ENTREVISTA
Professor Pedro Takao Yamamoto da Esalq fala sobre controle biológico para Citros
Pedro Takao Yamamoto é professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, ESALQ/USP, responsável pela área de Manejo Integrado de Pragas. Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
1. Surgido na Ásia há mais de cem anos e identificado no Brasil em 2004, o Huanglonbbing (HLB) ou Greening é considerada a pior doença para a cultura de citros, onde não há variedades comerciais de copa ou porta-enxerto resistente a essa doença além de não ser possível tratar as plantas contaminadas. Atualmente, como é feito o controle dessa doença ou do vetor psilídeo Diaphorina citri na cultura de citros? Qual é a eficiência desse(s) controle(s)?
Resp. O controle da doença é feito pela eliminação das plantas sintomáticas, realizado após vistoria nos pomares, e por meio do controle do vetor, realizado mediante aplicação de inseticidas. A eliminação de plantas é importante para o manejo da doença e de ser realizado rotineiramente nas propriedades, tanto dentro das unidades de produção como nas áreas adjacentes, mesmo que não sejam propriedades comerciais de citros, mas que tenham plantas cítricas ou de murta, hospedeiro da bactéria e do inseto vetor, que servem de inóculo da bactéria e local de criação do psilídeo, o inseto vetor. O controle do psílideo, embora seja até eficiente, não consegue eliminar o inseto completamente e alguns, mesmo contaminados com inseticidas, ainda conseguem transmitir a bactéria, por isso, mesmo em propriedades com controle rigoroso do inseto e eliminação de plantas ainda se detecta a presença de plantas sintomáticas.
2. Na sua visão, como está o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas de novos defensivos para o mercado nacional, sejam eles químicos ou biológicos? Existem parcerias com as grandes empresas de defensivos para suportar essas pesquisas?
Resp. Há pesquisas no sentido de encontrar inseticidas químicos e biológicos para controle do inseto vetor, com parcerias do setor de pesquisa com grandes empresas. Existem novos inseticidas químicos e biológicos chegando ao mercado, o que pode auxiliar no manejo do HLB. Contudo, para a viabilização de um manejo mais eficiente, há necessidade de diminuição do inóculo, com a eliminação das fontes de inóculos.
3. Em qual região e cultura de citros (Laranja, limão, tangerina) há maior incidência do psilídeo Diaphorina citri registrado no Brasil? Você tem conhecimento da incidência em outros países?
Resp. O psiíldeo ocorre em todas as regiões produtoras de citros de São Paulo e é encontrado em outras regiões produtoras do Brasil. As condições de São Paulo, são propicias ao desenvolvimento com exceção de algumas regiões, no período de inverno, em que o desenvolvimento é prejudicado. Mas, de maneira geral, assim como a doença, o inseto vetor pode se desenvolver em todas os estados brasileiros e outros países. Nas américas, com exceção de poucos países, Canadá é um exemplo, o inseto ocorre em todos os outros e na maioria já existe relato da ocorrência da doença.
4. O mercado de defensivos biológicos aos poucos vem ganhando espaço no cenário mundial. Quais são os principais controles biológicos encontrados no Brasil para o combate de pragas na cultura de citros? Como estão as pesquisas desenvolvidas dessa área?
Resp. Em citros, assim como nas demais culturas, o controle biológico vem ganhando espaço e aumento de perspectivas de uso. Na atualidade tem se utilizado o parasitoide Tamarixia radiata para controle do psilideo em citros, com laboratórios de criação mantidas por entidades públicas e, principalmente, privadas. É um exemplo do setor privado investindo em controle biológico. Outra opção que estará disponível em breve para uso em citros é o fungo Isaria fumosorosea, outra alternativa aos químicos para o manejo do psilídeo. Pelo elevado número de aplicações de inseticidas em citros, não é possível a utilização de algumas opções de agentes de controle biológico, mas de maneira geral tem aumentado em citros.
5. As vendas de defensivos tiveram queda nos últimos anos e um dos motivos foi a redução na incidência de algumas pragas. Como você vê o mercado de defensivos para 2018 levando em conta o potencial de incidência de pragas no ano e também as questões climáticas?
Resp. A incidência de pragas está relacionada ao clima, podendo aumentar ou diminuir a suas incidências ao longo do ano. Há uma tendência e previsão de inverno mais frio, o que pode diminuir a incidência de pragas e retardar o início das infestações de pragas na primavera/verão, o que pode ocasionar a diminuição do uso de defensivos. Mas, esse prognóstico é meramente especulativo.
Equipe Global CropProtection, 24/05/2018
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