ENTREVISTA
Em entrevista ao Global Agrochemicals, Bruno Vasconcelos, Diretor Executivo da SANA Agro, fala sobre as vantagens da pulverização aérea de defensivos
Em entrevista ao Global Agrochemicals, Bruno Vasconcelos, Diretor Executivo da SANA Agro, fala sobre as vantagens da pulverização aérea de defensivos
Bruno Vasconcelos,36, formado em administração pela FGV/EAESP é Diretor Executivo da SANA Agro, empresa especializada no serviço de pulverização aérea de lavouras, com sede em Leme, interior de SP.
1. A aplicação aérea de defensivos vem crescendo no Brasil devido aos seus benefícios em comparação a aplicação terrestre e a Sana Agro é uma das referências no Brasil neste tipo de trabalho. Como foi o ano de 2017 para a Sana Agro e como estes benefícios contribuem para a expansão do mercado de aplicação aérea?
Falar em pulverização aérea é falar de aplicação de tecnologia de ponta no campo com vista a uma dupla função: proteger as culturas de pragas e aumentar a produtividade por meio de adubação. É um método mais eficiente e com menor custo, na comparação com o terrestre, por não amassar a cultura, além de realizar uma quantidade muito grande de área em pouco tempo, o que permite a utilização de produtos no seu timing ideal de aplicação. Nesta tarefa, 2017 foi um ano de muito trabalho e bons resultados. A eficiência operacional da SANA AGRO AÉREA seguiu em alta, fruto de um acompanhamento técnico profissional no campo e melhorias no processo de manutenção das aeronaves, tudo puxado por um setor agrícola que investe e segue crescendo.
2. Mesmo com o crescimento, este tipo de aplicação é muito debatida devido aos riscos atrelados a ela, principalmente próximo a centros urbanos. Dependendo do tipo de defensivo, algumas restrições também são impostas. Quais são as medidas tomadas pela Sana Agro para amenizar estes riscos e como é o acompanhamento com a área agrícola dos produtores rurais para ter um bom controle das aplicações?
Como todas as atividades, seja no transporte de passageiros ou qualquer outro uso, a aviação agrícola precisa lidar com riscos. Para tanto, a empresa conta com um Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO) que identifica perigos, classifica riscos e atua de maneira permanente em ações de mitigação destes riscos. Em particular em operações que acontecem próximas a perímetros urbanos, são mantidas distâncias mínimas, definidas em lei federal, a depender da situação: povoados, casas isoladas, mananciais de água, etc. Estas distâncias de segurança variam entre 250 e 500 metros. Na SANA, todos os pilotos agrícolas, além do alto nível requerido pela sua formação técnica, recebem constantes treinamentos para aprimorar o planejamento das operações, o que se traduz no cuidado com eventuais alvos sensíveis e no respeito à estas distâncias regulamentares. O que posso afirmar é que o método de pulverização aérea é, dentre todos os disponíveis (terrestre e costal), o mais seguro, afinal, é aquele que permite maior nível de precisão, é operado com equipes de nível técnico superior, e é vastamente regulado e fiscalizado no Brasil.
3. Quais culturas se destacam na aplicação aérea e por quais motivos? Quanto aproximadamente da área tratada no Brasil a aplicação aérea é utilizada?
Em São Paulo, destacam-se a cana-de-açúcar e áreas de citrus, com forte Setor Sucroalcooleiro e Exportador de Sucos de Laranja. No sul do país, há a presença marcante do arroz e produtores rurais mais pulverizados. Minas Gerais e Mato Grosso do Sul são estados com importantes florestas de pinos e eucalipto que alimentam Siderúrgicas, Carvoarias, Madeireiras e a indústria de Papel e Celulose. Além disso, contamos vastas áreas de soja no centro oeste, com destaque para o Mato Grosso, sem mencionar as áreas de fronteira agrícola e seus campos de pastagem. A aviação agrícola está presente em todas as culturas trabalhadas em escala no agronegócio e responde a algo em torno de 25 a 30% do total da área pulverizada no país.
4. Segundo o IBA, mais de 1.300 aeronaves estão habilitadas para aplicação aérea no país. Qual a perspectiva para os próximos anos? Existem tecnologias que estão sendo colocadas em prática para melhorar ainda mais este modo de aplicação?
A frota de aeronaves agrícolas no Brasil soma 2.115, segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o que posiciona o Brasil com a segunda maior frota aeroagrícola do mundo, somente atrás dos EUA. De alguns anos para cá posso identificar duas tendências importantes, o aumento de aeronaves movidas a turbina com maior capacidade de carga e que se adaptaram muito bem em áreas agrícolas mais planas e vastas, e o início dos testes com a pulverização aérea por meio de drones que, embora ainda incipiente, no futuro, poderá representar uma relevante novidade no setor tão logo as capacidades operacionais de carga atinjam níveis adequados.
5. Devido a ser uma atividade perigosa, é importante a empresa possuir certificados quanto a qualidade do serviço prestado e estar dentro das normas. Quais são os principais certificados que o produtor rural deve estar atento quando contratar uma empresa para realizar este trabalho?
A aviação agrícola é muito segura, desde que respeitados os requisitos básicos da atividade. Para fazer uma boa escolha é importante ter a certeza de que a empresa é registrada regularmente no MAPA (Ministério da Agricultura), e que possua um COA válido (Certificado de Operador Aeroagrícola), emitido pela ANAC. Os documentos da aeronave devem estar em perfeita ordem, bem como o programa de manutenção estar em dia, o que pode ser verificado no site da ANAC. Por fim, o piloto agrícola deve possuir habilitação específica para a atividade e dentro do prazo de validade. Outra dica é procurar empresa com boa reputação no mercado, em especial, buscando informações junto a clientes que já a tenha contratado. Há também o CAS (Certificado Aeroagrícola Sustentável), que é uma certificação voluntária do setor, e demonstra um compromisso diferenciado com qualidade. Por fim, existem certificações como as do tipo ISO 9001, por exemplo, que podem diferenciar as empresas na hora da escolha. E, claro, como em qualquer serviço, desconfie de preços muito baixos.
Sobre a Sana Agro
Fundada em 1977, a SANA Agro conta com mais de 40 anos de história no meio agrícola nos serviços de pulverização em lavouras e acompanhamento técnico. Atualmente, os serviços de pulverização dividem-se principalmente em Florestas de Eucalipto, Cana-de-açúcar e Citrus. A empresa opera com 13 aeronaves Ipanema 202/A produzidas pela Embraer e movidas exclusivamente a etanol.
Equipe Global Agrochemicals, 08/03/2018