ENTREVISTA
Engajamento e comprometimento são fundamentais para superar a crise, segundo o vice-presidente da Ourofino Marcelo Abdo
Engajamento e comprometimento são fundamentais para superar a crise, segundo o vice-presidente da Ourofino Marcelo Abdo
Marcelo Abdo é formado em Ciências Econômicas e tem três especializações: Capacitação Gerencial; Desenvolvimento de Competências Gerais; e MBA em Agronegócios. Possui mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro e grande conhecimento em liderança e formação de equipes, gestão de resultados, administração do risco de crédito, originação, negociação e venda de produtos financeiros.
No mercado de defensivos agrícolas, foram seis anos à frente da diretoria financeira e administrativa da Ourofino Agrociência, tendo como principais responsabilidades estruturar e administrar as demandas financeiras (curto, médio e longo prazos); identificar riscos à atividade e buscar instrumentos para mitigá-los; efetuar planejamento financeiro e controle dos fluxos financeiros; maximizar resultados da companhia; e zelar pelo bom relacionamento com parceiros financeiros, como o BNDES (financiamentos) e FINEP, além de BNDESPar, Bancos de Investimentos e Bancos Comerciais. Em junho de 2017, Abdo assumiu a vice-presidência da companhia e hoje lidera mais de 330 funcionários ao lado de Norival Bonamichi, presidente da indústria
1. As culturas de soja e milho mostraram grande desempenho nessa safra e a projeção para a próxima safra é um aumento na área de plantio em relação a atual. Quais são as perspectivas da Ourofino para a safra 2018?
O mercado agrícola vem se consolidando como um dos principais motores do país. Ainda assim, sabemos que o setor é suscetível e, por isso, devemos sempre estar atentos às mudanças. O produtor, por exemplo, além de plantar e colher, precisa considerar todas as variáveis da sua operação – como clima, época de plantio, compra de insumos, tratamento de solo, entre outras – até as condições mercadológicas que impactam em seu negócio, pois já é sabido que os custos de produção sofrerão aumento devido aos problemas enfrentados pelas indústrias de matérias-primas chinesas. Por isso, neste momento, a nossa expectativa é de um ano promissor no campo, mas que exigirá esforços e cuidados extras no que diz respeito ao cenário externo.
2. O mercado chinês de químicos está passando por uma forte reestruturação, impactando na oferta de matérias-primas e ingredientes ativos para os principais consumidores, inclusive o Brasil. Como a Ourofino enxerga esse cenário para o curto e médio prazo e quais medidas estão sendo tomadas pela empresa?
Todo o mercado de defensivos agrícolas mundial sofreu e ainda sofrerá impactos nesta reestruturação chinesa. A Ourofino Agrociência, desde o início de seu trabalho, mantém em Shangai, na China, uma equipe especializada e focada em mitigar o risco de fornecimento e nos aproximar dos atuais fornecedores, além de prospectar novos. O trabalho é feito in loco e, assim, o relacionamento é estreito, o que possibilita checar a produção dos fornecedores, garantindo o padrão de qualidade exigido. Trabalhamos por uma estratégia assertiva, que minimize os problemas em nosso dia a dia nas importações.
3. A Ourofino está inserida no mercado dos defensivos genéricos que é muito competitivo no Brasil, e mesmo assim a empresa mostra crescimento e expansões ano a ano. Como está sendo o ano de 2017 e as projeções para os próximos anos, visto as dificuldades que o setor está passando? Há interesse em expandir o atendimento para mercados externos?
Todos os anos somos testados e temos as nossas convicções postas à prova. A crise instalada nos diversos setores da economia, associada à incerteza de novos investimentos, foi apenas o início do cenário complexo que estamos enfrentando. Somada a esses fatores, temos outra crise ligada às questões de ética e corrupção. Apesar de todo o cenário acima destacado, temos sido capazes de nos adaptar e, com uma equipe engajada e comprometida, fizemos de 2016 o melhor ano da nossa história. Agora, tanto para 2017 quanto para os próximos anos, esperamos manter a linha de crescimento exponencial registrada ao longo da história da Ourofino Agrociência. Essa trajetória de sucesso foi obtida com uma gestão ágil na tomada de decisões e antevendo problemas e oportunidades no segmento.
Neste momento, não há intenção de atender o mercado externo, pois entendemos que ainda existe muito espaço de crescimento para as vendas no Brasil, dado que aqui está grande parte da produção de alimentos mundial.
4. A Ourofino está aumentando seu portfolio por meio de aquisições de marcas e também novos registros. Como a empresa está se estruturando para as novas moléculas que tem previsão de liberação de registro? Vocês enxergam que houve melhora no processo de avaliação e liberação de registros no país?
Hoje, a Ourofino Agrociência tem como foco quatro culturas: cana-de-açúcar, soja, milho e algodão. Para a primeira, contamos com um portfólio robusto e atuamos por meio do programa Ciclo 100, que oferece ao agricultor soluções para o manejo integrado de plantas daninhas. Já as demais culturas fazem parte do Focus 360, que apresenta o mesmo conceito para o manejo de resistência de pragas, plantas daninhas e doenças, sendo que a cada ano reforçamos a nossa cartela de soluções. Logo teremos mais opções para o produtor: mais de 24 produtos já foram submetidos para registro e chegarão ao mercado nos próximos cinco anos.
Sobre o processo de liberação de registros, vemos como grande dificuldade a falta de previsibilidade na aprovação. Os prazos estabelecidos pelo Decreto não são cumpridos, impossibilitando o lançamento de novos produtos para a agricultura brasileira.
5. A Ourofino passou por uma reestruturação recente, a maior aproximação do cliente pela empresa é o grande foco pela empresa. Quais são as iniciativas que a empresa adotou? Quais são as plataformas que a Ourofino está usando para cada vez mais estar próxima do agricultor?
A Ourofino Agrociência tem como propósito reimaginar a agricultura brasileira, desenvolvendo soluções que atendam com eficiência os produtores locais. Com foco nas culturas de cana-de-açúcar, soja, algodão e milho, a empresa baseia-se em três pilares que sustentam o seu propósito: Inovando para a Agricultura Brasileira, Presença Constante. Construindo Valor e Crescendo com a Agricultura Brasileira. O último tem como objetivo incentivar e promover o empreendedorismo, a interação e a colaboração entre os membros da comunidade agrícola, contribuindo para o reconhecimento e a evolução do agronegócio brasileiro. Acompanhando as mudanças que a transformação digital traz para a sociedade, utilizamos plataformas de marketing on-line para oferecer aos clientes uma experiência única de relacionamento. Essas mídias disponibilizam aos produtores informações relevantes ao seu negócio, auxiliando as tomadas de decisões.
Sobre a Ourofino
A Ourofino Agrociência é uma empresa nacional, fabricante de defensivos agrícolas. Sua fábrica está localizada em Uberada e possui capacidade de produção de 120 milhões de litros por ano. São mais de 50 mil metros quadrados de área construída, com equipamentos modernos e ambiente automatizado.
Equipe Global Agrochemicals, 17/10/2017