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Praga interceptada pelo MAPA pode representar ameaça para a fruticultura nacional
A fiscalização do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), barrou nesta semana a entrada de 576 quilos de pêssego contaminados no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A carga, que vinha dos Estados Unidos, foi interceptada por auditores fiscais federais agropecuários, que constataram a presença de uma praga quarentenária de risco à agricultura nacional. O material será encaminhado para incineração.
As frutas chegaram ao país por meio de importação regular na sexta-feira (07/06) e passaram pelo processo de análise padrão, que vem acompanhado de um certificado fitossanitário. Ainda assim, os auditores realizaram novos exames para conferir a segurança da carga e o resultado laboratorial confirmou a presença da Anarsia lineatella, uma broca da ordem Lepidoptera e ausente no Brasil. A lagarta está listada na Portaria SDA nº 617/2022, que atualiza a lista de Pragas Quarentenárias Ausentes (PQA).
“Diariamente chegam cargas de frutas importadas no aeroporto de Guarulhos. Sabemos que a emissão do certificado é baseada na inspeção de parte da carga, ou seja, de uma amostra. Então, cabe à Vigiagro certificar que a carga está realmente livre de qualquer praga que represente risco agropecuário. Então, ao entrar no Brasil, uma nova amostragem é realizada, levando-se os frutos para exames sob lupa, onde além da observação da parte externa, também são realizados cortes para observação da parte interna”, explica a auditora federal Sandra Kunieda, chefe da Vigiagro em Guarulhos.
Neste caso específico, ao realizar o corte de uma das frutas, encontrou-se a larva viva. “É um tipo de broca que ataca pomares de frutas de caroço e causa perda econômica significativa nos países onde ocorre. Mas como ela não existe no Brasil, as consequências de sua introdução para a fruticultura nacional são imprevisíveis. A medida emergencial adotada é a realização de fumigação, que é um tipo de tratamento químico, para mitigar os riscos de escape e introdução da praga no país. Depois, parte para incineração”, complementa a especialista.
O exame laboratorial que encontrou a praga foi feito no Agronômica – laboratório de diagnóstico fitossanitário, localizado em Porto Alegre (RS), e faz parte do processo padrão de vigilância. A ação da Vigiagro e dos servidores, seja em portos, aeroportos ou fronteiras secas, é diária e focada na proteção da agropecuária brasileira.
Anarsia lineatella é uma mariposa da família Gelechiidae. Conhecida como traça-do-pessegueiro ou broca-dos-ramos-do-pessegueiro, é comumente encontrada na Europa, mas foi introduzida na Califórnia na década de 1880. Sua envergadura é de 11 a 14 mm. As mariposas voam de junho a agosto, dependendo da localização. As larvas se alimentam de espécies de Prunus, incluindo Prunus avium, Prunus spinosa, Prunus doméstica e Prunus insititia. Na Califórnia, A. lineatella é uma praga significativa em plantações locais de amêndoas.
Esse inseto tem quatro estágios de vida: ovo, larva, pupa e adultos. Seus ovos são brancos e ovóides. São colocados individualmente ou em grupos nas folhas, galhos ou frutos da planta hospedeira. As larvas são de cor creme com cabeça marrom e pernas escuras. Elas perfuram os brotos, galhos e frutos da planta hospedeira e se alimentam do interior. As larvas podem passar por até cinco estágios instares. As pupas de Anarsia lineatella são de cor marrom claro, formadas dentro de um casulo de seda fiado pela larva. Elas são geralmente encontradas em rachaduras na casca da árvore ou nas folhas da planta hospedeira. Por fim, as mariposas adultas são de cor marrom acinzentada com manchas brancas nas asas anteriores. Elas são mais ativas à noite.
Fonte: Revista Cultivar, publicado em 13/06/2024
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