ENTREVISTA

Em entrevista ao Global Agrochemicals, Ma Chunyan, Vice-Presidente do Subcomitê de Indústria Química do CCPIT (CCPIT CHEM), fala sobre o atual momento de defensivos na China

Em entrevista ao Global Agrochemicals, Ma Chunyan, Vice-Presidente do Subcomitê de Indústria Química do CCPIT (CCPIT CHEM), fala sobre o atual momento de defensivos na China


Ma Chunyan, Engenheira Sênior, graduada em SHENYANG UNIVERSITY OF CHEMICAL, Vice-Presidente do Subcomitê de Indústria Química do CCPIT CHEM e Membro do Grupo de Orientação de Especialistas em Gestão de Defensivos no Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China.

1) Quais são as principais mudanças que o mercado chinês de defensivos agrícolas vem enfrentando desde 2016? 

Desde 2016, muitas mudanças ocorreram na indústria de defensivos na China, o que pode ser refletido nos seguintes aspectos:

1) A capacidade da indústria de agroquímicos foi insuficiente e o preço do produto continuou a aumentar: Para melhorar o ambiente ecológico em deterioração  e aumentar a capacidade de desenvolvimento sustentável das empresas, a China iniciou a mais rigorosa inspeção ambiental a partir de dezembro de 2016, exigindo que as empresas de produção seguissem rigorosamente o padrão de proteção ambiental e segurança. Em 2017, uma inspeção de segurança foi realizada em toda a indústria química e algumas empresas interromperam a produção devido ao não cumprimento dos padrões. Atualmente, a redução de produção pelas empresas chegou a um novo patamar, o que leva à escassez temporária de matérias-primas e produtos intermediários para alguns defensivos e aumento do preço. Algumas empresas de defensivos foram fechadas, transferidas ou pararam a produção devido ao não cumprimento do padrão de proteção ambiental. Empresas operando regularmente também são confrontadas com aumento periódico do custo de produção devido ao aumento do preço de matérias-primas e produtos intermediários, bem como o aumento do custo no tratamento de proteção ambiental. Esses fatores restringiram a utilização efetiva da capacidade existente da indústria de defensivos na China, tornando a oferta insuficiente e aumentando o preço dos produtos.

Em 2017 houve o fenômeno “sem preço e sem mercadorias” no mercado de agroquímicos na China e o preço do produto aumentou 20% à 30% em média.

2) Nova política de gestão de agroquímicos foi implementada: o novo Regulamento sobre Administração de Defensivos foi implementado em 1 de junho de 2017 e várias regras de apoio e prática foram adicionadas gradualmente. Registro, produção, operação, aplicação e supervisão de defensivos estão se desenvolvendo para uma gestão integrada. Sob o novo sistema de gestão, a supervisão do mercado de defensivos agrícolas será reforçada e o desenvolvimento da indústria será mais padronizado.

3) Novas políticas de proteção ambiental foram lançadas: para garantir a produção segura de agroquímicos, a licença de poluição foi reeditada para empresas agroquímicas na China. De acordo com o Ministério da Ecologia e Meio Ambiente (ex-Ministério da Proteção Ambiental) da China em 13 de março de 2018, 817 empresas de defensivos obtiveram licença de poluição. O número de empresas de produção de agroquímicos em todo o país é mais de 1.700, isto é, menos de 50% das empresas de defensivos obtiveram a licença. Além disso, com a cobrança de imposto de proteção ambiental, o custo de produção das empresas aumentou. Isso significa que as empresas estão restritas não apenas à operação e descarga de poluentes, mas também ao custo de produção. A pressão da oferta no mercado de defensivos agrícolas será cada vez maior.

4) Novo departamento de gestão agrícola foi estabelecido: em março de 2018, o governo chinês cancelou o Ministério da Agricultura e estabeleceu o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais. O novo instituto de gestão da agricultura vai injetar uma nova ideia de desenvolvimento da agricultura e áreas rurais na China e fornecer novas oportunidades para o desenvolvimento da indústria de defensivos na China.

