A suíça Syngenta, uma das maiores companhias globais de insumos agrícolas, fechou uma captação de R$ 190,5 milhões com a emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA). Foi a terceira operação com títulos dessa natureza feita pela companhia. Em 2012, a empresa captou R$ 85 milhões com CRAs e em 2013, R$ 83 milhões.
A nova operação, também realizada por meio da securitizadora Octante, tem prazo de dois anos e ofereceu a investidores rendimento equivalente à taxa do depósito interfinanceiro (DI) mais 0,21% ao ano. Os títulos têm isenção de imposto de renda para pessoas físicas.
O número de participantes na operação patrocinada pela Syngenta dobrou neste ano na comparação com 2013, conta a sócia-diretora da Octante, Fernanda Mello. Foram 31 distribuidores de insumos e seis produtores rurais de grande porte. Na emissão passada, haviam sido 16 distribuidoras e outros seis produtores. “A participação do agronegócio vem crescendo”, avaliou ela.
Dos seis produtores de grande porte – que compram insumos diretamente na Syngenta, ou seja, sem a intermediação de revendas -, quatro são da Bahia. Entre eles está João Carlos Jacobsen, eleito presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) para os próximos dois anos. Também participou a firma agrícola Agrinvest, que atua na região conhecida como “Mapito” – confluência entre os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.
“Trata-se de uma nova fonte de financiamento aos grandes produtores. Em suma, eles já compraram os insumos para a safra 2014/15 e vão pagá-los com os recursos agora captados no CRA”, diz Fernanda.
As distribuidoras de insumos “embutem” uma centena de clientes – ou seja, produtores rurais de pequeno e médio portes que já adquiriram defensivos e sementes a prazo, por meio da emissão de Cédula de Produto Rural (CPR) ou duplicata. Os recebíveis da venda de insumos são usados como lastro da operação. “Além disso, a emissão tem seguro de crédito”, acrescenta Fernanda.
Além da Syngenta, outras companhias do agronegócio – umas mais conhecidas, como a Raízen, e outras menos famosas, como a café Eisa – já acessaram o mercado de CRAs. Mas essas operações ainda têm muito espaço para crescer. Em outubro, o estoque de CRAs alcançou R$ 1,7 bilhão na Cetip. Apesar de significar um aumento de 98% em relação ao saldo de outubro de 2013, ainda está abaixo do potencial de originação de recebíveis no agronegócio, estimado em R$ 67,5 bilhões considerando-se apenas as vendas anuais de sementes, defensivos e fertilizantes.
Valor Econômico, 20/11/2014