COLUNISTAS
Tem Início a Mega Safra Americana
Reflexões dos fatos e números do agro em março/abril e o que acompanhar em maio
Prof. Dr. Marcos Fava Neves, Vinicius Cambaúva, Beatriz Papa Casagrande
Na economia mundial e brasileira, no dia 16 de abril, o Banco Central liberou uma nova atualização do Boletim Focus com previsões para os principais indicadores da economia brasileira. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve fechar o ano corrente em 3,7% (queda mensal) e em 3,6% no próximo (alta mensal). Enquanto isso, o PIB (Produto Interno Bruto) pode encerrar 2024 com crescimento de 1,9% (alta mensal) e de 2,0% em 2025 (manutenção). O câmbio em R$ 4,97 ao final deste ano (leve alta mensal) e em R$ 5,00 no subsequente (manutenção). Por fim, a taxa Selic é estimada para fechar 2024 em 9,1% (alta mensal) e em 8,5% ao término de 2025 (manutenção).
No agro mundial e brasileiro, o índice de preços dos alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) subiu em março depois de 7 quedas consecutivas, ficando em 118,3 pontos (aumento de 1,3 pontos ou +1,1% em relação a fevereiro). Porém, mesmo com a alta mensal, o índice foi 9,9 pontos (-7,7%) menor do que o registrado há um ano. A alta foi impulsionada principalmente pelo aumento dos preços dos óleos vegetais, dos laticínios e carnes, o índice superou a queda do açúcar e dos cereais. Os óleos vegetais (+8,0%) continuaram a subir por conta da produção geralmente mais baixa em países produtores de óleo de palma e recuperação do óleo de soja pela maior demanda por biocombustíveis no Brasil e Estados Unidos. Os laticínios (+2,9%) valorizaram muito por conta dos preços do queijo que segue com demanda aquecida na Ásia e Europa Ocidental. As carnes tiveram o segundo aumento mensal (+1,7%), tanto a carne de aves, quanto suína e bovina seguem com procura elevada pelos principais países importadores. Em contrapartida, o açúcar registrou queda (-5,4%) por conta de uma melhor previsão para a safra 2023/24 da Índia e ritmo mais acelerado da colheita na Tailândia. Por fim, os cereais também retraíram (-2,6%) em meio a ampla oferta global do trigo aliado ao cancelamento de compras pela China.
O relatório de acompanhamento de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em sua 7ª edição referente a safra 2023/24, reduziu novamente a estima da produção de grãos no Brasil: de 295,6 (março) para 294,01 (abril) mi de t. Se confirmada, a oferta será 8,0% inferior à do ciclo passado. Em relação a área plantada, a Conab estima 78,53 mi de ha, 400 mil a mais do que havia estimado em março; e praticamente o mesmo que plantamos em 2022/23. Em suma, a queda na área de milho (2ª safra, especialmente) foi compensada pelo aumento nos campos de soja e algodão.
No milho, o relatório de abril/2024 do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu a oferta global do cereal: de 1.230,24 (março) para 1.227,86 (abril) mi de t, queda mensal de 2,4 mi de t. Ainda assim, a produção em 2023/24 será 6,0% superior à do ciclo passado; ou 70,1 mi de t. Nos principais países, o órgão manteve a mesma estimativa de produção do mês passado para os Estados Unidos (289,7; +12,4% que 22/23), China (288,8 mi de t; +4,1%) e Brasil (124,0; -9,5%). No caso da União Europeia, a previsão foi revista para cima, agora em 61,0 mi de t (+16,6%) e para a Argentina a revisão foi para baixo, agora em 55,0 mi de t (+52,7%). Os estoques finais do cereal devem fechar o ciclo atual em 318,3 mi de t, 5,3% maior ou 16,1 mi de t adicionais.
