COLUNISTAS

Safra 24/25 a Caminho com Grande Oferta de Grãos

BOLETIM AGRO30


Prof. Dr. Marcos Fava Neves

Vinicius Cambaúva

Beatriz Papa Casagrande

 

Reflexões dos fatos e números do agro em julho/agosto e o que acompanhar em setembro

Na economia mundial e brasileira, em mais uma atualização do Banco Central para os indicadores mais relevantes da economia nacional, o Boletim Focus publicado no dia 19/08 estimou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,22% para 2024 e 3,91% em 2025 (alta mensal para ambos). Já o PIB, foi projetado com um crescimento de 2,23% neste ano (alta mensal) e 1,89% no próximo (queda). O câmbio deve fechar 2024 em R$ 5,31, praticamente a mesma cotação esperada para o término de 2025, em R$ 5,30 (valorização mensal em ambos). Por fim, a expectativa da taxa Selic é de 10,50% no ano corrente (manutenção) e de 10,0% no seguinte (alta).

No agro mundial e brasileiro, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), em seu cálculo do índice de preços dos alimentos a nível mundial, divulgou que o indicador ficou em 120,8 pontos em julho. O valor ficou ligeiramente abaixo do observado em junho (120,6 pontos) e 3,1% menor do registrado no mesmo período há um ano. A queda foi por conta, principalmente, aos preços dos cereais (-3,8%) com a pressão da colheita favorável de trigo no Canadá e Estados Unidos, aliada ao ritmo acelerado de colheita do milho no Brasil e Argentina. Enquanto isso, os óleos vegetais valorizaram (+2,4%) devido a firme demanda e oferta menor que a esperada na Indonésia do óleo de palma, alta demanda por biocombustíveis nas Américas puxando o óleo de soja para cima e menores perspectivas de safra nos principais produtores de óleo de girassol e canola. As carnes também aumentaram (+1,2%), refletindo a forte importação e queda sazonal na produção da Oceania para as carnes ovina e bovina, em conjunto com a demanda aquecida do Oriente e Norte da África pela carne de frango em meio a surtos de gripe aviária em algumas regiões. Mantendo a valorização, os preços do açúcar (+0,7%) foram impulsionados pela menor produção e preocupações com o clima no Brasil, superando a melhora das chuvas na Índia e Tailândia. Por fim, os laticínios ficaram com o índice inalterado.

A safra 2023/24 de grãos está terminando. No penúltimo (11º) levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção brasileira foi estimada em 298,6 mi de t (era 299,3 mi de t na previsão do mês anterior), o que representa 6,6% ou 21,2 mi de t abaixo do registrado em 2022/23, mas continua sendo a 2ª maior safra já colhida no Brasil. Para a área, a projeção continua sendo de 79,7 mi de ha (1,18 mi de ha ou 1,5% acima da última temporada) com os maiores crescimentos na soja, gergelim e algodão, em contraste com a redução no milho.

No milho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que já estima a safra 2024/25, reduziu a oferta global em 5 mi de t no relatório de agosto, agora estimada em 1,219 bilhão de t, 0,3% menor do que no ciclo passado. Nos Estados Unidos, maior produtor, o USDA ampliou a oferta no comparativo com o último mês, para 384,7 milhões de t, 1,3% inferior ao ciclo passado. Para a China, 2º maior produtor, não houve alteração na estimativa de produção, sendo mantida em 292,0 milhões de t (+1,1%). No Brasil e Argentina, onde a safra ainda não foi iniciada, a projeção segue em 127,0 (+ 4,0%) e 51,0 (+ 0,2%) milhões de t, respectivamente. Os estoques finais de milho devem somar 310,2 milhões de t, 0,5% superior a 2023/24.

