MERCADO
Custo de produção da soja deixa produtores de MT apreensivos
Custo de produção da soja deixa produtores de MT apreensivos

Em Sorriso, médio-norte de Mato Grosso, produtores rurais fizeram as contas e perceberam que a rentabilidade com a soja será apertada nesta safra que se inicia. Mesmo assim, a expectativa de baixa remuneração e o alto custo não devem diminuir a área de cultivo da oleaginosa, devido ao planejamento antecipado dos produtores. Serão cultivados aproximadamente 8,8 milhões de hectares, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Na propriedade de Argino Bedim, já foram cultivados sete dos 15 mil hectares de soja que o agricultor vai plantar nesta safra. Ele percebeu que os custos de produção estão mais caros neste ano. O preço dos defensivos subiu cerca de 8% em relação ao ano passado. A explicação é que o produto foi muito usado na safra anterior para combater lagartas, gerando uma demanda maior e por isso o preço subiu.
A alta rentabilidade que a soja vinha apresentando nos últimos anos fez com que o preço dos insumos e defensivos disparassem, na opinião do produtor. “A agricultura é sempre assim, é colocado o preço de insumo e fertilizante que o agricultor aguentar pagar. Isso foi nivelado lá em cima, e adquirimos os produtos para esta safra 2014/15. Prevemos uma baixa na soja, vejo uma safra muito difícil”, analisa.
Segundo números do Sindicato Rural do município, o custo de produção por hectare nesta safra é de R$ 2.193, quase R$ 50 a mais que a do ano passado. Para o produtor, reduzir custos pode impactar na produtividade. “Não tem como você diminuir uma aplicação para lagarta, para percevejo. Assim você vai ter um prejuízo ainda maior, então não tem como o agricultor diminuir custo, se ele fizer isso é um tiro no pé”, observa Bedim.
O agricultor Clayton Tessaro espera por mais uma boa chuva para começar o plantio de dois mil hectares. Ele acompanha pelo computador as cotações da soja.
“Se você travar na bolsa futura, você vai ter um preço hoje em torno de R$ 38 a R$ 40. Vai ser bem apertado, tem que trabalhar bem enxuto, ter um custo bem calculado para ter uma rentabilidade e contar com a sorte”, calcula Tessaro.
Na tentativa de diminuir o custo da produção, ele se reúne com outros agricultores de uma cooperativa do município para ganhar força de negociação, tanto na compra como na venda do grão.
“Isso que buscamos na questão de volume, de estrutura de recebimento de fertilizantes, estrutura de pagamento, isso traz mais confiabilidade e melhora preço para compra e para venda”, ressalta o gerente comercial da cooperativa, Rafael Piaia.
Mesmo diante de um cenário de rentabilidade apertada, os produtores acreditam no sucesso da atividade. “A esperança é a última que morre. Somos agricultores, o que sabemos fazer é plantar e colher bem e a nossa parte vamos fazer”, conclui Argino Bedim.
G1, 20/10/2014
Imagem: G1