Se por um lado o USDA segue com uma oferta de milho na casa dos 124,0 mi de t no Brasil, por outro, a Conab reduziu mais uma vez a sua estimativa para o cereal: era de 112,7 mi de t em março e foi a 111,0 mi de t agora em abril, produção que deve ser 15,9% inferior a de 2022/23. A distribuição da produção de milho no país, de acordo com os ciclos, ficará assim: 1ª safra com 23,4 mi de t (-14,7%) em uma área de 3,97 mi de ha (-10,6%); 2ª safra com 85,6 mi de t (-16,4%) em 15,7 mi de ha (- 8,2%); e 3ª safra contribuindo com 2,0 mi de t (-7,6%), cultivados em 632,0 mil ha (igual ao ciclo passado). A área total de milho em 2023/24 está agora estimada em 20,4 mi de ha, 8,5% inferior a última safra ou 1,9 mi de ha a menos.
No campo, a colheita do milho 1ª safra alcançou 52,9% de progresso até 14 de abril, contra 55% no mesmo período do ano passado. Os estados mais avançados são: São Paulo com 98% (2023: 99%), Paraná com 95,0% (2023: 78%) e Santa Catarina com 87% (2023: 76%). Já no milho safrinha ou 2ª safra, o plantio foi concluído na primeira quinzena de abril. As lavouras encontram-se: 0,4% em emergência; 40% em desenvolvimento vegetativo; 42 em floração; e 17% em enchimento de grãos.
E a safra 2024/25 já teve início nos Estados Unidos. A partir desse mês, traremos aqui na nossa coluna, as atualizações mensais do progresso das operações e fenologia das lavouras por lá. No milho, até 14 de abril, 6% da área havia sido semeada, segundo o USDA, 1 p.p. abaixo dos 7,0% de 2024, mas 1 p.p acima da média das últimas 5 safras, que é de 5,0%.
Em Chicago, as negociações para mai/2024 estavam em torno de US$ 4,335/bushel na data de fechamento da nossa coluna (19/04), apenas 1,2% abaixo das negociações há 30 dias (US$ 4,386/bushel).
Na soja, a estimativa do USDA, no relatório de abril, veio praticamente igual ao de março, em 396,7 mi de t; reajuste mensal de apenas 10 mil t para baixo. Se confirmada, essa produção será 4,9% superior à de 2022/23, trazendo 18,5 mi de t adicionais. Não houve mudanças nas estimativas de produção para os principais players: Brasil segue com 155 mi de t (-4,3%); Estados Unidos com 113,3 mi de t (-2,5%); Argentina com 50 mi de t (+100,0%); e China com 20,8 mi de t (igual a 22/23). Mesmo com a quebra na safra brasileira, o USDA mantém as estimativas de embarques da soja brasileira 7,8% maiores que o último ciclo, em 103 mi de t. Estoques globais da oleaginosa estão estimados em 114,2 mi de t, 12,7% maiores ou 12,9 mi de t a mais.
No Brasil, a Conab reduziu em 400 mil t a estimativa de soja para 2023/24 em um mês: de 146,9 (março) fomos a 146,5 (abril) mi de t. Com o avanço da colheita, é possível termos uma noção da real queda na produtividade, estimada em 3,24 t/ha (média nacional), 7,7% menor do que a do ciclo passado. A área de soja em 2023/24 foi projetada em 45,2 mi de ha, 2,6% maior ou 1,2 mi de ha adicionais.
Até 14 de abril, 83,2% da área de soja estimada para o ciclo atual havia sido colhida, pouco abaixo dos 85,0% registrados no mesmo período do ciclo passado. O progresso por estado era o seguinte: São Paulo já concluiu as operações; o Mato Grosso vem na segunda colocação com 98,6% (2023: 100,0%); em terceiro aparece o Mato Grosso do Sul com 98,0% (2023: 99,0%). As lavouras ainda não colhidas apresentavam a seguinte fenologia: 0,2% estão ainda em floração; 4,5% em enchimento de grãos; e 12,1% em maturação.
O plantio de soja da safra 2024/25 nos Estados Unidos alcançou 3,0% de progresso até 14 de abril, segundo o USDA, mesmo progresso registrado há um ano, mas 2 p.p acima da média das últimas 5 safras, que é de 1,0%.
O contrato para entrega em mai/2024, negociado na Bolsa de Chicago, fechou em US$ 11,505/bushel na data de fechamento na nossa coluna (19/04), 2,9% menor do que as negociações há um mês (US$11,853/bushel).
