MERCADO

Dificuldade de crédito impulsiona barter

Dificuldade de crédito impulsiona barter


Pagamento com produtos agrícolas chegou a crescer 300% em empresas de sementes e defensivos. O atual momento econômico fez com que as vendas de insumos agropecuários recuassem de forma significativa em 2015. O cenário tem afetado o bolso dos produtores rurais, que encontram dificuldades de acesso ao crédito junto a instituições financeiras. Com isso, as transações por barter – troca de insumos por produtos agrícolas – tem ganhado cada vez mais espaço no mercado, chegando a crescer 300% em algumas empresas do setor.

A operação é simples: ao invés do pagamento ser feito em dinheiro ele é feito em sacas de grãos. Para o recebimento das mercadorias, as empresas se utilizaram de tradings parceiras, que fazem compra e venda de commodities agrícolas. As culturas que mais demandam esse tipo de operação são as de soja, algodão, café e cana-de-açúcar.

As transações ainda prometem outros benefícios, já que diversas empresas não cobram taxas de juros. “Por se tratar de uma prestação de serviço, não oneramos o preço em relação a outras modalidades de pagamento. Pelo contrário, para esta operação há vantagens reais, como  o não-pagamento de corretagem e o financiamento dos custos operacionais. O cliente somente terá custos caso venha a cancelar a operação antes da liquidação”, destaca Paulo Soares, gerente de barter da Bayer CroopScience.

A empresa de defensivos teve aumento de 300% nas operações até novembro de 2015. “O mercado financeiro está descobrindo que o segmento de dívida agrícola é atrativo, e a remuneração está bem adequada ao risco”, acrescenta Soares.

No mercado de máquinas e tratores, a operação ainda é recente. Uma das pioneiras do segmento foi a New Holland, que passou a implementar as operações por barter em abril, durante a Agrishow. “Sabíamos que o acesso ao crédito seria difícil neste ano, então buscamos essa solução como forma de sustentar o número de vendas”, destaca Jefferson Kohler, gerente de marketing da companhia, reforçando que as vendas da empresa recuaram 20% no acumulado do ano de 2015. “Tivemos uma queda menor que a do mercado, acredito que o barter contribuiu para parte significativa disso”.

Desde que aderiu às transações por troca de produção, a New Holland registrou mais de R$ 10 milhões em negócios na modalidade, o que representa cerca de 5% da receita da empresa no período. Para 2016, a expectativa é de que esse tipo de transação alcance 10% do volume de negócios da empresa.

O aumento nas transações por barter também tem sido grande no setor de sementes. A Monsanto, uma das gigantes do segmento, também registrou aumento de 300% nas operações no ano-safra 2014/15 em relação a 2013/14. 

Portal DBO, 10/12/2015

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