ENTREVISTA
Alexandre Pires – Diretor de Marketing da Adama Brasil – analisa o mercado de defensivos agrícolas

Alexandre Pires – Diretor de Marketing da Adama Brasil
1- Nos últimos anos, observamos um crescimento exponencial de fornecedores de defensivos no mercado brasileiro. Como vocês avaliam a trajetória da ADAMA no Brasil?
O aumento de novos fornecedores no mercado brasileiro é um movimento natural em um setor com grande potencial como o nosso. Trata-se de um cenário positivo, pois estimula a inovação e força todas as empresas a entregarem mais valor ao agricultor. A ADAMA tem se destacado nesse ambiente ao adotar uma estratégia centrada em inovação de valor.
Nos últimos anos, promovemos uma transformação profunda no portfólio, com foco em soluções que respondem de forma prática e eficiente às demandas do campo. Isso inclui formulações diferenciadas, produtos prontos para uso com protetores integrados e tecnologias adaptadas à realidade brasileira. Além disso, contamos com uma marca consolidada, que carrega credibilidade e consistência de atuação no País há mais de 50 anos. Nossa trajetória tem sido pautada por escuta ativa ao agricultor, foco em resultado e compromisso com a entrega de valor para toda a cadeia.
2- Dentro da estratégia de crescimento da empresa, quais segmentos/categorias devem ser o principal enfoque nos próximos anos?
O foco da ADAMA está totalmente direcionado para o segmento de inovação de valor. A partir de 2026, iniciaremos o lançamento de 25 novos produtos nas categorias de fungicidas, inseticidas e herbicidas, todos desenvolvidos para atender às principais culturas brasileiras. Essa nova geração de soluções foi desenhada com base nas necessidades específicas do agricultor no Brasil, resultado de uma escuta ativa e de forte presença em campo.
Grande parte desses ativos será originada no Exterior, mas com formulação local, garantindo eficácia, adaptação às condições brasileiras e agilidade no fornecimento. Essa estratégia reforça o nosso posicionamento como uma empresa que entrega valor real, com um portfólio moderno e preparado para os desafios do futuro.
3- As safras 2023/2024 e 2024/2025 foram marcadas por um cenário dinâmico e desafiador para o agronegócio brasileiro. Os produtores tiveram que lidar com a volatilidade dos preços, problemas de fornecimento para alguns produtos, condições climáticas adversas e a necessidade de adaptar suas práticas para atender às demandas. Para a safra 2025/2026, quais são as perspectivas para o fornecimento dos produtos da ADAMA?
Todo o nosso planejamento para a safra 2025/2026 já está estruturado, e não vislumbramos riscos no fornecimento de produtos. Nossa cadeia de suprimentos segue sólida, com produção programada e estratégias definidas para atender à demanda com segurança.
No entanto, o grande desafio para a próxima safra não está relacionado ao suprimento de insumos, mas sim ao crédito. O setor agrícola vem enfrentando um cenário de aumento de endividamento, taxas de juros elevadas e maior seletividade nas concessões. Esse contexto pode afetar a capacidade de aquisição de insumos por parte do produtor, o que naturalmente impacta o mercado como um todo. Seguiremos atentos a esse cenário e preparados para apoiar nossos parceiros da melhor forma possível.
4- Pensando em como o mercado de bioinsumos está crescendo no Brasil, a Adama pretende adentrar neste setor, com biodefensivos?
A ADAMA já atua no segmento de bioinsumos há mais de cinco anos. Entendemos que essa é uma ferramenta complementar e estratégica dentro do manejo agrícola, contribuindo para a sustentabilidade e a performance no campo. Em 2025, lançaremos o Protege +, uma nova biossolução que reforça nosso compromisso com a oferta de soluções integradas e eficazes.
Além disso, estamos desenvolvendo um projeto que combina ativos biológicos e químicos em uma mesma formulação. É uma inovação de médio prazo, com grande potencial de melhorar a performance dos defensivos e, ao mesmo tempo, reduzir a carga de ativos aplicados. Trata-se de mais uma frente de atuação que ilustra como a ADAMA trabalha para oferecer alternativas modernas e relevantes para o produtor brasileiro.
5- Considerando a menor oferta de alguns fungicidas protetivos no mercado, como mancozeb e clorotalonil, como a ADAMA deverá colaborar com a oferta neste cenário? Há perspectiva de melhora durante o 2° semestre do ano?
A ADAMA está pronta para atender seus clientes. Todos os nossos fungicidas já contam com protetores incorporados à formulação, o que nos diferencia de outras empresas que dependem de misturas posteriores. Nossa produção foi planejada antecipadamente e está em execução, com segurança de abastecimento garantida para 2025.
Em relação ao mercado em geral, ainda prevemos uma oferta restrita desses ativos no segundo semestre. Ou seja, embora a ADAMA esteja preparada para cumprir integralmente seus compromissos com os clientes, o cenário de disponibilidade global continua apertado. Isso reforça a importância de um planejamento estratégico, tanto da indústria quanto dos distribuidores e produtores.
6- Considerando o cenário internacional, de que forma vocês interpretam o impacto das incertezas em torno das tarifas impostas pelos EUA sobre o mercado de defensivos?
Até o momento, não identificamos impactos diretos no mercado brasileiro decorrentes das tarifas impostas pelos EUA. A ADAMA segue monitorando de perto esse cenário e mantém o compromisso de garantir o suprimento aos seus clientes, com planejamento de longo prazo e gestão eficiente da cadeia de fornecimento. No curto prazo, não enxergamos riscos relevantes.
7- Espaço aberto para outro comentário ou sugestão pertinente sobre a temática.
Apesar dos desafios dos últimos anos, o agricultor brasileiro tem se mostrado resiliente, inovador e altamente adaptável. Essa capacidade de reação rápida diante de adversidades é um dos grandes diferenciais do nosso agro. A ADAMA, que há mais de 50 anos caminha ao lado do produtor brasileiro, permanece firme em seu compromisso de contribuir com a sustentabilidade, eficiência e competitividade da agricultura nacional.
Seguimos com o propósito de entregar inovação de valor ao campo – soluções que fazem sentido na prática, que aumentam produtividade e reduzem riscos. É essa mentalidade que continuará guiando nossas decisões e nosso portfólio nos próximos anos.
Equipe Global Crop Protection, 28/05/2025