No algodão, também não houve alteração na estimativa mensal da produção global da pluma, pelo USDA; foi mantida em 24,59 mi de t para 2023/24, safra que deve ser 2,8% inferior a passada. As produções de China, Índia, Brasil e Estados Unidos foram mantidas em 5,98 (-10,5%), 5,55 (-2,9%), 3,17 (+24,3%) e 2,63 (-16,5%) mi de t, respectivamente. Os estoques finais da pluma devem fechar o ciclo atual em 18,08 mi de t, 0,5% superior a 2022/23 ou 100 mil t adicionais.
Já a Conab, revisou para cima a previsão de oferta do Brasil: de 3,56 mi de t (março) para 3,60 mi de t (abril), se aproximando bastante a estimativa do USDA. Se confirmada, a produção de pluma será 13,4% superior à do ciclo passado. Em relação a área, a Conab estima 1,94 mi de ha no Brasil, alta de 16,3% no comparativo entre safras; ou 272 mil ha a mais.
No campo, até 14 de abril, as lavouras de algodão encontravam-se: 2,1% em desenvolvimento vegetativo; 7,3% em floração; a maior parte, 82,1%, em formação de maçãs; e 8,4% em maturação, o que significa que muito breve teremos algumas regiões iniciando as operações de colheita. Vamos acompanhar! Segundo a Abrapa (Associação Brasileiras dos Produtores de Algodão), os custos de produção diminuíram e os preços se mantiveram estáveis ou até se recuperaram, proporcionando uma rentabilidade favorável aos agricultores. No entanto, é válido destacar a importância da contínua expansão de mercado, pois o Brasil não pode depender apenas da quebra nos EUA, que foi o que contribuiu para os resultados nos últimos 2 anos.
Nos Estados Unidos, 8,0% das áreas de algodão previstas para 2024/25 haviam sido semeadas até 14 de abril, segundo o USDA, 1 p.p. superior a mesma data de 2023 e o mesmo progresso dos últimos 5 ciclos. O departamento indica que a área de algodão deve crescer 4,4% no país, totalizando 4,32 mi de ha, como resultado da maior competitividade (preços/margens) da pluma em relação aos demais cultivos. Ponto de atenção ao cotonicultor brasileiro!
Em Chicago, o contrato com vencimento em mai/2024 fechou em 81,02 centavos de dólar por libra-peso na ocasião de fechamento da nossa coluna, 13,1% a menos do que as negociações há um mês (93,26 cts/lb), resultado da oferta global sólida (poucos riscos de perdas) e início do plantio nos Estados Unidos.
Nos demais setores, para as culturas de inverno, a Conab indica uma produção total de 11,6 mi de t (+19,8%) em uma área de 4,1 mi de ha (-4,0%). Os resultados positivos são reflexos do clima favorável na região Sul do país (principal produtora dos cultivos de inverno) em vista dos efeitos do El Niño. Os destaque são: 1º) trigo, que deve entregar 9,72 mi de t (+20,2%); 2º) a aveia com produção estimada em 1,15 mi de t (+16,4%); e 3º) a cevada com 514,2 mil t (+31,5%), a de maior aumento percentual entre ciclos, na categoria.
A safra 2023/24 terá o pior resultado em 25 anos para o sistema integrado de soja e milho, segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Os preços mais baixos e a queda na produtividade impactaram negativamente a receita, mesmo com a redução nos custos de insumos. Para o ciclo 2024/25, a situação também deve ser desafiadora. O Centro calcula que uma produtividade de 55 sc/ha será necessária para cobrir os custos, tendo em vista os preços atuais da soja e o câmbio.
O processo de transição do El Niño para o La Niña já começou. O primeiro vem enfraquecendo gradualmente desde o início do ano, com final previsto para, no máximo, até meados de maio, segundo a consultoria climática Metsul. As águas mais frias emergindo na superfície do Oceano Pacífico indicam a transição para a La Niña, que deve se estabelecer a partir da metade de 2024, após um breve período de neutralidade.
