USO E APLICAÇÃO
Lavouras de Petrópolis, RJ, utilizam sistema de controle de fungos
Lavouras de Petrópolis, RJ, utilizam sistema de controle de fungos
A implantação de uma Unidade de Pesquisa Participativa (UPP) em Petrópolis, Região Serrana do Rio, está garantindo hortaliças de maior qualidade a agricultores e consumidores. Desde março, o controle biológico contra doenças fúngicas (provocadas por fungos) vem apresentando bons resultados nas microbacias do Caxambu e Bonfim.
“O projeto das UPPs se baseia na experiência participativa entre instituições de pesquisa e extensão rural junto aos produtores, para experimentação e adaptação de tecnologia, uso de defensivos alternativos e disseminação de resultados de práticas em controle biológico de lavouras de hortaliças. Em breve, esperamos desdobrar este trabalho para as demais microbacias de Petrópolis”, explicou André Azevedo, executor do Programa Rio Rural
O trabalho de controle biológico consiste em duas ações paralelas: a aplicação do fungo Trichoderma por meio da pulverização ou “vacinação” de mudas de hortaliças folhosas; e a utilização deste mesmo agente de biocontrole no solo e em canteiros. O objetivo é o controle do mofo cinzento (Botrytis cinerea), do mofo branco (Sclerotina sclerotiorum e S. minor), do Fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. Lactucae) e da Rhizoctonia.
O trabalho é desenvolvido em parceria com a Pesagro-Rio, o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio (Iterj), a Associação dos Produtores Hortigranjeiros e Floricultores do Caxambu e agricultores do Bonfim, no planejamento, execução e na avaliação dos resultados.
Agricultores apoiam pesquisas
Para o agricultor José Arthur Martins Diniz, que comercializa mudas no Caxambu há 13 anos, o trabalho da UPP na microbacia está gerando resultados positivos. “No inverno, eu perdia muitas mudas. Na horta, com o mofo branco, e na estufa, com o mofo cinza. Com a pulverização e o acompanhamento dos técnicos, não temos mais este problema aqui. As mudas estão com raízes mais fortes e os produtos acabam ficando mais bonitos e maiores”, comentou Diniz.
O trabalho realizado com o produtor José Arthur acaba afetando positivamente toda a microbacia, já que suas mudas são compradas por grande parte dos agricultores da cidade. “O objetivo das pesquisas é adaptar essa tecnologia à realidade de cada produtor e, assim, controlar os fungos em cada microbacia”, ressaltou o técnico André Azevedo.
A mesma técnica utilizada na microbacia do Caxambu foi implantada na localidade do Bonfim, com mais seis produtores rurais. Para o consultor de Agroecologia do Rio Rural, Eiser Felippe, a atuação das UPPs, acompanhada pelos agricultores, legitima os resultados em campo e possibilita que a comunidade também participe do processo, popularizando a prática.
Sobre o Trichoderma
O Trichoderma é um fungo habitante natural do solo, que tem a capacidade de se alimentar ou produzir substâncias que inibem o crescimento de diversos patógenos (microorganismos que causam doenças no solo), como Fusarium, Rhizoctonia e Sclerotinia – este último, a causa do mofo branco.
Os efeitos benéficos do Trichoderma na agricultura para a redução de doenças já são conhecidos há décadas. No entanto, sendo um organismo vivo, ele precisa de cuidados especiais e monitoramento das lavouras.
Pontos favoráveis do uso do Trichorderma
– Tem papel fundamental na nutrição e vigor da planta, gerando nutrientes
– Capacidade de colonizar bem o sistema radicular e proteger as plantas contra vários patógenos (proteção de doenças)
– Como combate pragas e doenças, contribui para a redução do uso de agrotóxicos e, por consequência, dos danos causados por eles à saúde humana e ambiental
– Por ser um controle natural, o Trichoderma não deixa resíduos nos alimentos (sem resíduos)
– Pode ser utilizado no tratamento de sementes, evitando que doenças atinjam as plantas nesse estágio
Globo Rural, 03/12/2015