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A joaninha como um método eficaz de controle biológico de pragas


O inseto Coccinellidae, conhecido popularmente por “joaninha”, tem sido um importante aliado no chamado controle biológico de pragas em pomares, jardins e hortas. Esse inseto é capaz de comer até 50 pulgões por dia segundo pesquisadores, e combate outras pragas, como cochonilha, ácaro e mosca-branca, que afetam esses tipos de cultivo.

No controle biológico de pragas, os organismos nocivos são controlados por outro agente da cadeia alimentar, explica Alessandra de Carvalho Silva, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia. Além disso, a pesquisadora ressalta “É um método natural, que contribui para a redução do uso de inseticidas”.

Iniciativas pelos estados do Brasil, tem estimulado a utilização de joaninhas para combater pragas em cultivos domésticos. Em Belo Horizonte, a Secretaria de Meio Ambiente municipal criou um projeto para incentivar o controle biológico em pomares, quintais, hortas e jardins utilizando esses insetos.

Para isso, a prefeitura construiu uma biofábrica (um tipo de laboratório) capaz de criar milhares de joaninhas. No início do projeto, em 2018, a ideia era que os insetos fossem usados somente nas ações da própria Secretaria de Meio Ambiente, mas após grande sucesso com o público, o perfil do programa se ajustou. Hoje, as joaninhas estão disponíveis para todos os moradores da cidade. Basta se cadastrar no site oficial da prefeitura.

Segundo dados do município, desde o início do projeto foram criadas e inseridas na natureza cerca de 140 mil joaninhas. Somente em 2023, este número chegou a 39 mil. Neste ano, já foram entregues 9.200 espécies desse inseto.

De acordo com Alessandra, há duas formas de inserir as joaninhas em uma área de cultivo: uma delas é manter por perto da horta, jardim ou pomar, plantas que atraiam naturalmente os besouros. A pesquisadora afirma que “Para quem planta hortaliças, por exemplo, a ideia é intercalar algumas fileiras do cultivo original com uma fileira de plantas atrativas. Nos jardins, elas podem ser inseridas em floreiras ou vasos distribuídos pelo espaço”.

Conforme as pesquisas de Silva, entre as plantas que atraem as joaninhas, estão coentro, endro, salsa, picão, mil folhas, cravo amarelo, cominho, tomilho, gerânio e dente-de-leão, além de flores em formato de copo. Quem quer recorrer ao controle biológico usando as joaninhas também pode comprá-las na versão larvas ou adultas e soltá-las no ambiente.

“Uma joaninha vive em média de 3 a 9 meses e permanece no local em que foi inserida enquanto houver as pragas da qual se alimenta”, afirma Alessandra.

Segundo os especialistas, elas são “autônomas” e passam a buscar alimento por conta própria depois de soltas. Guilherme Trivellato, agrônomo, especialista na criação de insetos e dono da loja on-line Asas & Cores, afirmou que “Uma das dúvidas mais comuns é o que vai acontecer com elas a partir daí”. E destaca que “Elas são predadoras, precisam de pulgões, ácaros, cochonilhas e outros insetos para se alimentar. Com essas condições, vão se estabelecer normalmente e começar a botar ovos.”

Atualmente, quatro empresas têm registro no Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) para venda de joaninhas, mas apenas uma tem o inseto em seu catálogo.

“As joaninhas têm desenvolvimento holometabólico, ou seja, passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adultos. E quando estão na fase larval, elas já se alimentam dos pequenos insetos. Por isso, é importante reconhecer os formatos dessas larvas, que se apresentam com corpo alongado e escuro, com pequenas variações de acordo com cada espécie”, explica o agrônomo Trivellato.

Outra curiosidade é que há diversas espécies de joaninhas. Apesar de a versão mais conhecida ser a vermelha com sete pintas pretas, há variedades com aparência diferente, mas com a mesma função no controle de pragas.

A cycloneda sanguinea tem corpo arredondado, cor vermelha intensa e sem pintas; a eriopis conexa tem corpo alongado com cor preta e pintas amarelas e brancas; a hippodamia convergens é laranja-avermelhada, com pintas pretas; e a harmonia axyridis, conhecida como joaninha asiática, pode ser vermelha ou laranja, com presença ou não de pintas pretas.

 

Fonte: Globo rural, publicado em 09/04/024

Fonte da imagem: Freepik

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