No Brasil, a Conab fez um leve ajuste para baixo na estimativa produção de milho em 2023/24: de 115,9 (julho) para 115,6 (agosto) milhões de t. A produção do cereal deve ser 12,3% inferior ao ciclo passado, sendo que a colheita está segmentada em: 23,0 milhões de t na 1ª safra (- 16,1%); 90,3 milhões de t na 2ª safra (- 11,8%); e 2,4 milhões de t na 3ª safra (+ 11,5%). Com a safra já na reta final, a área de milho ficou estimada em 21,0 milhões de ha (- 5,9%), 28,9% do total cultivado com grãos no país. A Conab indica que a colheita do milho 2ª safra alcançou 94,7% de progresso até 11 de agosto, bastante acima dos 72,4% no mesmo período do ano passado, o que permite maior janela para preparo dos agricultores para a safra verão que se aproxima. Mato Grosso, Tocantins e Piauí já concluíram a colheita, enquanto Goiás alcançou 93,0%; o Paraná, 92,0%; Mato Grosso do Sul, 90,0%; Minas Gerais, 76,0% e São Paulo está com 70,0% de progresso. Todos os estados recém citados estão com progresso avançado no comparativo com a safra passada.

Nos Estados Unidos, o USDA indica que a safra 2024/25 de milho estava nas seguintes condições até o dia 18 de agosto: média em 7,0% (2023: 10,0%); boas em 22,0% (2023: 27,0%); e excelentes em 16,0% (2023: 11,0%). Em geral, as lavouras estão com desenvolvimento bem semelhante ao do ciclo anterior, com leve superioridade. Vamos acompanhar este final de ciclo e o início da colheita. No fechamento da nossa coluna, o contrato de dez/24 do milho na Bolsa de Chicago estava cotado em US$ 3,986/bushel, queda mensal de 2,7% (em 22/07, estava em US$ 4,096/bushel).

Na soja, o 4º relatório do USDA trouxe grandes mudanças para a produção em 2024/25: em julho, a estimativa era de 421,9 milhões de t e foi a 428,7 neste mês, volume adicional de 6,8 milhões de t. Com isso, a próxima safra global deve crescer 8,5%. O ajuste para cima veio, principalmente, em vista das boas condições das lavouras americanas, o que elevou a estimativa da oleaginosa por lá: foi a 124,9 milhões de t; 4,2 milhões de t adicionais em um mês ou 10,2% superior ao ciclo passado. No Brasil, maior produtor e onde a safra ainda não foi iniciada, a estimativa é de 169,0 milhões de t, 10,4% maior. Já a Argentina deve entregar 51,0 milhões de t (+ 4,0%). Ao final do ciclo, o USDA estima que os estoques ficarão em 134,3 milhões de t, alta de 19,6% no comparativo com 2023/24. Em suma, muita soja a caminho, o que indica que não deveremos ver uma reação dos preços no curto/médio prazos.

No Brasil, onde ainda a safra 2023/24 está em conclusão, o volume de soja foi mantido pela Conab em 147,4 milhões de t, 4,7% inferior a 22/23. Já a área ficou em 46,0 milhões de ha, crescimento de 4,4%. Vale destacar que estamos falando da soja plantada no final do ano passado e colhida no início desse ano; ou seja, números já fechados há alguns meses. Vamos avaliar os números de 2024/25, que devem até o próximo mês.

Nos Estados Unidos, as lavouras de soja estão apresentam condições melhores do que as do ciclo passado. Segundo o USDA, até 18 de agosto, o status era o seguinte: condições médias em 24,0% (2023: 28,0%); boas em 54,0% (2023: 49,0%); e excelentes em 14,0% (2023: 10,0%).

Em Chicago, os preços da soja seguem “derretendo” após as atualizações de maior oferta em 2024/25. No comparativo com o mês passado, o contrato de set/24 registrou queda de 13,2%: estava em US$ 11,08/bushel em 22/07 e foi a US$ 9,62/bushel em 20/08. “Aproveitar” a alta recente do câmbio é essencial para travar os preços e evitar prejuízos ainda maiores. Trabalhar a gestão de risco é indispensável neste ano.

