NOVAS TECNOLOGIAS

Pulverização eletrostática reduz uso de defensivos

Pulverização eletrostática reduz uso de defensivos


Para aumentar a eficiência da aplicação de agroquímicos novas tecnologias têm surgido, e entre elas está a pulverização eletrostática. De nome aparentemente complicado, a técnica gira em torno de uma premissa simples: de que os opostos se atraem.

“Imagine que você tenha no solo uma planta e em sua direção cheguem gotinhas carregadas positivamente. Então, ela, que era um corpo neutro, vai ficando carregada”, diz o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Aldemir Chaim. De acordo com ele, a carga da planta, nesse caso, passa a ser negativa e é assim que ela atrai as gotas dos agroquímicos. Ao puxar as pequenas partículas para si, o reflexo é a diminuição da deriva e a redução do desperdício de agrotóxicos.

Segundo o pesquisador, com a pulverização eletrostática a deposição chega a ser de 70%, enquanto no modelo tradicional acontece de não passar de 30%. Outra vantagem é a qualidade dessa deposição: “Ela melhora tanto sobre a parte superior quanto inferior da planta, porque ao invés de ir direto para o chão, a gota pode percorrer o caminho inverso”, explica. O processo de indução é aplicável a diversas culturas, dependendo do tipo de equipamento utilizado.

Tecnologia a serviço dos agricultores 

Depois de licenciar a tecnologia para lançamento de um pulverizador costal, a Embrapa Meio Ambiente trabalha agora num pulverizador portátil e máquinas pneumáticas eletrostáticas. A diferença entre os aparelhos está nos sistemas de eletrificação e no público que se quer atingir.

Pulverizador eletrostático: Fabricado pela empresa Bell”s, de Santa Catarina, o pulverizador eletrostático costal está sendo usado preferencialmente por produtores de legumes, frutas e verduras. Dotado de bateria, ele tem carga para operar a campo por uma média de seis horas.  “A calda recebe alta tensão, de 22 kV, e todo o sistema é isolado para proteção do aplicador contra descargas elétricas”, afirma Chaim. Chamado Jetbras, o  equipamento foi lançado em 2015 e até o momento agricultores que fizeram uso dele reportaram ter conseguido reduzir de 50% a 70% o volume de calda aplicado na lavoura.

Pulverizador eletrostático portátil: Voltado a produtores menores, o pulverizador eletrostático portátil deve estar disponível em breve. “Ele será fabricado pela Magnojet, uma empresa do Paraná, e o que muda, dentre outras coisas, é que pode ser acoplado a um costal que o produtor já tenha”. Mais barato, tem uma fonte de alta tensão e eletrifica o líquido na região do bico hidráulico, sendo movido a pilha.

Maquinário pneumático eletrostático: Por último, vale destacar que a tecnologia tem potencial para aplicação em grandes lavouras. “Hoje temos problemas gravíssimos com pragas de algodão, de soja; problemas que oneram os custos de produção e, pensando nisso, vamos montar um experimento em Mato Grosso, para tentar controlar o bicudo do algodoeiro”, diz o pesquisador. Uma vez que a área pulverizada será maior, os trabalhos serão conduzidos com o apoio de máquinas tratorizadas.

Hoje, segundo Chaim, a fabricação de maquinário pneumático eletrostático ainda é insipiente no Brasil, sendo mais comum nos Estados Unidos. “Mas temos uma empresa que domina essa tecnologia aqui e, no caso, é ela, a B&D Equipamentos Agrícolas, que tem trabalhado conosco nessa frente”. Por enquanto, o que foi patenteado e está disponível no mercado é um pulverizador com bico pneumático eletrostático transportado por carrinho de mão, cujo compressor é acionado por motor a gasolina ou elétrico. 

 

Portal DBO,06/06/2016

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