USO E APLICAÇÃO
Agrodefesa orienta produtores sobre prevenção da cigarrinha do milho e seus impactos
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A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) orienta os produtores rurais para cuidados com a cultura do milho, especialmente no período de entressafra e semeadura da segunda safra que se aproximam. Além das medidas fitossanitárias relacionadas à produção, a principal atenção é em relação à prevenção da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), inseto vetor dos enfezamentos do milho, pragas que podem causar grandes prejuízos à produção goiana e nacional.
O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, informa que a Agência tem adotado ações de educação sanitária, junto à cadeia produtiva para assegurar a sanidade vegetal e a produtividade da safra. “A Agrodefesa tem buscado conscientizar os produtores, que são nossos parceiros, para a aplicação de estratégias eficazes na prevenção de pragas da cultura do milho. Goiás é hoje um dos principais produtores nacionais do grão e é preciso atenção quanto ao cumprimento das medidas fitossanitárias, incluindo o manejo integrado de pragas”, argumenta.
O Estado é hoje o terceiro maior produtor de milho do Brasil, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção estimada para a safra 2024/2025 em Goiás é de 12,7 milhões de toneladas, com acréscimo de 12,7% em relação à safra anterior. A área plantada também tem expectativa de crescimento passando de 1,74 milhão de hectares para 1,88 milhão de hectares – aumento de 8,1%.
A cigarrinha do milho é o inseto vetor de bactérias (espiroplasma e fitoplasma) pertencentes à classe dos moliculites. O espiroplasma (Spiroplasma kunkelli) causa o enfezamento pálido, enquanto o fitoplasma (Maize bushy stunt phytoplasma) causa o enfezamento vermelho. De acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os enfezamentos do milho têm se destacado entre as pragas mais preocupantes para a cultura nas últimas safras, com perdas severas em diversas regiões do país, e que podem chegar a 100% da plantação, em função da época de infecção e da suscetibilidade da cultivar plantada.
A gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, explica que para prevenir a propagação da cigarrinha do milho é necessária a atenção ao longo de toda a produção. “Nenhuma ação isolada é suficiente para controlar a cigarrinha do milho e os enfezamentos. Porém, a utilização simultânea, pelos produtores, de várias medidas de prevenção pode reduzir expressivamente o risco de danos acarretados por essas pragas”, reforça.
Desse modo, a Agrodefesa tem desenvolvido ações de educação sanitária, em parceria com instituições de pesquisa e entidades de classe, para alertar os produtores sobre a importância da eliminação da tiguera do milho. Dentre essas iniciativas estão a Campanha “Milho Tiguera Zero”, idealizada pela pesquisadora e proprietária da Estação de Pesquisa Agro Rattes, Dra. Jurema Rattes, com foco em conscientizar os produtores sobre a eliminação das plantas voluntárias que podem chegar a ser hospedeiras da cigarrinha do milho.
O coordenador dos Programa de Grandes Culturas da Agrodefesa, Mário Sérgio de Oliveira, explica que a tiguera do milho pode servir como ponte entre uma safra e outra e favorecer a perpetuação da praga no campo. “As populações da cigarrinha D. maidis concentram-se nas plântulas de milho tiguera para abrigo, alimentação e postura. Quando em um grupo de plantas de milho tiguera há, pelo menos, uma cigarrinha infectante, que se movimenta entre essas plantas para se alimentar, ocorre transmissão desses patógenos para todas as demais plantas. Por isso é importante a eliminação desse milho voluntário fora do período da safra”, explica.
Outras medidas adotadas incluem a capacitação dos fiscais estaduais agropecuários da Agrodefesa, com a participação de representantes das entidades parceiras da campanha, para que possam atuar na conscientização dos produtores rurais sobre a importância da eliminação das plantas voluntárias de milho. Também estão sendo divulgados informativos direcionados aos produtores rurais e demais envolvidos na cadeia do agronegócio goiano, elaborados pela Agrodefesa.
A Agrodefesa realiza ações de educação sanitária ao longo de todo o ciclo produtivo, para orientar os produtores sobre os cuidados que devem ser tomados durante a entressafra, semeadura, cultivo, colheita e pós-colheita, com o objetivo de alertar os produtores sobre o manejo da cigarrinha, responsável por transmitir doenças como o enfezamento pálido e vermelho. As ações foram listadas pela Embrapa e Ministério da Agricultura e Pecuária e detalham boas práticas que devem ser adotas em todas as etapas da produção:
Entressafra
- Eliminar as plantas voluntárias de milho (tigueras) e manter a lavoura no limpo, sem plantas daninhas;
Semeadura
- Sincronizar o período de semeadura na região;
- Evitar a semeadura do milho em proximidade de lavouras mais velhas com alta incidência de enfezamentos;
- Utilizar híbridos de milho com maior tolerância genética aos enfezamentos;
- Utilizar sementes certificadas e tratá-las com inseticidas registrados no Mapa;
- Tratar as sementes para reduzir a transmissão dos molicutes na fase inicial da cultura.
Cultivo
- Monitorar a presença da cigarrinha entre as fases VE (emergência) e V8 (oitava folha) do milho e aplicar os métodos de controle recomendados para reduzir ao máximo a população de cigarrinhas;
- Rotacionar os modos de ação para evitar a resistência da cigarrinha aos inseticidas;
- Controlar a qualidade da colheita e evitar a perda de espigas e grãos.
Após a colheita
- Transportar corretamente o milho colhido para evitar a perda de grãos nas estradas;
- Fazer a rotação de cultivos e evitar o plantio sucessivo de gramíneas.
Fonte: Revista Cultivar, publicado em 26/02/2025
Fonte da imagem: Freepik