SUSTENTABILIDADE
Embalagens de defensivos: Brasil é referência mundial em logística reversa
Embalagens de defensivos: Brasil é referência mundial em logística reversa
Não há, no mundo, uma iniciativa de logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas pós-consumo como no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), 94% das embalagens plásticas primárias (aquelas que entram em contato direto com o produto) são destinadas, devolvidas pelos agricultores brasileiros nas mais de 400 unidades de recebimento presentes em 25 Estados e no Distrito Federal. Índices como esses colocam o Brasil na posição de referência mundial neste segmento, ao destinar corretamente um percentual mais significativo de embalagens plásticas do que os países que possuem sistemas semelhantes.
Segundo estudo setorial realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o recolhimento chega a 76% na Alemanha, 73% no Canadá, 66% na França, 50% no Japão e 30% nos Estados Unidos. No Brasil, desde 2002, o Artigo 53, do Decreto 4.074, determinou que “usuários de agrotóxicos e afins devem efetuar a devolução das embalagens vazias e respectivas tampas aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos”. A legislação também prevê responsabilidades por parte dos canais de distribuição, dos produtores, das indústrias fabricantes e do poder público.
Pioneiro, o Programa de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos foi criado no ano 2000, antecedendo a legislação sobre o tema. Desenvolvido de forma itinerante pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas associadas, com o apoio da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), tem como objetivo preservar o meio ambiente de possível contaminação por descarte inadequado de embalagens vazias e disseminação de resíduos de agrotóxicos, além de proteger a saúde e a segurança dos produtores de tabaco e de suas famílias. Desde 2002, o programa também objetiva atender aos preceitos estabelecidos pela legislação vigente.
O primeiro recolhimento aconteceu no dia 23 de outubro daquele ano, na localidade de Rio Pardinho, interior de Santa Cruz do Sul (RS). De lá para cá, 563 municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são atendidos pela coleta itinerante que percorre 2,3 mil pontos de recebimento no meio rural nos dois Estados. O programa beneficia um universo de 130 mil produtores de tabaco gaúchos e catarinenses, com comodidade e segurança na devolução dos recipientes tríplice lavados em pontos de coleta localizados próximos de suas propriedades.
Em 2015, completa 15 anos de atividades e absoluto sucesso em termos de logística reversa de resíduos sólidos. Até o momento foram mais de 12,3 milhões de embalagens recolhidas. Estes números podem até levar à falsa interpretação de que a cadeia produtiva do tabaco utiliza uma carga elevada de agrotóxicos. Mas está comprovado que esta hipótese não é verdadeira. Como o tabaco no Brasil é uma cultura consolidada em minifúndios, as embalagens dos produtos utilizados são pequenas, com capacidade variável de, no máximo, até um litro. Por outro lado e por serem pequenos agricultores diversificados, os produtores de tabaco tem também a oportunidade de entregar as embalagens de produtos utilizados em outras culturas nas pequenas propriedades.
NOVIDADE – Neste ano, o programa itinerante apresentou uma novidade que está facilitando a coleta de dados e tornando mais fácil a gestão dos roteiros percorridos. Os registros que antes eram feitos de forma manual, passaram a ser feitos por um aplicativo. O novo formato de gestão dos dados do programa contempla o uso de dispositivos móveis (tablets) para o lançamento da quantidade de embalagens entregues por produtor. No momento da entrega, o cadastro do produtor é atualizado e este recebe o comprovante de entrega das embalagens, com o registro da data e da quantidade de recipientes entregues. “Com o software, teremos um programa ainda mais eficaz em termos de gestão, uma vez que o processo de geração de relatórios ficará facilitado e mais ágil. É mais um investimento e um avanço que damos em direção à saúde e segurança dos produtores e à proteção ambiental, objetivos prioritários do programa”, afirma o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke.
SindiTabaco, 22/10/2015