No algodão, o USDA reduziu a estimativa da oferta global no relatório de agosto, referente a safra 2024/25: era de 26,2 milhões de t (julho) e foi a 25,6 milhões de t (agosto); 600 mil t a menos; ainda assim, 3,6% superior ao ciclo passado. O principal ajuste veio para os Estados Unidos, onde as condições das lavouras seguem em níveis menores, e a produção foi revista de 3,70 para 3,28 milhões de t de um relatório ao outro. Com esse reajuste, o Brasil reassume a 3ª posição no ranking global de produção, com oferta prevista de 3,63 milhões de t (+ 14,5%). China, maior produtor, segue com oferta prevista de 5,98 milhões de t (+ 0,5%); e Índia, 2º colocada, deve entregar 5,44 milhões de t (- 6,5%). No comércio internacional, o Brasil exportar 2,72 milhões de t da pluma (+ 1,5%), enquanto os americanos irão vender 2,61 milhões de t (+ 1,9%). Os estoques finais de algodão, ao final de 2024/25, ficarão em 16,9 milhões de t, alta de 2,4% no comparativo entre safras.

No Brasil, a Conab manteve a estimativa de produção do algodão (2023/24) em 3,64 milhões de t, mesmo valor do último relatório e 14,8% maior do que o ciclo passado. A área de algodão no país foi estimada em 1,94 milhões de ha, 16,9% maior do que 22/23. Chama atenção uma leve queda na produtividade, que foi a 1.874 t de pluma neste ciclo (- 1,7%).

Até 11 de agosto, a Conab estima que 55,3% das áreas de algodão no país haviam sido colhidas, contra 55,2% no mesmo período do ano passado; praticamente igual. O estado com progresso mais avançado é o Mato Grosso do Sul com 88,0% (2023: 76,0%); seguido de Goiás com 77,0% (2023: 73,0%); e de Minas Gerais com 68,0% (2023: 58,0%). Nos maiores produtores, Mato Grosso e Bahia, o avanço é de 53,4% (2023: 51,8%) e 55,0% (2023: 61,7%), respectivamente. 44,3% dos campos encontravam-se em maturação no início de agosto.

Já a safra americana (2024/25) apresentava as seguintes condições até 18 de agosto: médias em 32,0% (2023: 21,0%); boas em 35,0% (2023: 27,0%); e excelentes em 7,0% (2023: 6,0%). Apesar da avaliação estar melhor do que a do ciclo passado, os percentuais são inferiores a soja/milho e abaixo do esperado pelos produtores.

O contrato de dez/24 do algodão na Bolsa de Chicago estava cotado em 69,29 centavos de dólar por libra-peso na data de fechamento da nossa coluna (20/08); 2,5% inferior ao mês passado (71,06 cts/lb).

Nas demais cadeias, olhando para as culturas de inverno, a produção estimada pela Conab ficou em 10,6 mi de t (era 10,8 mi de t no último mês). Esse total é 10,0% maior do que o registrado no ciclo passado, com destaques para o trigo com 8,8 mi de t (+9,1%) e a aveia com 1,1 mi de t (+9,9%). No progresso em campo, o plantio dessas culturas já foi completamente finalizado. Para o trigo, as lavouras se encontram: 0,8% em emergência; 54,2% em desenvolvimento vegetativo; 12,4% em floração; 15,0% em enchimento de grãos; 11,0% em maturação; e 6,5% já foram colhidos até o dia 11/08, o que indica um ritmo acelerado nas operações (era 3,6% no mesmo período de 2023) dos estados: GO (78,0%), MG (60,0%) e MS (18,0%).

As exportações do agronegócio brasileiro acompanhadas pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa), registraram um recorde histórico para julho. A receita chegou a US$ 15,4 bi, configurando um crescimento de 8,8% frente ao mesmo mês de 2023.

Os 5 setores que mais contribuíram para esse resultado (com representação de 82,5% nas exportações totais) foram, em ordem: o complexo soja com US$ 6,0 bi vendidos (+0,2% no comparativo anual), em grande parte por conta do aumento nas exportações de soja em grãos para a China. Em seguida, as carnes acumularam US$ 2,4 bi em vendas externas no mês (+ 19,2%) com destaque para a carne bovina que registrou recordes em receita com US$ 1,14 (+ 34,0%) e em volume com 265,7 mil t (+ 43,9%). A 3ª posição foi do complexo sucroalcooleiro que vendeu US$ 1,8 bi (+ 7,5%). Já o 4º lugar ficou com os produtos florestais que contribuíram com um montante financeiro de US$ 1,6 bi (+ 35,4%), seguidos do café que acumulou vendas de US$ 913,7 mi (+57,2%). O último obteve um crescimento expressivo por conta da redução nas ofertas do Vietnã e Indonésia pelo fenômeno El Niño desde o final de 2023.