Nas cadeias da pecuária, o relatório trimestral “Livestock and Poultry” do USDA, atualizou as estimativas globais no segmento, elevando a produção nas três principais cadeias de proteína animal. Na carne bovina, a estimativa foi de 59,49 (jan) para 60,35 mi de t (abr), sendo que o Brasil deve produzir 4,63 mi de t. No frango, a oferta global foi de 103,26 (jan) para 104,15 mi de t (abr), e o nosso país deve contribuir com 15,1 mi de t. Por fim, nos suínos, a produção foi revista de 114,15 (jan) para 115,56 mi de t (abr), e o Brasil irá produzir 4,63 mi de t. No comparativo entre 2024 e 2023, as carnes bovina e de frango devem crescer 0,6% (ambas) e a oferta da suína deve cair 0,6%.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) identificou focos da peste suína clássica (PSC) em uma criação de porcos no Piauí. A investigação começou em março e o último relatório foi emitido em 17 de abril. Até esse momento, 24 casos foram confirmados, com 14 mortes e 3 suínos abatidos. Embora a região Sul do Brasil, principal área de produção comercial de suínos, seja livre da doença, as restrições de circulação de animais e produtos foram aplicadas entre as zonas afetadas e não afetadas.
Na balança comercial do agronegócio brasileiro, as exportações somaram US$ 14,2 bi em março de 2024, sendo 10,8% menor do que o mesmo mês do ano passado (US$ 15,9 bi). A queda é explicada, principalmente, por conta da queda internacional dos preços dos alimentos. Embora o volume exportado tenha aumentado (+1,3%), o índice de preços dos produtos do agro caiu (-11,9%), segundo dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa). Por outro lado, no primeiro trimestre do ano (janeiro a março), os embarques atingiram US$ 37,4 bi (+4,4%), um recorde para o período.
Os cinco setores que mais contribuíram para o resultado em março foram: “Complexo Soja” com receita de US$ 6,3 mi (-27,2%). A queda veio por conta da retração nos preços e nas vendas ao exterior da soja em grão, diante das projeções indicando bom volume de oferta global. Em 2º lugar, o setor das “Carnes” faturou US$ 1,8 bi com exportações (-7,1%). Apesar dos embarques da carne bovina terem crescido no período (US$ 841,5 mi| +21,9%), a carne de frango (US$ 738,1 mi | -23,6%) e a carne suína (US$ 190,7 mi | -22,8%) apresentaram queda, sendo a última, principalmente por conta da redução nos pedidos da China, que voltou a produzir em torno de 55 mi de t após a quebra sofrida pela peste suína africana (PSA). Em 3º lugar temos o “Complexo Sucroalcooleiro” contabilizando uma receita de US$ 1,6 bi (+65,1%). O crescimento significativo é devido a combinação dos volumes recordes exportados de açúcar com o aumento dos preços médios do adoçante (+19,1%), cenário este explicado pela quebra de safra na Índia que, por sua vez, aumentou em 501,5% suas importações do produto. O 4º lugar vai para os “Produtos Florestais” com um montante de US$ 1,3 bi (-6,1%). Embora o volume exportado de celulose tenha sido menor (-8,2%), o aumento do preço médio (+7,2%) segurou maiores retrações. Por fim, o 5º lugar ficou com o “Café” que chegou a embarcar US$ 805,0 mi (+20,6%), isso porque é estimado que a safra corrente seja 5,5% maior do que o ciclo anterior. Esses 5 setores mencionados foram responsáveis por 83,4% do valor total exportado pelo Brasil em março de 2024.
Nas importações do agro, o volume registrado foi de US$ 1,5 bi (-4,6%), resultando em um saldo positivo de US$ 12,7 bi (-11,5%). Os demais produtos exportados e importados pelo Brasil geraram um saldo negativo de US$ 5,2 bi (+45,2%). No entanto, esse montante, compensado pelo agro, resultou em um saldo total positivo de US$ 7,5 bi (-30,4%) para o Brasil neste mês.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estimou o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) em R$ 1,147 tri em março, configurando uma queda anual de 1,4%. Enquanto as lavouras responderam por R$ 775,8 bi (-4,4%) do total, a pecuária participou com R$ 371,4 bilhões (+5,5%). A queda das lavouras foi puxada principalmente pela queda da soja (-19,8%) e do milho (-10,8%). Por outro lado, o crescimento da pecuária é atribuído a variação positiva dos suínos (+65,4%) e do frango (+9,2%). Outros produtos de destaque que obtiveram valorização significativa de um ano a outro foram o cacau (+59,2%) e a laranja (+56,3%), devido ao cenário de escassez na oferta de ambos.
