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O mercado de defensivos biológicos no Brasil: Principais destaques e expectativas para o futuro


Em 2024, o Brasil bateu recordes em novos registros de defensivos agrícolas e desse montante, 106 registros correspondem aos defensivos biológicos, considerados de baixo risco, com relação a 2023, no qual foram aprovados 90 registros, houve um aumento de aproximadamente 18%.

Dentre os produtos biológicos, o princípio ativo de maior destaque é o Beauveria bassiana, um fungo entomopatogênico inimigo natural de mais de 700 espécies. O ativo contou com 28 novos registros, sendo 19 com o fungo isolado e os outros 9 em misturas com Metarhizium anisopliae. As empresas Noduagri e Bionat evidenciaram-se ao lançar três e dois novos registros contendo o microrganismo, respectivamente.

O segundo ativo em destaque é o Metarhizium anisopliae, que possui características semelhantes ao Beauveria bassiana, explicando a utilização conjunta de ambos. O microrganismo pode acometer mais de 300 espécies e contou com 15 registros de isolados, além das 9 misturas supracitadas. A empresa destaque se mantêm para a Noduagri, com três novos registros contendo o fungo.

Os defensivos biológicos à base desses fungos são, principalmente, utilizados como acaricidas e inseticidas microbiológicos, devido a seus modos de ação. Inicialmente, os esporos dos fungos aderem a cutícula da pele da praga, onde germinam e produzem enzimas para rompê-la. Assim, multiplicam-se em seus interiores, liberam toxinas e destroem órgãos vitais, eliminando o alvo. A cigarrinha-das-raízes, ácaro-rajado, mosca-branca e broca-do-café estão entre algumas das pragas que esses microrganismos podem controlar.

Além disso, já foram relatados efeitos positivos da utilização de Metarhizium anisopliae na promoção do crescimento de plantas, como a cana-de-açúcar. As crescentes pesquisas envolvendo o mercado de defensivos biológicos e seus princípios ativos podem evidenciar ainda mais benefícios para a implementação dos produtos nas lavouras.

Esquema do modo de ação do Beauveria bassiana

Fonte: Agropages

Atualmente, os defensivos biológicos possuem 647 registros e, além da relevância desses microbiológicos para o ano de 2024, eles permanecem como os maiores detentores de registros ativos. Desse total, Beauveria bassiana detêm 97 registros; Metarhizium anisopliae possui 89; e 30 registros contém a mistura de ambos, o que corresponde a aproximadamente 33,4% dos registros. Já a fila para os biológicos conta com 215 produtos, sendo 27 de B. bassiana, 19 de M. anisopliae, e 10 com mistura de ambos, cerca de 26% dos produtos.

Fonte: Ministério da Agricultura, adaptado por Global Crop Protection

As empresas de maior importância são a Koppert, com 10 marcas comerciais (7 para o Beauveria bassiana e 3 para Metarhizium anisopliae); a Simbiose, com 9 (para B. bassiana e M. anisopliae); e a Vittia, com 7 (4 com B. bassiana e 3 com M. anisopliae). Para a mistura, destacam-se a VitalForce e Agrobiológica, ambas com 3 marcas registradas.

A crescente difusão no uso de defensivos biológicos no Brasil reflete o crescimento e a diversificação do mercado de produtos biológicos no país, além de evidenciar a comoditização de ativos como Beauveria sp. e Metarhizium sp., entre outros. Tal contexto, somado à flexibilização dos registros promulgada pela Lei 15.070, do final de 2024, traz futuro promissor: pesquisas projetam crescimento exponencial no mercado brasileiro de defensivos biológicos, arrecadando R$ 16,9 bilhões até 2030.

A promessa de ascensão para o mercado de biológicos baseia-se no crescimento da busca por soluções mais sustentáveis dentro da agricultura mundial. Os defensivos biológicos são produzidos a partir de ativos naturais e renováveis, que possuem baixa toxicidade e demonstram grande efetividade no uso conjunto com os defensivos químicos, de acordo com o conceito proposto  pelo Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Com a crescente especulação, algumas das grandes empresas fornecedoras do mercado de defensivos químicos tem se lançado também no setor de biológicos, ampliando sua divisão de produtos em bioinsumos. Assim, pode-se esperar maiores competitividades no mercado de biológicos para os próximos anos e consequente queda nos preços dos ativos.

*Dados considerando as classes de biológicos: acaricida, acaricida/inseticida, agente biológico de controle, bactericida, fungicida, fungicida/inseticida, inseticida e nematicida.

 

Fonte: Equipe Global Crop Protection

Fonte da imagem: Freepik

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