MERCADO
Syngenta está negociando com ChemChina após rejeitar Monsanto
Syngenta está negociando com ChemChina após rejeitar Monsanto
Dois meses e meio após rejeitar uma oferta de US$ 46 bilhões da Monsanto Co., a suíça Syngenta AG voltou ao jogo desta vez com a China.
A China National Chemical Corp. está negociando a compra da fabricante de pesticidas naquela que seria a maior aquisição de uma empresa chinesa na história, disseram fontes informadas sobre o assunto. As ações da Syngenta apresentaram o maior ganho em seis meses.
A ChemChina, como a empresa estatal é conhecida, ofereceu cerca de 449 francos por ação em dinheiro, o que avalia a Syngenta em 41,7 bilhões de francos (US$ 42 bilhões), disse uma das fontes, que pediu anonimato porque a informação é privada. A Syngenta disse que o número era muito baixo, citando os riscos regulatórios de um acordo, mas que servia de base para as discussões, segundo a fonte. A empresa com sede na Basileia rejeitou uma oferta em dinheiro e ações pelo mesmo preço apresentada pela Monsanto, assim como uma oferta posterior de 470 francos por ação da mesma pretendente americana.
Embora o acordo não seja iminente, os dois lados mantêm as negociações e o acordo poderia sair nas próximas semanas, disseram as fontes. A Syngenta, que é a maior produtora de pesticidas do mundo, também está em negociações com outros possíveis pretendentes em um momento de avaliação das opções, disseram as fontes. As negociações podem fracassar e a Syngenta pode decidir continuar independente ou buscar, ela própria, alvos para aquisições, disseram as fontes.
Obstáculos antimonopólicos
A ChemChina disse que não poderia comentar imediatamente o assunto, em resposta por e-mail a perguntas. O porta-voz da Syngenta, Paul Barrett, preferiu não comentar, em resposta por e-mail. A Syngenta subia 7,5 por cento, para 371,80 francos, às 11h10 em Zurique. A ação chegou a avançar 11 por cento, maior ganho intradiário registrado desde 8 de maio.
“Uma combinação com a ChemChina sem dúvidas enfrentaria menos obstáculos antimonopólicos” do que com a Monsanto, escreveram analistas da Liberum Capital Ltd., inclusive Sophie Jourdier, em uma nota. Sétima maior produtora de químicos agrícolas do mundo, a ChemChina tem 5 por cento do mercado, contra 19 por cento da Syngenta e 8 por cento da Monsanto, disse ela.
Com o crescimento da economia chinesa nos últimos anos suas empresas estão se orientando cada vez mais ao exterior em busca de aquisições. Em uma das compras mais recentes de uma empresa suíça por chineses, a HNA Group Co., proprietária da quarta maior empresa aérea da China, fechou um acordo em julho para adquirir a administradora de aeroportos de cargas Swissport International Ltd. por 2,73 bilhões de francos.
Em março, a ChemChina fechou acordo para compra de uma participação de 26,2 por cento na Pirelli C. SpA da maior acionista da fabricante italiana de pneus em um acordo que avaliou o alvo em cerca de US$ 7,7 bilhões. A ChemChina e outras compradoras posteriormente apresentaram uma oferta pública de aquisição do restante da empresa, um negócio fechado neste mês.
Acordo comercial suíço
O governo suíço normalmente se abstém de comentar sobre aquisições e tem buscado cultivar laços econômicos com a China. No ano passado, a Suíça se tornou o segundo país europeu após a Islândia a assinar um acordo de livre comércio com a China, antecipando-se às suas rivais europeias e americanas.
“As grandes empresas chinesas estão buscando expandir sua presença global para ampliar suas operações internacionais”, disse Rajiv Biswas, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico da IHS Global Insight em Cingapura. “O Conselho de Estado da China revelou sua política “Made in China 2025″ em maio de 2015, que dá uma alta prioridade estratégica para que as empresas industriais chinesas formem suas marcas globais e subam na cadeia de valor global de fabricação”.
Essa estratégia orientada à globalização levou o investimento direto chinês fora do país a US$ 103 bilhões no ano passado, sendo que os grandes negócios de fusão e aquisição fazem parte da estratégia de expansão, disse ele.
Um acordo com a Syngenta entregaria à China uma posição importante na indústria agrícola global, que ganha cada vez mais importância à medida que o país importa mais alimentos.
Bloomberg, 13/11/2015