5) As exportações de agroquímicos voltaram a crescer: Influenciadas pela baixa economia mundial e fraca demanda final, o volume de exportações e o valor das exportações de defensivos na China diminuíram em 2015 e 2016. No entanto, a indústria de agroquímicos na China se recuperou em 2017. De acordo com as estatísticas do Instituto para o Controle de Agroquímicos (ICAMA) e do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais (ex-Ministério da Agricultura), o volume de exportação e valor de exportação da China em 2017 obteve um crescimento significativo. Seu volume de exportação foi de 1.467,6 mil toneladas, aumento de 6,9%, e seu valor exportado foi de US $ 6,76 bilhões, aumento de 20,4%.

6) O crescimento zero de aplicação de defensivos agrícolas foi antecipado: em 2015, o Ministério da Agricultura da República Popular da China iniciou uma campanha para garantir crescimento zero na aplicação de defensivos até 2020 para promover a redução da quantidade de aplicação de agroquímicos e aumentar a eficiência. A eficiência do uso de defensivos atingiu 38,8% em 2017, 2,2 pontos percentuais acima de 2015. O valor da aplicação de agroquímicos registrou crescimento negativo em três anos consecutivos e o objetivo de atingir um crescimento zero da aplicação de defensivos até 2020 foi realizado três anos antes.

7) A estrutura de plantio das culturas foi ainda mais otimizada: De acordo com o plano de implementação da reforma do lado da oferta (supply-side) agrícola do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais, a estrutura de produção agrícola e o layout regional serão otimizados para reduzir a oferta ineficaz. A previsão é reduzir a área de plantio de milho em 3,3 milhões de hectares até 2020 e reduzir a área de plantio de arroz em 660 mil hectares. Na China, o investimento em agroquímicos para o controle de pragas no arroz e no milho é relativamente grande. De acordo com as estatísticas do Centro Nacional de Extensão e Serviços de Agro-Tecnologia (NATESC) do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais, o investimento em defensivos para arroz na China em 2015 foi de USD 144 / ha e para o milho foi de USD 50 / ha. Portanto, a otimização da estrutura de plantio de milho e arroz na China inevitavelmente afetará a aplicação de defensivos.

8) Fusão e reorganização de empresas: a China National Chemical Corporation (CHEMCHINA) adquiriu com sucesso a Syngenta Ag da Suíça e a ADAMA, subsidiária da China National Chemical Corporation, transferiu 100% de seu patrimônio para a Sanonda, tornando-se a maior empresa de agroquímicos na China. China National Chemical Corporation e Yuan Longping High-tech Agriculture Co., Ltd. oficializaram a Xianlong Biotechnology Co., Ltd. para desenvolver o mercado de sementes de milho na China. Nanjing Red Sun Co., Ltd. adquiriu uma participação de 70% da Kexin Biochemical Co., Ltd., promovendo o desenvolvimento estável, sólido e rápido da indústria de Paraquat.

9) Desenvolvimento acelerado de Biodefensivos na China: Nos últimos anos, os biodefensivos ganharam um rápido desenvolvimento na China, com um grande número de empresas notáveis na área de biodefensivos e produtos emergentes.Para promover o desenvolvimento da tecnologia de biodefensivos e controle biológico, foi criada uma zona especial para biodefensivos e tecnologia de controle biológico na 19ª Exposição Internacional de Proteção Agropecuária e Agropecuária da China (CAC2018), realizada em Shanghai de 7 a 9 de março de 2018. Durante esse mesmo período ocorreu o “7th China International Forum on Biocontrol Technology Development&China Biopesticide International Development Conference”, que estimulou solidamente o desenvolvimento da indústria. Um grande número de biodefensivos surgiram na China, tais como Abamectina, validamicina (Jinggangmycins), Bacillus Thuringiensis, Atailing (6% oligossacarídeos · proteína ativadora WP), Brassinolide, feromônio, biológicos do tipo vírus, entre outros.

10) Rápido desenvolvimento do mercado de defensivos inovadores: Nos últimos anos, agroquímicos inovadores foram desenvolvidos rapidamente na China, com mais de 40 novos ingredientes colocados no mercado sucessivamente e com um grande número de produtos pendentes emergentes, como Phenamacril, 9080 (10% tetracloroamida SC) e Baozhuo (30% de ácaro de acrilico Bazole SC).

