ENTREVISTA
O Brasil continuará dependente da importação de defensivos, diz CropChem
O Brasil continuará dependente da importação de defensivos, diz CropChem
José Leão, é sócio fundador da CropChem Ltda, administrador de empresas com vasta experiência no setor de Defensivos Agrícolas, com mais de 30 anos de trabalho no segmento, está na direção da CropChem desde a sua fundação em 2000.
1 – O Brasil importou cerca de 220,7 milhões de dólares em defensivos em maio deste ano, mostrando a grande dependência que o país tem do mercado internacional. Você acredita que este cenário de larga importação de defensivos possa mudar no país e quais medidas poderiam ser tomadas?
Entendemos que este cenário deve se manter, ou até mesmo ser ampliado, tendo em vista que no Brasil há muitos anos não possuímos uma política industrial de médio/longo prazo. No caso dos Defensivos Agrícolas, a situação é ainda mais grave, pois depende-se de uma grande gama de matérias primas, que deveriam ser produzidas localmente para viabilizar a produção nacional. Hoje, vemos China e Índia despontando como grandes fornecedores mundiais, com indústrias verticalizadas, infraestrutura adequada e baixo nível de burocracia, o que os torna extremamente competitivos.
2 – As safras de soja e milho esse ano registraram recorde de produção e seus preços estão com potencial de aumento o que irá fortalecer o produtor rural. Como este cenário está refletindo no mercado de defensivos?
A safra de grãos deste ano foi excelente. Os preços, entretanto, ainda estão em um nível baixo, fator este que travou as vendas, e em consequência há um atraso na comercialização de insumos. Com a expectativa de melhora nos preços dos grãos, espera-se que a aquisição de insumos tenha uma evolução positiva no segundo semestre.
3 – Com a constante evolução e adaptação das pragas aos defensivos presentes no mercado, quais medidas você acredita que podem ser aplicadas para minimizar este problema? Apenas novas moléculas seriam a solução?
Como o Brasil é um país de dimensões continentais, não se pode ter uma única solução para o problema. Tendo em vista as nossas diferenças regionais/climáticas, uma solução que funciona bem no Sul pode não ter o mesmo sucesso no centro oeste, e vice-versa. Acreditamos que as medidas devam estar inseridas em um manejo preventivo, onde possam ser utilizadas todas as ferramentas disponíveis, como rotação de princípios ativos, sementes geneticamente resistentes, novas moléculas, etc..
4 – A Cropchem está há quase duas décadas no mercado e tem evoluído com novos produtos no portfólio. Quais são os planos da empresa para expansão no mercado nacional e internacional?
A Cropchem completou este ano 17 anos, entretanto devido ao longo tempo para obtenção de registros no Brasil, contávamos com apenas 6 princípios ativos habilitados para venda. Durante os últimos anos, trabalhamos duro e investimos forte no desenvolvimento do registro de novos ativos, tendo hoje mais de 70 em processo de registro, alguns iniciados há mais de 10 anos. Buscamos também o desenvolvimento de formulações mais modernas e seguras para os agricultores. Felizmente, este esforço está começando a ser recompensado. Para este ano, esperamos a aprovação de 6 novos registros, e para 2018 esperamos poder contar com o ingresso de mais 8, que nos possibilitará oferecer uma solução mais completa aos nossos Clientes. Com foco exclusivo no mercado brasileiro, pretendemos crescer significativamente nos próximos anos, já com algum reflexo em 2017.
5 – Mesmo com o momento favorável da soja e milho, alguns produtores de defensivos estão revendo seus planos de venda para 2017. Como vocês estão enxergando o momento da agricultura no país e qual a perspectiva da Cropchem para o segundo semestre?
A agricultura no Brasil tem mantido uma estabilidade em termos de área plantada e produtividade. A queda no preço dos grãos tem afetado, nos últimos anos, a expectativa de ganho dos agricultores, o que em muitas vezes resulta na diminuição do investimento em tecnologia. Além disso, o mercado estava com um alto nível de estoques, e o que estamos observando, é o retorno aos poucos a níveis mais saudáveis em alguns produtos. Quanto à Cropchem, nós estamos otimistas com a entrada de novas marcas em nosso portfólio, o que vai possibilitar ofertarmos uma cesta maior de soluções aos nossos clientes, com produtos eficientes e competitivos, e consequentemente tendo reflexo positivo no volume de nossas vendas.
Sobre a CropChem Ltda
Cropchem, uma empresa brasileira estabelecida em 2000, é dedicada à formulação e distribuição de produtos de proteção vegetal no Brasil. Possui escritório em Porto Alegre e atende todo o país.
Equipe Global Agrochemicals, 10/08/2017