No café, os preços estão em alta. O indicador Cepea/Esalq do café robusta alcançou um novo recorde na primeira quinzena de abril, com um aumento 45,5%. A demanda externa pelo café brasileiro está aumentando devido aos problemas na produção e no escoamento do robusta no Vietnã, o maior produtor da variedade. Em março, as exportações brasileiras de café (arábica e robusta), atingiram um recorde de quase 4,3 mi de sc.
Outro produto que atingiu recorde nos preços foi o cacau, refletindo uma demanda robusta apesar da supervalorização da commodity na Bolsa de Nova York. Com os lotes de amêndoas para mai/2024 subindo 9,4%, o preço da tonelada chegou a custar US$ 11,3 mil, um marco histórico. Esse cenário pode ser explicado pela oferta global restrita e dados sólidos de moagens acima das expectativas do mercado. No entanto, a consultoria Stonex aponta que o clima mais favorável previsto no segundo semestre do ano, com a chegada do La Niña, possa contribuir para a retração nas cotações.
Concluímos a seção de análise do agronegócio apresentando os principais preços do setor na data de fechamento da nossa coluna. Na soja, para entrega em cooperativa do Estado de São Paulo, o contrato de jun/2024 estava negociado em R$ 125/sc (60kg); e para mar/2025 em R$ 117,80/sc. No milho, o preço físico estava em R$ 57,50/sc e os contratos futuros (B3) em: R$ 57,47/sc para jul/2024; e R$ 65,08/sc para jan/2025. O algodão (Base Esalq) era cotado em R$ 130,82/@. Demais preços do setor, segundo o Cepea/Esalq, estão apresentados na sequência: café arábica estava em R$ 1.306,60/sc (60 kg), supervalorização de quase 27,0% em um mês; o trigo Paraná em R$ 1.270,85/t (+2,3%); a laranja para indústria em R$ 60,00/cx (40,8 kg) (igual o mês anterior); e o boi gordo em R$ 234,50/@ (+0,9%).
Os cinco fatos do agro para acompanhar em maio são:
- O plantio da mega safra de grãos 2024/25 nos Estados Unidos, recém-iniciada. Acompanhar o progresso das operações é essencial neste início de ciclo, para entender se teremos algum atraso e, consequentemente, impactos de clima/operações que possam reduzir a oferta. Além disso, com o avanço no plantio, teremos maior precisão quanto a área final de soja, milho e algodão no país, fator que pode afetar diretamente o mercado nesse momento.
- Acompanhar o progresso e avanço da 2ª safra de milho no Brasil. Mesmo com os ajustes recentes na oferta (em virtude da área menor), os campos vem se desenvolvendo bem. Ainda assim, vale lembrar que a transição do El Niño para La Niña traz algumas incertezas quanto a possibilidades de eventos climáticos como veranicos ou geadas. É preciso acompanhar atentamente.
- Final do ciclo de soja/milho e início da colheita na Argentina. Muito dificilmente teremos um grande impacto na oferta, nesse momento. Em se tratando de uma “superprodução”, qualquer ajuste pode surtir efeito no mercado. Vamos acompanhar os resultados.
- Final de abril e início de maio acontece a “Agrishow” em Ribeirão Preto, SP. Acompanhar os resultados e movimentações da feira nos ajuda a entender o comportamento dos agricultores quanto a investimentos (não só na área de máquinas/implementos), o termômetro do mercado quanto ao próximo ciclo, e também as discussões relativas a crédito e recursos financeiros para 2024/25.
- Por fim, é indispensável acompanharmos o câmbio! Em meados de abril, o dólar chegou a R$ 5,29, e segue se sustentando acima dos R$ 5,20, com as ocorrências internacionais (guerras e conflitos) e o governo indicando uma mudança na política econômica e meta fiscal. Apesar da alta ser bem-vinda para a venda, muitos produtores já estão negociando insumos para 2024/25; custos podem ficar maiores. Momento de olhar diariamente para as variações, a fim de tomar a melhor decisão!
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e professor na Harven Agribusiness School, em Ribeirão Preto – SP. Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP e mestre em Administração pela FEA-RP/USP. É especialista em comunicação estratégica no agro.
Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.