As importações de produtos agropecuários também registraram um crescimento expressivo em julho deste ano, atingindo US$ 1,74 bi (+25,4%), em comparação aos US$ 1,39 bi observados no mesmo mês de 2023, marcando um novo recorde na série histórica. Além disso, as importações de insumos para o agronegócio também cresceram: as compras de fertilizantes foram 22,5% maiores, enquanto os produtos de nutrição animal tiveram um acréscimo de 12,4%.

No 1º semestre de 2024, o Brasil exportou 491,8 mil t de frutas, uma queda de 7,6% em relação ao mesmo período de 2023, conforme o 8º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) da Conab. Apesar da redução no volume, o faturamento aumentou 3,7%, alcançando US$ 628,9 mi, devido ao valor agregado das frutas. A Abrafrutas projeta que o 2º semestre verá um aumento nos embarques de frutas como manga, melão e melancia, com expectativa de crescimento no faturamento e no volume exportado até o final do ano.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária deve fechar 2024 em R$ 1,193 trilhão, 0,4% inferior do que fora registrado em 2023 (R$ 1,198 tri), mas 3,2% maior do que o de 2022 (R$ 1,161 tri); valores já corrigidos. As lavouras devem entregar renda de R$ 810,6 bilhões (- 2,9%), com destaques para: soja com R$ 281,5 bilhões (- 17,5%); milho com R$ 122,9 bilhões (- 15,1%); e cana-de-açúcar com R$ 118,1 bilhões (+ 1,8%). Já as cadeias da pecuária devem somar valor da produção de R$ 383,1 bilhões (+ 5,5%), com destaques: bovinos, R$ 138,3 bilhões (- 4,8%); frango com R$ 99,0 bilhões (+ 7,0%); e leite com R$ 62,9 bilhões (- 3,4%).

O Indicador de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) para agricultores brasileiros atingiu 1,11 em julho, seu menor nível desde outubro de 2022, conforme dados divulgados pela Mosaic. Esse valor ilustra uma diminuição no poder de compra dos adubos pelos produtores, que enfrentam preços mais altos de fertilizantes e cotações mais baixas das commodities agrícolas. Além disso, as entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro caíram 10,1% em maio de 2024 em comparação com maio passado. No acumulado (jan-mai), as entregas somam 14,2 mi de t (-1,8%), conforme dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

Os modelos climáticos inicialmente indicavam uma rápida transição do El Niño para o La Niña, com uma breve fase de neutralidade. No entanto, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) agora indica que o período sem eventos climáticos extremos deve estender por mais alguns meses, adiando o impacto do La Niña para setembro. Além disso, o fenômeno deve ser de curta duração, começando a perder força no início de 2025. Quanto a intensidade do fenômeno, ainda é incerta, com previsões variando entre intenso e moderado. O La Niña pode causar mais chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e seca no Sul. Enquanto isso, o atraso na ocorrência do fenômeno pode resultar em seca persistente na Amazônia, ao passo que o Centro-Sul pode se beneficiar com um período úmido antecipado para meados de setembro, o que ajudaria no pré-plantio da soja.

O Mapa anunciou duas novas aberturas de mercado para produtos agrícolas brasileiros. O Panamá agora permitirá a importação de carnes e miúdos de aves e suínos do Brasil. Já a Angola, abriu seu mercado para ovinos e caprinos vivos destinados à reprodução, além de material genético desses animais. Nos primeiros sete meses de 2024, o Brasil exportou mais de US$ 55,0 mi para o Panamá, incluindo produtos florestais e cereais. Para Angola, as exportações brasileiras somaram mais de US$ 211,0 mi, principalmente em carnes e produtos sucroalcooleiros. Com essas adições, o Brasil alcança 99 aberturas de mercado em 2024.

