MERCADO
Não tem como voltar para a capinação, diz gerente da Basf sobre herbicidas
Não tem como voltar para a capinação, diz gerente da Basf sobre herbicidas
Umas eventual retirada de herbicidas do mercado poderá provocar prejuízos sérios para o agronegócio e a economia brasileira de forma geral. Foi o que afirmou o gerente sul-americano de inovação da Basf, Ademar De Geroni, sobre a iniciativa do Ministério Público Federal de Brasília (MPF/DF) de pedir uma análise mais detalhada de alguns desses produtos.
Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu o prazo de 90 dias para finalizar as pesquisas sobre os impactos de cinco fórmulas de agrotóxicos na saúde humana. O principal alvo é o glifosato, princípio ativo mais conhecido e utilizado contra as ervas daninhas.
“Creio que na área de dessecação é difícil achar uma solução que auxilie o produtor, e seria uma situação de impacto na agricultura, de não controlar as plantas daninhas de forma eficiente, gerando uma queda drástica na produtividade. Não tem como voltar (para a capinação): só na soja são 31 milhões de hectares”, explicou o executivo.
No catálogo da Basf, há cerca de 10 herbicidas que funcionam como “tecnologias parceiras” do glifosato. O herbicida já tem sido menos eficiente, diante da resistência maior de ervas daninhas como a buva, uma das mais prejudiciais ao campo. A empresa alemã gasta anualmente cerca de 350 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, sendo mais de 20% só em herbicidas.
Entretanto, alega a indústria, mesmo com todo o investimento, ainda não há substitutos seguros para os herbicidas estudados pela Anvisa. Se estes produtos forem proibidos, as empresas ficarão devendo uma solução imediata, já que a pesquisa e a parte burocrática de registro de novos produtos podem demorar uma década. “Não é simplesmente criar o herbicida, mas formular a variedade resistente (a esse produto) e fazer a introspecção do produto, do gene na variedade, para depois inserir no mercado, o que leva 8 a 10 anos, não menos que isso”, diz o gerente da Basf.
“Tirando um produto como o glifosato, vai cair cerca de 20, 30, 40% em produtividade, dependendo do nível de infestação, e outros fatores. Sem dúvida, é bastante significativo, inviabilizaria muitas áreas”, argumenta. Quando há proibição de um modo de ação, explica De Geroni, isso expõe as plantas daninhas a outro nível de resistência, gerando problemas maiores. “Nosso posicionamento nessa questão é que precisa ter sustentabilidade no agro, e isso só se faz com ferramentas suficientes”, avalia.
Globo Rural, 30/06/2015