2. Quais produtos foram e estão sendo mais afetados por essas reestruturações?

O preço dos defensivos na China aumentou em 2017, acréscimo médio de preço entre 20% e 30%, em alguns produtos até dobrou. O preço de produtos técnicos para os defensivos como Glufosinato-amônio, Paraquat, Acetoclor, Pretilacloro, Butaclor, Nicosulfuron, Mesotrione e Atrazina cresceu significativamente; o aumento de preços de Abamectina, Clorpirifos, Imidacloprido Beta-cipermetrina, Tiametoxame, Acetamipride, Nitenpiram e Benzoato de Emamectina excedeu os 40%. Para os fungicidas, os preços do difenoconazol, do propiconazol, do flusilazol, da azoxistrobina, do procloraz, do tebuconazol, do triciclazol, do cetotriazol e do hexaconazol aumentaram significativamente, com um acréscimo no preço de mais de 40%.

3. Qual o impacto sobre as empresas de matérias-primas para produção de agroquímicos? Existe alguma previsão de produção para retornar aos níveis anteriores? 

O novo governo se concentra na construção de uma civilização ecológica na China e reforçará ainda mais a inspeção ambiental. Algumas empresas dispersas e caóticas que não têm capacidade para tratar os tipos de resíduos serão forçados a interromper a produção, o que levará a escassez de matérias-primas e produtos intermediários. Algumas empresas de agroquímicos terão que ser fechadas, transferidas ou interromper a produção devido ao não cumprimento do padrão de proteção ambiental. Empresas operando regularmente também experimentarão aumentos periódicos de custo na produção devido ao acréscimo do preço de matérias-primas e produtos intermediários, bem como o aumento do custo no tratamento de proteção ambiental. Esses fatores restringirão a utilização efetiva da capacidade existente. A situação de fornecimento insuficiente de produtos continuará por um período e o preço do produto será, sem dúvida, mantido em alto nível. Em desenvolvimentos futuros, com a implementação de novas tecnologias no processo de produção e melhoria adicional da eficiência da produção, os custos de produção serão reduzidos e os preços poderão recuar. Naturalmente, devido à incerteza da tendência global do preço do petróleo bruto, o preço dos materiais básicos de defensivos será grandemente influenciado.

4. Como está a demanda por defensivos no mundo? Algum país está se destacando pelo aumento do consumo?

Com o aumento da população global, a demanda por alimentos e outros produtos agrícolas será ainda maior. O agroquímico contribui com uma grande parcela para garantir a abundância de alimentos. A sobrevivência e o desenvolvimento humano são inseparáveis dos defensivos. Segundo estatísticas relacionadas, sem defensivos agrícolas as perdas de culturas seriam de até 75%.

Atualmente, existe uma grande diferença entre os níveis de uso de agroquímicos no mundo, e os investimentos variam no campo de proteção de cultivos. Ucrânia, Rússia, Paquistão, Quênia, Índia, Filipinas, Birmânia, Indonésia, Cazaquistão, Turquia e Irã merecem mais atenção. Gradualmente, estabelecemos um comércio especializado de produtos e uma plataforma de intercâmbio técnico na Ucrânia, Paquistão, Quênia, Índia e Filipinas, o que promoverá ainda mais intercâmbios entre os principais países produtores de agroquímicos como China e Índia.

Como celeiro global no futuro, o mercado brasileiro é digno de ser projetado e cultivado por empresas agroquímicas. A fim de promover o intercâmbio entre indústrias de defensivos na China e no Brasil, desde o primeiro Brazil Agrochem Show, em 2005, por meio de reuniões e exposições profissionais, as mais recentes tendências em informações de mercado e políticas são fornecidas para mais de 400 empresas. O desenvolvimento do mercado de agroquímicos no Brasil é promovido, e a máxima garantia é trazida para a colheita abundante da agricultura local. Atualmente, o Brasil é o segundo maior mercado de importação de defensivos agrícolas da China. Em 2016, 132.000 toneladas de defensivos chineses foram exportados para o Brasil, representando 9,6% do total; o valor das exportações é de 713 milhões de dólares, representando 10,9% do total.

O 11ª Brazil Agrochem Show será realizada em São Paulo de 7 a 8 de agosto de 2018. Aqui, eu sinceramente convido os colegas brasileiros para comparecerem a este evento para discutirmos o desenvolvimento da indústria agroquímica chinesa e brasileira juntos.

