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Especialista australiano no controle de Helicoverpa spp. visita Mato Grosso

Especialista australiano no controle de Helicoverpa spp. visita Mato Grosso


O entomologista australiano David Murray, especialista no manejo integrado de pragas, estará em Mato Grosso nos próximos três dias. Um dos principais palestrantes do 9º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em setembro de 2013, Murray é o entomologista com mais experiência em bioecologia e estratégias de controle de Helicoverpa spp. na Austrália, desde antes da adoção do algodoeiro Bt.  Nesta vinda a Mato Grosso, Murray, que trabalhou para o governo de Queensland, como pesquisador por mais de 38 anos, vai mais uma vez compartilhar a experiência exitosa de seu país no controle de Helicoverpa spp.

Na Austrália, raramente utilizam-se inseticidas para o combate às lagartas do gênero Helicoverpa (H. armigera e H. punctigera) e o controle da praga no país, que é um dos quatro maiores exportadores de fibra do mundo, é realizado através do uso de variedades do algodão geneticamente modificado Bollgard II®. No entanto, para manter a eficiência da tecnologia foi elaborado um Plano de Manejo de Resistência de Helicoverpa spp. à Bollgard II, que é seguido à risca pelos produtores.

Assim que chegar a Cuiabá, Murray seguirá para Unidade Experimental do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) – braço tecnológico da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), em  Primavera do Leste, onde se reunirá com o entomologista Miguel Soria e outros pesquisadores do Instituto. Ele visitará áreas experimentais e lavouras comerciais de algodoeiro na região. O australiano também visitará um experimento conduzido por Soria, em parceria com Paulo Degrande, pesquisador da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), na Fazenda Ouro Branco, situada no Núcleo Regional Centro.

Na noite de sexta-feira (16 de maio), a partir de 19h30m, Murray participará de reunião técnica na sede da Cooperfibra em Campo Verde, com o tema  “Manejo de lagartas-praga de difícil controle nos sistemas de produção do MT: foco em Helicoverpa armigera e na cultura do algodoeiro”, ao lado de Degrande e Soria. Produtores e técnicos estão convidados para o evento que abordará aspectos como o Manejo de Helicoverpa armigera com ferramentas alternativas aos inseticidas químicos (vírus, Trichogramma, variedades Bt, etc) em algodoeiro – viabilidade e perspectivas futuras; Uso de tecnologias Bt e refúgio com enfoque em algodoeiro; e Controle químico de Helicoverpa armigera em algodoeiro.

Case de sucesso – Durante sua participação no 9º CBA, realizado em Brasília pela Ampa,  o pesquisador David Murray contou que a Austrália vinha perdendo a batalha contra a Helicoverpa spp e acumulando prejuízos financeiros, ambientais e sociais até ser adotado um conjunto de medidas que foi capaz de reduzir significativamente a praga no país.  

“Criamos uma comissão gestora do monitoramento da resistência de pragas a inseticidas e variedades Bt de algodoeiro (IRMS), que possibilitou a criação de estratégias de manejo da resistência da praga a essas táticas de controle na Austrália. Esse órgão faz parte da Cotton Australia e sua criação foi liderada por institutos de pesquisa, como o CSIRO. O governo investiu mais de dois dólares por fardo em pesquisa. O objetivo é preservar a vida útil de inseticidas e as tecnologias Bt de algodoeiro (inicialmente Ingard® e posteriormente Bollgard II®). No caso de inseticidas, por exemplo, definiram-se ações como a proibição do uso de duas aplicações consecutivas de um mesmo grupo de químico. Ainda hoje, as restrições de utilização de defensivos são muito rígidas”, afirmou Murray, em Brasília, acrescentando outro fator que ele considera fundamental para o sucesso do programa: o treinamento de pessoal que atua nesse processo.

Segundo o pesquisador, não precisou de lei nem decreto para adesão dos cotonicultores ao plano de manejo de resistência. “Todo mundo percebia a gravidade da situação e os benefícios que ações propostas iriam trazer. E ainda hoje não relaxamos na vigilância e cuidados. Para tanto, fazemos revisão todo ano dos procedimentos, momento em que avaliamos a necessidade de novas restrições às classes de inseticidas e as configurações de áreas de refúgio, dentre outras ações”, comentou. Apesar das rígidas medidas, o país só conseguiu baixar a um nível satisfatório a população da Helicoverpa spp. nas plantações com a introdução de plantas expressando proteínas de Bt, por meio de variedades geneticamente modificadas para apresentarem resistência à praga. A experiência da Austrália demonstra que é “importante ficar sempre a um passo à frente senão o sistema de produção fracassa”, alertou Murray durante o 9º CBA.  O entomologista tem inúmeras publicações sobre o tema e foi consultor da  Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa)/Fundação BA no ano passado no que diz respeito à problemática de Helicoverpa armigera no Oeste da Bahia.

Agrolink, 15/05/2014

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