Nos últimos meses, os preços dos fretes de contêineres chegaram perto dos altos níveis registrados durante a pandemia, reflexo de fatores como ataques a navios no Mar Vermelho e desvios de rotas maiores, aumentando o tempo e o custo das viagens. No Brasil, a capacidade portuária foi afetada por interdições e reformas em terminais importantes. Além disso, a demanda por importações no Brasil aumentou e certos congestionamentos em centros de abastecimento, bem como a demanda por combustíveis menos poluentes também contribuem para essa situação. Apesar de alguns sinais de alívio nos portos, a pressão sobre os preços dos fretes deve continuar, especialmente com a chegada da temporada de pico e o aumento das safras.

O consumo de diesel B (misturado com biodiesel) no Brasil deve atingir 67,1 bi de litros em 2024, um aumento de 2,4% em relação a 2023, impulsionado por vendas maiores no 1º semestre, segundo a consultoria Stonex. O crescimento foi impulsionado pela alta demanda por fretes e bom desempenho das exportações de produtos agrícolas. Enquanto isso, o consumo de diesel A (puro) deve permanecer estável, com uma leve queda de 0,3%, limitado pelo aumento da mistura de biodiesel no diesel B. A produção doméstica de diesel nas refinarias brasileiras aumentou 3,9% na 1ª metade do ano, e as importações subiram 3,4%. Com isso, a demanda por biodiesel foi revisada para cima em 9 bi de litros, representando um acréscimo de 21,2%.

E para fechar a nossa seção de análise do agro, seguem os preços dos principais produtos do setor na data de fechamento da nossa coluna. A soja, considerando entrega em cooperativa do estado de São Paulo, estava cotada em R$ 121,60/sc (60kg), sendo que a negociação futura, no contrato de mar/25, estava em R$ 111,80/sc. No milho, o preço físico na mesma localidade era de R$ 57,00/sc, enquanto o contrato de mar/25 (Bolsa B3) girava em R$ 68,16/sc. Os preços do algodão (base Esalq) estavam em R$ 132,92/@. Demais produtos do setor, considerando o Cepea/Esalq como fonte, apresentavam as seguintes cotações: café arábica em R$ 1.428,43/sc (60kg), alta mensal de 1,0%; o trigo Paraná em R$ 1.534,75/t, baixa mensal de 0,3%; a laranja para indústria tinha caixa (40,8 kg) cotada em R$ 81,69, 1,7% menor do que o último mês; e o boi gordo em R$ 233,45/@, leve alta mensal de 0,4%.

 

Os cinco fatos do agro para acompanhar em setembro são:

  1. Acompanhar a cotação do dólar e evolução do câmbio. No fechamento da nossa coluna, o câmbio estava em R$ 5,46 (19/08), mas chegou a R$ 5,75 (01/08). Os produtores que seguiram a nossa recomendação e travaram a produção, aproveitaram a alta para ter melhores ganhos. A tendência é de queda agora, mas os ambientes seguem confusos, podendo voltar a subir em algum momento.
  2. Andamento na safra nos EUA: em geral, as culturas seguem bom desenvolvimento e a oferta está cada vez mais consolidada. Já estamos entrando na reta final da safra e é pouco provável grandes perdas agora.
  3. Previsões para o clima e os efeitos da transição para o La Niña, o que tem afetado diretamente culturas como a cana-de-açúcar, citrus, café; e pode afetar os grãos de 2024/25, causando atraso no plantio. Vale lembrar também dos eventos recentes de geadas e alta amplitude térmica, o que afeta diretamente a produtividade de alguns cultivos.
  4. Primeiras estimativas para a safra 2024/25 de grãos no Brasil. O cenário do grande volume de soja previsto pode impactar na decisão dos agricultores brasileiros, trazendo uma possível mudança no mix de plantio.
  5. Cenário geopolítico global, com a proximidade de eleições municipais no Brasil; os debates e prévias das eleições presenciais nos EUA; a situação da Venezuela; e demais eventos de importância global.

 

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e professor na Harven Agribusiness School, em Ribeirão Preto – SP. Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP, mestre e doutorando em Administração pela FEA-RP/USP. É especialista em comunicação estratégica no agro.

Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

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