MERCADO

O maior oligopólio da história no setor agro-alimentar está prestes a se concretizar

O maior oligopólio da história no setor agro-alimentar está prestes a se concretizar


No dia 14 de setembro, a gigante empresa alemã Bayer, anunciou que fechou acordo para comprar a empresa americana do setor agro-químico Monsanto. Este desfecho não era difícil de prever face às longas e demoradas negociações que se arrastavam há meses. A transação foi fechada por 59 mil milhões de euros, cerca de 66 mil milhões de dólares, significando uma valorização de 128 dólares por ação.

Se a notícia se findasse no parágrafo anterior, teríamos em substância o fato de uma empresa gigante no setor adquirir outra empresa da área por um grande montante, aumentando a sua quota de mercado no fornecimento de sementes e na venda de químicos para a agricultura (entre um quarto e um terço do mercado). Contudo, a realidade não termina aqui.

Em Julho, as gigantes empresas americanas de químicos Dow Chemical e Du Pont estabeleceram um acordo de fusão, que está neste momento a aguardar luz verde por parte da Comissão Européia e das autoridades para o setor nos Estados Unidos. Em Agosto, a ChemChina, maior corporação chinesa na área dos químicos comprou a empresa suíça ligada à agricultura, Syngenta. O negócio aguarda a averiguação por parte das autoridades competentes em todo o mundo, todavia a transação já contêm a aprovação do Comité de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS).

O panorama de futuro, incorporando estes negócios, leva à uma situação de oligopólio, em que 6 empresas com atuação em setores como a agricultura, químicos e alimentação passam a ser 3 corporações com uma dimensão planetária. Dos Estados Unidos, passando pela Alemanha e Suíça, e terminando na China, está aqui presente um domínio do setor por parte de um nicho de empresas que prometem aglomerar ainda mais o mercado.

Por parte das empresas, estas alterações do status quo existente devem-se sobretudo ao fato da diminuição de vendas que se tem verificado nos últimos anos, com excepção da empresa alemã Bayer que parece estar em contra-ciclo. A mesma empresa considera que os próximos anos serão de desafio extremo, principalmente em matéria de agricultura sustentável devido à sobrepopulação no futuro próximo. O responsável da Monsanto afirmou também que os agricultores estarão melhor servidos com empresas que apostam em novas tecnologias. Do discurso dos responsáveis destas empresas, parece ficar claro que para ultrapassar esta fase econômica difícil, a solução está na criação de um tecido empresarial sólido.

Por parte das pessoas que se posicionam contra este novo paradigma, a organização de defesa dos consumidores SumOfUs considera que o negócio Bayer-Monsanto é uma “ameaça ao nosso abastecimento de alimentos e à todos os agricultores do mundo” . A associação criou uma petição chamada “Stop the Bayer-Monsanto mega merger” destinada ao CEO da Bayer, Werner Baumann que conta neste momento com mais de 535 mil assinaturas. Roger  Johnson, presidente da União Nacional de Agricultores Americanos alertou que com a conclusão destes negócios, as empresas podem estabelecer preços mais elevados nos produtos fundamentais à atividade em conjunto com menos oferta de forma generalizada.

O novo esboço empresarial do sector pode alterar substancialmente os hábitos dos produtores mas também dos consumidores. Agora, apenas uma empresa pode fornecer sementes e químicos no mesmo pacote em doses massivas, quando até aqui o mercado apresentava-se mais diversificado e concorrencial.

Shifter, de Portugal, 26/09/2016

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