USO E APLICAÇÃO
Ferramentas de controle de pragas reduzem em 50% uso de inseticidas
Técnicas de manejo integrado de pragas e doenças da soja, implantadas ao longo dos últimos cinco anos em 612 lavouras do Estado, têm mudado o cenário da agricultura paranaense. Além de reduzir em 50% o uso de inseticida nas propriedades analisadas, essas práticas, conduzidas no Paraná pela Emater-PR em pareceria com a Embrapa, também geraram economia nos gastos com o controle de pragas.
O estudo com os dados sobre o uso das técnicas no Estado foi divulgado na quarta-feira (12), em Londrina, durante o Treinamento em Boas Práticas Agrícolas. O secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento George Hiraiwa, o chefe-geral da Embrapa Soja José Renato Bouças Farias, o presidente da Emater-PR Richard Golba, além de 150 extensionistas participaram do evento.
“São resultados surpreendentes que mostram que é possível ter uma agricultura mais eficiente, produtiva e sustentável, sempre em harmonia com o meio ambiente”, disse Hiraiwa, reforçando que o Paraná é pioneiro na utilização dessas práticas.
Números
A Emater e a Embrapa realizam os testes com o manejo integrado de pragas e doenças, conhecidas pelas siglas MIP e MID, desde 2013. Alguns exemplos dessas ferramentas são a utilização de parasitoides em uma determinada área ou a inoculação, que ocorre quando a soja recebe uma alta concentração de nitrogênio e passa a não depender do uso de fertilizantes.
No período de análise, o número de aplicações de inseticidas nas áreas acompanhadas pelas entidades foi de 2,1 ao longo de cada safra, enquanto que a média geral do Paraná foi de 4,1. “Isso gerou uma economia de dois sacos por hectare para o agricultor”, disse o coordenador do projeto Grãos da Emater, Nelson Harger. “Se for replicado para todos o Paraná, que tem cerca de 5,5 milhões de hectares de soja, os ganhos dos agricultores e o impacto na economia seriam enorme”, acrescentou.
Além da queda no número de aplicações de inseticida, as lavouras com MIP e MID também aumentaram o tempo médio da primeira aplicação do produto químico. Enquanto nelas o inseticida precisou ser usado após 67 dias, a média geral do Estado é de 38 dias. “quando usamos menos inseticida, maiores são as oportunidades para a colonização e o desenvolvimento de agentes de controle biológico que auxiliam o agricultor na proteção da sua lavoura contra o ataque de pragas”, disse Harger.
Safra 17/18
Na última safra (2017/2018), os manejos de pragas e doenças foram conduzidos em 215 lavouras comerciais de soja (unidades de referência) de 93 municípios paranaenses nas regiões Noroeste, Norte, Sul, Sudoeste e Oeste.
Um dos produtores que utilizou as técnicas foi Richard Dijkstra, 48, da Fazenda Frankana, em Carambeí, nos Campos Gerais.
Ele contou que passou a usar as ferramentas há cerca de cinco anos, quando percebeu que o modelo utilizado até então não era nada sustentável. “Eu costumava fazer sete aplicações de inseticidas com produtos agressivos. Hoje, além de realizar apenas quatro, com produtos de baixa toxicidade, também faço o monitoramento e contagem de pragas e inimigos naturais”.
Nas últimas safras, ele obteve uma economia entre R$150 e R$200 por hectare ao utilizar o manejo integrado de pragas. Sua propriedade tem 1.780 hectares de cultivo.
Jornal do Oeste, 14/09/2018
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