazer a reciclagem no mínimo uma vez por ano. A equipe de extensão do Fundecitrus organiza esses treinamentos regularmente. Um estudo de 2014 do engenheiro agrônomo André Leonardo para o Mestrado Profissional do Fundecitrus – MasterCitrus mostrou que a precisão na identificação aumenta em até 47% depois de treinamentos que ensinam a fazer a detecção e dão orientações úteis para a leitura das armadilhas. A mesma pesquisa também revelou que as leituras realizadas nos escritórios são mais apropriadas do que as realizadas no campo.
Grupo Cultivar, 21/06/2017