COLUNISTAS

Planejamento agrícola exige mais do que tradição: como dados podem transformar decisões técnicas ao longo da safra


Ricardo Balardin, engenheiro agrônomo, PhD e CRO da DigiFarmz.

A próxima safra começa agora. Não com o barulho das semeadoras, mas com o silêncio da análise e da estratégia. É entre uma colheita e outra que o produtor rural começa a construir os resultados da temporada seguinte: escolhendo cultivares, ajustando janelas de plantio, avaliando riscos fitossanitários e definindo estratégias de manejo que podem representar a diferença entre uma margem apertada e uma colheita de alta performance.

Mas, se por um lado o agricultor conhece o ritmo do campo, por outro enfrenta uma realidade cada vez mais complexa. Nem sempre a cultivar que teve bom desempenho no último ano será a melhor para o próximo. O clima muda, o histórico da área muda, a pressão de doenças muda. Mesmo decisões aparentemente simples, como a data de semeadura, podem gerar impactos significativos na interação entre planta, ambiente e manejo.

É nesse cenário que cresce a busca por soluções que apoiem decisões técnicas mais precisas ao longo de todo o ano agrícola, e não apenas em momentos pontuais da safra.

12 meses de decisões técnicas — e nenhuma delas é trivial

Uma safra de alta performance não se constrói apenas no plantio. Ao longo de 12 meses, o agricultor precisa tomar decisões técnicas que, interligadas, impactam diretamente a produtividade e a rentabilidade do sistema de produção. Entre elas:

1. Escolha da genética

A definição da cultivar deve levar em conta o ambiente de produção, o histórico do talhão, a resposta fisiológica da planta ao longo da janela de plantio,  tipo de solo e sistema de manejo. Genéticas com ótimo desempenho em uma condição podem ter dificuldade de adaptação em outra.

2. Definição da janela de semeadura

Plantios fora da janela recomendada podem reduzir o potencial produtivo, expor a lavoura a riscos climáticos ou comprometer o ciclo da cultura seguinte, especialmente em sistemas de rotação.

3. Planejamento e execução do manejo

Fungicidas, nutrição, uso de adjuvantes, inoculantes e reguladores de crescimento — todas essas decisões estão alinhadas ao potencial produtivo da área e às condições da safra. Aplicações fora de hora, ou sem necessidade, aumentam o custo e não permitem retorno.

  1. Avaliação pós-safra

Comparar resultados por genética, por ambiente, por estratégia e por época de plantio é essencial para construir uma base sólida de planejamento para o próximo ciclo — algo que muitas vezes é deixado de lado ou feito de forma intuitiva.

Planejar com dados, decidir com inteligência

Nos últimos anos, tecnologias baseadas em dados têm ganhado força no campo justamente por oferecerem suporte técnico estruturado ao longo de todas essas etapas. Combinando informações climáticas, modelos preditivos, dados agronômicos e histórico da propriedade, essas ferramentas ajudam produtores e agrônomos a tomar decisões baseadas em evidências agronômicas, não apenas em experiências anteriores ou recomendações genéricas.

Esse tipo de abordagem tem se mostrado especialmente valiosa em contextos de alta variabilidade climática e de pressão por maior eficiência técnica e econômica.

Como a DigiFarmz tem apoiado esse processo

Uma das soluções que atua nesse modelo é o DigiFarmz Cropper, solução desenvolvida pela agtech DigiFarmz, com sede no Brasil e nos Estados Unidos. A proposta da ferramenta é justamente auxiliar o produtor ao longo de todo o ciclo agrícola, oferecendo recomendações técnicas personalizadas para:

  • Escolha da genética mais adequada para cada circunstância edafoclimática;
  • Definição da melhor época de semeadura com base no ambiente de produção;
  • Ajuste fino do manejo de fungicidas, adjuvantes e demais tecnologias aplicadas durante a safra;
  • Avaliação técnica dos resultados obtidos após a colheita, alimentando decisões futuras.

A ferramenta vem sendo utilizada por produtores de diferentes regiões do Brasil, Paraguai e Estados Unidos. Com o uso contínuo, os dados gerados a cada safra se tornam ainda mais precisos, permitindo ao usuário entender como suas decisões impactam os resultados e como podem ser aprimoradas no ciclo seguinte.

Além disso, o modelo favorece a recorrência no uso da solução, permitindo que ela atue de forma integrada com o calendário da lavoura, oferecendo valor desde o planejamento até o pós-colheita.

Do intuitivo ao estratégico

No cenário atual do agronegócio, onde a margem de erro é cada vez menor, ferramentas que apoiam a tomada de decisão de forma técnica e contextualizada tornam-se essenciais. Mais do que adotar uma tecnologia, trata-se de adotar uma nova lógica de produção agrícola: baseada em dados, conectada à realidade do campo e orientada por resultados.

 

Ricardo Balardin

CSO & Founder da DigiFarmz

Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia/Fitopatologia e Ph.D. pela Michigan State University

Tags

Notícias Relacionadas

Close