5. No Brasil, há uma demanda crescente por defensivos biológicos. A China, com essas mudanças, procura desenvolver tais defensivos?

O novo regulamento chinês sobre a administração de defensivos incentiva claramente o desenvolvimento de biológicos.

Nos dias 14 e 16 de maio de 2018, a reunião global de biocontrole será realizada em Beijing, e será organizada pela Academia Chinesa de Ciências Agrícolas e pela Organização Internacional de Controle Biológico (IOBC) e sediada pela Sociedade Chinesa de Proteção de Plantas. Espera-se que participantes de 1.000 indústrias em todo o mundo compareçam neste evento. O CCPIT CHEM será o co-organizador deste evento. Parece que o governo chinês coloca grande ênfase no controle biológico.

A fim de incentivar o desenvolvimento global de defensivos biológicos e tecnologia de controle biológico, uma zona especial foi criada para biodefensivos e tecnologia de controle biológico em CAC2019, de modo a exibir intensivamente excelentes biodefensivos e tecnologias de biocontrole.

6. Como foi o desempenho das vendas chinesas de agroquímicos em 2017? Qual é a previsão para 2018?

Nos últimos anos, a produção chinesa de defensivos foi de mais de 3.000.000 toneladas, e o volume de exportação mantido em 1.500.000 toneladas. Em 2017, a produção chinesa de agroquímicos foi de 3.778 mil toneladas, com crescimento de 0,7%; o principal faturamento anual do negócio foi de 308 bilhões de iuanes, com um crescimento ano-a-ano de 11,8%; o lucro é de 25,96 bilhões de iuanes, com um crescimento ano a ano de 25%. Também em 2017, foram exportadas 1.467,6 mil toneladas de defensivos chineses, com crescimento de 6,9%; o valor das exportações é de US$ 6,76 bilhões, com crescimento de 20,4%.

De acordo com o 13º Plano Quinquenal para a indústria de agroquímicos, o produto técnico dos defensivos será mais concentrado. Até 2020, a quantidade de empresas de produtos técnicos será reduzida em 30%, incluindo 5 fabricantes de agroquímicos com volume de vendas superior a RMB 5 bilhões e 30 fabricantes de defensivos com volume de vendas superior a RMB 2 bilhões. No futuro as empresas de defensivos agrícolas em várias regiões passarão da cidade para o parque industrial, e estarão na situação em que a concentração é melhorada, ficando cada vez mais forte.

2018 é um ano de conexão do 13º Plano Quinquenal chinês. Neste ano, a fusão e a reorganização das empresas chinesas de agroquímicos continuarão, a oferta de defensivos ainda é insuficiente, a eficiência da aplicação será ainda melhorada, e a quantidade da aplicação será, esperamos, reduzida ainda mais.

7. Como é o consumo de defensivos na China com as políticas de restrição ambiental?

Para o uso de agroquímicos na China, os defensivos com características de proteção ambiental, alta eficiência e baixo teor de resíduos se tornarão os principais, e o biodefensivo terá novas oportunidades. O conceito de manejo integrado de pragas (IPM) de prevenção em primeiro lugar e controle integrado ainda é a principal diretriz para a proteção de cultivos na China.

Sobre a CCPIT

Fundada em 1990, o Subcomitê de Indústria Química da CCPIT atua de acordo com os artigos e princípios do CCPIT. CCPIT CHEM tem sido o membro certificado da Associação Global da Indústria de Exposições (UFI) desde 2012. Administrativamente, CCCC Sub-Council da Indústria Química (CCPIT CHEM) afiliada à China Petroleum and Chemical Industry Federation (CPCIF) como sua Conferência e Exposição Departamento.

 

O CCPIT CHEM é a organização nacional de comércio exterior e promoção de investimentos na indústria química e funciona como uma ponte para a cooperação entre a indústria química da China e as contrapartes estrangeiras. Através da realização de atividades econômicas e comerciais, visitando e trocando delegações, organizando ou participando de exposições e conferências no país e no exterior. O CCPIT CHEM procurou melhorar os diálogos e a rede da indústria, promover o comércio exterior e investimentos e aprofundar o entendimento e cooperação entre as indústrias químicas chinesas e contrapartes estrangeiras.

Equipe Global Agrochemicals, 03/04/2018

 

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