USO E APLICAÇÃO
Pesquisador apresenta estratégias de manejo integrado para reduzir os danos da Mancha-alvo
Nos últimos anos, a mancha-alvo, doença causada pelo fungo Corynespora cassiicola, tem se tornado um problema cada vez mais importante nas lavouras brasileiras de soja.
Nesta safra, ela já chegou. Produtores da Região Centro-Oeste têm relatado frequentemente sintomas clássicos da doença em plantas com menos de 50 dias após a emergência (DAE).
E as condições climáticas das próximas semanas tendem a ser bastante propícias para o desenvolvimento do fungo.
O fungo causador da doença tem uma ampla gama de hospedeiros, sendo capaz de infectar diversas espécies de plantas daninhas, bem como culturas economicamente importantes, na região, especialmente o algodoeiro, explica o pesquisador Maurício Stefanelo, da Ceres Consultoria Agronômica.
Ele sobrevive em restos de cultura, sementes infectadas e no solo, tornando-se uma ameaça perene.
Os sintomas iniciais, que ainda podem ser confundidos com sintomas de outras doenças, ou mesmo fitotoxicidade, caracterizam-se por pequenas pontuações marrom escuro com halo amarelado que evoluem para o sintoma clássico da doença, manifestando-se como manchas circulares com anéis concêntricos que conferem o aspecto de um “alvo”.
Condições ideais para o desenvolvimento da doença incluem temperaturas entre 20°C e 30°C, umidade relativa acima de 80% e períodos prolongados de molhamento foliar. Nestas circunstâncias, os primeiros sintomas surgem entre 5 e 10 dias após a infecção, diz Stefanelo.
Cultivares suscetíveis podem sofrer perdas de até 40% na produtividade.
Estudos mostram que o fungo reduz a eficiência fotossintética não apenas nas áreas lesionadas, mas também em tecidos aparentemente saudáveis, diminuindo a capacidade de assimilação de carbono pela planta. Isso se deve à produção de toxinas que induzem necrose em tecidos foliares.
O impacto no processo fotossintético resulta em menor enchimento dos grãos, queda significativa da produtividade e pior qualidade do produto final.
Embora não existam cultivares com resistência à mancha-alvo, uma abordagem integrada de manejo pode mitigar os danos, ensina Stefanelo. Entre as práticas recomendadas estão:
Rotação de culturas: alternar a soja com culturas não hospedeiras, especialmente gramíneas, reduz o inóculo presente nos restos culturais.
Boas práticas agronômicas: adubação balanceada, espaçamento adequado, população de plantas ajustada e uso de sementes certificadas são medidas que contribuem para a saúde geral da cultura.
Fungicidas foliares: o uso de misturas, especialmente contendo carboxamidas e triazóis, tem mostrado eficácia, especialmente quando aplicados preventivamente, sempre em associação a multissítios. A alternância de modos de ação dos fungicidas aliada ao uso dos multissítios ajuda a evitar a seleção de isolados resistentes. É fundamental garantir cobertura adequada das folhas, especialmente nas áreas inferiores da planta.
Ensaios cooperativos realizados na safra 2023/2024 destacaram o impacto do controle químico sobre a mancha-alvo. É importante consultar um engenheiro agrônomo para escolher a melhor opção.
Fonte: Revista cultivar, publicado em 21/12/2024
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