A cooperativa francesa Limagrain inaugura na próxima quinta-feira sua nova unidade de beneficiamento de sementes no Brasil, voltada às culturas de milho e sorgo. Situada em Goianésia (GO), a planta absorveu investimentos de R$ 60 milhões, e a expectativa do grupo é abocanhar, até 2018, de 6% a 7% do mercado de sementes de milho no país, dominado por gigantes como Monsanto, DuPont e Dow AgroSciences.
A tarefa de uma unidade beneficiadora de sementes é padronizar a semente bruta produzida no campo, tratando-a com defensivos antes de entregá-la diretamente ao produtor. Em 2011, a Limagrain adquiriu duas dessas unidades no país – uma da Brasmilho, de Goiás, e outra do Grupo Guerra, do Paraná. Entretanto, optou por desativá-las no fim do ano passado porque “não eram modernas”, explica Lee Anderson Porto, gerente de marketing da LG Sementes – marca sob a qual as sementes da francesa são vendidas no Brasil. “A nova unidade tem capacidade de produção seis vezes maior que as duas antigas unidades juntas”, diz.
A planta que será inaugurada em Goianésia terá capacidade inicial para produzir 100 mil sacas de sementes de sorgo e 1 milhão de sacas de milho (volume que poderá chegar a 2 milhões de sacas). Combinadas, as duas antigas plantas tinham capacidade para 350 mil sacas de sementes de milho. “Na verdade, a Limagrain estava interessada no mercado que essas empresas tinham, mas já pensava em fazer uma unidade nova”, afirma Porto. A cooperativa projeta faturar R$ 110 milhões no Brasil em 2015, mas espera chegar a cerca de R$ 300 milhões até 2019. Globalmente, a receita total do grupo está na casa dos € 2 bilhões.
Maior produtora de sementes da Europa e uma das quatro maiores do mundo, a Limagrain havia experimentado o mercado brasileiro na década de 1970, mas foi afugentada pela hiperinflação dos anos 1990. No recente retorno, associou-se ao Grupo Guerra e criou a Limagrain Guerra do Brasil para a produção de sementes de milho no Paraná, mas o acordo foi encerrado no início de 2014. Os dois grupos ainda são parceiros na produção e distribuição no mercado brasileiro dos produtos da marca Jacquet, de pães e bolos industrializados, fabricados em Guarapuava. Na outra região em que se estabeleceu, em Goiás, a Limagrain derrubou a unidade que pertencia à Brasmilho para erguer a nova beneficiadora de sementes, cuja logística é facilitada pela proximidade de rodovias e da ferrovia Norte-Sul.
Uma rede de cooperados em Goiás e Minas Gerais produz as sementes para a Limagrain em áreas irrigadas com o uso de biotecnologia da Monsanto e da Syngenta, mas a cooperativa também se dedica ao melhoramento de variedades. Além de beneficiar sementes de milho e sorgo, a francesa mantém uma divisão de sementes de hortaliças e começou recentemente a terceirizar o trabalho nas culturas de soja e trigo. “Nosso objetivo é ofertar 400 mil sacas de sementes de soja nas próximas duas safras”, afirma Porto.
No pacote de investimentos, a Limagrain prevê, ainda, a injeção de R$ 30 milhões nos quatro centros de pesquisa que tem no Brasil, em Sorriso (MT), Goiânia (GO), Londrina (PR) e Cruz Alta (RS). Na América do Sul, o grupo tem outros quatro centros de pesquisa (dois na Argentina, um no Chile e um no Peru), além de uma unidades beneficiadora de sementes no Chile, para quase 2 milhões de sacas de milho e girassol.
Valor, 18/09/2015