Tecnologia de aplicação inovadora pode ser solução contra o greening

Após se aposentar do cargo de Chefe de P&D da Syngenta, o PhD Gerardo Ramos ficou muito interessado em questões inspiradas no uso de microbiomas na saúde humana. Ele buscava entender se o microbioma dos insetos podia ser modulado para afetar a dinâmica populacional destes, o que reduziria o seu impacto no rendimento das colheitas, podendo tornar a agricultura mais sustentável para o futuro.

Agora como Diretor Científico da Invaio Sciences, Ramos e os pesquisadores exploraram várias opções e se depararam com o problema da entrega – como entregar compostos biologicamente ativos com especificidade alvo?

De acordo com ele, a maior parte dos problemas que impactam negativamente a agricultura tem relação com a forma de entrega das moléculas, sendo que apenas uma baixa porcentagem do volume aplicado em campo atinge  o microbioma dos insetos, que é o local de foco. Para resolver esse problema, a empresa tentou traduzir a ciência terapêutica humana para a agricultura.

No final de agosto, a Invaio anunciou a notícia da primeira aprovação regulatória para uso comercial da tecnologia Trecise, a qual será usada para fornecer um composto biologicamente ativo para a supressão da doença do greening dos citros em laranjas da Flórida. Essa doença vem causando grandes estragos na indústria cítrica do mundo e vem resultando em perdas significativas de rendimento e lucros desde 2006.

A tecnologia se baseia em uma microinjeção, para fornecer substâncias biologicamente ativas ao sistema vascular de uma árvore, que chegariam ao intestino do inseto durante a alimentação. Esse sistema de entrega mecânica de precisão visa melhorar a eficácia e reduzir os volumes de pesticidas utilizados.

O greening é transmitido pelo psilídeo cítrico asiático, que introduz uma bactéria no sistema vascular da árvore e eventualmente causa a morte da planta. O Trecise injeta um bactericida registrado chamado cloridrato de oxitetraciclina. Por atingir diretamente o sistema vascular das plantas – onde a doença se espalha – a ação do bactericida é muito mais eficiente em comparação às pulverizações.

De acordo com Ramos, o tratamento resulta em um excelente controle das bactérias e uma melhora na saúde das árvores e na qualidade do suco usando menos de 10% da substância, podendo representar um grande alívio para a citricultura mundial no controle do greening.

Fonte: Genetic Engineering & Biotechnology News, publicado em 25/09/2023

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