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Pesquisadores identificam compostos de Trichoderma hamatum com potencial para bioinsumo antifúngico


Pesquisadores do Reino Unido identificaram compostos voláteis produzidos pelo fungo benéfico Trichoderma hamatum GD12 com forte ação antifúngica contra Sclerotinia sclerotiorum.

O estudo revela que a produção desses compostos é ativada quando Trichoderma entra em contato com o patógeno, sugerindo um mecanismo químico de defesa induzido. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de bioinsumos mais eficazes no controle de doenças em culturas economicamente relevantes.

Trichoderma como biocontrole

O gênero Trichoderma é amplamente estudado pela sua capacidade de suprimir fitopatógenos, estimular o crescimento vegetal e ativar defesas da planta.

A cepa GD12 de T. hamatum já havia mostrado atividade supressiva contra S. sclerotiorum em experimentos anteriores com substrato de turfa. O novo estudo foca no papel dos compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês) emitidos durante a interação entre os fungos.

Produção induzida de compostos

Nos ensaios de confronto, T. hamatum GD12 e S. sclerotiorum foram cultivados juntos em placas de ágar por sete dias. A análise dos VOCs mostrou mudanças significativas na composição química do ambiente, com 22 compostos sendo exclusivos da co-inoculação. A produção máxima desses compostos foi observada no 17º dia após o início do cultivo conjunto.

Entre os VOCs identificados, destacam-se cetonas, furanos e sesquiterpenos. A substância 6-pentil-2H-piran-2-ona (6-PAP) foi a mais abundante, mas não apresentou ação antifúngica direta nos testes. Por outro lado, o composto 1-octen-3-ona demonstrou inibir completamente o crescimento de S. sclerotiorum, mesmo em concentrações muito baixas.

Ação fungicida

A 1-octen-3-ona também inibiu o crescimento de outros patógenos importantes: Botrytis cinereaPyrenopeziza brassicae e Gaeumannomyces tritici. Sua estrutura química inclui uma cetona conjugada com uma ligação dupla, sugerindo um mecanismo de inibição semelhante ao de fungicidas da classe das estrobilurinas.

O efeito fungicida foi confirmado ao expor S. sclerotiorum ao composto sem contato físico direto. Após 72 horas, o patógeno não se recuperou, mesmo quando removido do ambiente tratado. A molécula se mostrou ativa em concentrações até 100 vezes menores que a dose inicial de 45,5 μM.

Potencial para aplicação agrícola

Apesar do desempenho promissor in vitro, os autores alertam que testes em condições agrícolas são necessários. A 1-octen-3-ona já foi associada a inibição do crescimento de Arabidopsis thaliana, o que indica a necessidade de estudar possíveis efeitos fitotóxicos em culturas comerciais.

Outro composto com potencial é o 2-pentilfurano, que além da atividade antifúngica demonstrada contra S. sclerotiorum, tem propriedades estimulantes do crescimento vegetal. A combinação de efeitos pode favorecer o uso desse VOC como substituto de insumos químicos em sistemas sustentáveis.

 

Fonte: Revista Cultivar, publicado em 29/09/2025

Fonte da imagem: Freepik

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