A gigante alemã do setor químico BASF quer continuar a crescer no mercado português, onde fatura atualmente cerca de 250 milhões de euros e conta com uma gama de mais de seis mil produtos comercializados, sendo uma presença constante no cotidiano de empresas e famílias.
A aposta centra-se nas indústrias nacionais com maior potencial de crescimento, como o automóvel e a química, a par da área agrícola, afirmou ao Diário Económico o diretor-geral da BASF Portuguesa, Gunther Sthamer.
Portugal serve igualmente de plataforma de apoio às operações do grupo BASF, na Angola. Uma estratégia que é para manter. “Estamos a trabalhar com parte da nossa equipe para ajudar a realizar negócios na Angola e definir-se, no futuro, haverá uma BASF na Angola”, destaca o gestor.
Está Distante qualquer investimento industrial no país.
O compromisso com o mercado lusitano passa assim pelo reforço da comercialização e pelo estabelecimento de parcerias com os clientes, como é o caso da fábrica da AutoEuropa, onde têm uma equipe que dá assistência à pintura dos veículos.
“A atual presença em Portugal estende-se a numerosas áreas de negócio, mas os pontos fortes são o setor automobilistico, quer nas tintas ou na produção de plásticos destinados aos veículos, bem como nos químicos para pneus e nos líquidos usados nos carros (travões, radiadores e combustíveis),” destaca o director-geral da BASF Portuguesa.
Outro negócios de referência desta multinacional é o sector da construção (isolamento, revestimentos e tintas), seguido do agro-químico, com destaque para os fungicidas e insecticidas. “Esta última é uma área muito sensível e obriga a que se conceda suporte técnico aos agricultores”.
Há 67 anos em Portugal tem uma carteira de 200 clientes, a BASF Portuguesa tem acompanhado o percurso da indústria nacional, tendo chegado a deter participações em alguns projetos, que mais tarde abandonaria, como o caso da unidade de Rio de Mouro que entrou no portifólio da multinacional no âmbito da aquisição da Degussa.
“Sempre nos adaptámos ao mercado nacional. Estivemos ligados à indústria têxtil, mas ao longo do tempo muitas destas empresas foram perdendo peso ou simplesmente desapareceram, o que nos obrigou a focar em outros campos de trabalho”, destacou Gunther Sthamer.
O gestor perspectiva uma evolução “constante” do mercado português. “É um mercado maduro. Não estamos em mercados emergentes, com taxas de crescimento na ordem dos 6% a 7%. Vivemos aqui da constância do negócio. Mas o que temos aqui é muito interessante”, sublinha.
É neste contexto que descarta a aposta em novas unidades industriais. “Neste momento, não faria sentido em termos económicos. Não existe aqui uma indústria específica que justifique a montagem de uma fábrica. Falta massa crítica e há um excesso de capacidade do setor químico a nível mundial. Não tem a ver com os custos de contexto nacionais”, acrescenta Gunther Sthamer.
Com um volume de vendas na ordem dos 74 mil milhões de euros, registado em 2014, a multinacional alemã viu a sua performance para o decorrer do ano situar-se abaixo das previsões. Causa esta a queda da economia mundial, com destaque para os mercados emergentes.
Sapo.Economico, 02/12/2015