USO E APLICAÇÃO
Greening avança e mobiliza estados com estratégias rigorosas de proteção fitossanitária

O avanço do greening — ou huanglongbing (HLB), considerada a mais devastadora doença da citricultura — acende o alerta em alguns estados do Brasil. Enquanto o Paraná decretou estado de emergência fitossanitária e intensificou ações de erradicação e fiscalização, Goiás identificou novos focos e atua para conter a disseminação.Já o Rio Grande do Sul reforça a prevenção para manter o status de área livre da praga.
Desde que a doença voltou a se espalhar com força em 2021, especialmente nas regiões Norte e Noroeste, o Paraná mobilizou produtores, entidades e o poder público. A iniciativa conjunta inclui ações do Sistema FAEP, da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) e da Secretaria de Agricultura.A partir de um decreto do governador Carlos Massa Junior, o estado declarou emergência fitossanitária no fim de 2023.
Desde então, promove operações como a “BIG Citrus”, com fiscalização em pomares comerciais e domésticos. Mais de 57 mil plantas foram erradicadas em 24 municípios, e 254 comerciantes de mudas foram inspecionados.
O trabalho do Paraná, amparado pela Portaria 317/2021 do Ministério da Agricultura, exige a eliminação de plantas com sintomas de greening em um raio de 4 km ao redor das áreas comerciais contaminadas. A erradicação de plantas jovens é obrigatória. A resposta rápida, segundo a Adapar, é crucial, pois os sintomas da doença podem demorar até um ano para aparecer — quando já é tarde demais.
A atuação integrada também resultou na criação da Câmara Setorial da Cadeia da Citricultura do Paraná, com representantes de órgãos públicos, cooperativas e empresas do setor. O modelo tem chamado atenção: técnicos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul já iniciaram intercâmbio com o Paraná para replicar as estratégias de combate à doença.
Em Goiás, a Agrodefesa identificou plantas com sintomas de HLB em pomares de tangerina ponkan no município de Anápolis. A agência acionou protocolo imediato de contenção, com coleta de amostras, instalação de armadilhas e orientação técnica aos produtores.
A resposta faz parte de um conjunto contínuo de ações da Agrodefesa para manter a sanidade vegetal do estado. Levantamento fitossanitário entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025 inspecionou mais de 2,5 mil hectares, cobrindo viveiros e propriedades comerciais em 12 regiões goianas. A praga já foi registrada, sob controle, também em Campo Limpo de Goiás e Quirinópolis.
Segundo a coordenadora do Programa de Citros, Mariza Mendanha, a Agência tem reforçado a conscientização sobre a importância das mudas certificadas e do controle do vetor.Ações educativas, fiscalização de comércio ilegal e campanhas junto a viveiristas complementam o trabalho.
Para o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, o esforço conjunto é essencial para garantir a sustentabilidade da fruticultura goiana e proteger o mercado estadual e internacional.
Com o avanço do greening em Santa Catarina, especialmente após o surto registrado em Xanxerê em 2022, o Rio Grande do Sul montou um plano de contingência para evitar a entrada da doença. Até o momento, o estado segue sem ocorrência confirmada da praga.
A estratégia inclui barreiras sanitárias nas divisas com Santa Catarina e Paraná, fiscalização de cargas e mudas, e monitoramento do psilídeo vetor (Diaphorina citri). Em setembro de 2024, 384 armadilhas foram instaladas em 77 municípios gaúchos, com coletas quinzenais e análise laboratorial.
“Todas as amostras coletadas até agora deram resultado negativo”, afirma a engenheira agrônoma Maria Luíza Conti, da Secretaria da Agricultura do estado. Segundo ela, o plano é ampliar o número de armadilhas e cidades cobertas ano após ano.
Fonte: Agrofy News, publicado em 23/04/2025
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