USO E APLICAÇÃO

Manejo integrado é necessário para o controle da cigarrinha-das-raízes


Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), é considerada uma das pragas mais prejudiciais à cultura da cana-de-açúcar no Brasil. Seu ataque pode comprometer severamente o desenvolvimento da planta, afetando diretamente a produtividade. A seguir, detalhamos o ciclo de vida, danos causados, sintomas observados, momentos críticos de ataque e principais estratégias de controle para mitigar os prejuízos.

O inseto passa por um ciclo de vida com quatro estágios principais: ovo, ninfa, pré-pupa e adultos. Os ovos são depositados no solo, próximos às raízes da cana-de-açúcar, e a eclosão ocorre em condições favoráveis de temperatura e umidade, principalmente durante o início da estação chuvosa.

As ninfas são as responsáveis pelos maiores danos, pois se alimentam das raízes, sugando a seiva e excretando uma substância espumosa que as protege de predadores naturais e dificulta o uso de controle químico. Esse estágio dura cerca de 30 a 40 dias. Após esse período, as ninfas se transformam em pré-pupas e, posteriormente, em adultos, que continuam se alimentando da seiva da planta, mas de maneira menos agressiva que as ninfas.

O ataque tende a ocorrer com mais intensidade durante os períodos de alta umidade e temperaturas moderadas, condições que favorecem tanto a oviposição quanto o desenvolvimento das ninfas. No entanto, é nas fases de seca prolongada que os danos se tornam mais aparentes, pois a planta já está sob estresse hídrico, o que potencializa os efeitos negativos da praga.

Os principais danos causados pela cigarrinha ocorrem nas raízes, afetando a capacidade da planta de absorver água e nutrientes. Com isso, o desenvolvimento da cana é drasticamente reduzido, resultando em menor altura, diâmetro dos colmos e menor produtividade em relação à sacarose.

Adicionalmente, a cigarrinha-das-raízes abre portas para infecções secundárias por fungos e bactérias, o que pode agravar a situação do canavial. Em ataques severos, a perda de produtividade pode ultrapassar 40%, tornando o controle da praga uma prioridade para os produtores.

Os sintomas mais comuns de ataque por cigarrinha incluem: amarelecimento das folhas, devido à redução na absorção de nutrientes; enfraquecimento da planta causado pelo comprometimento do sistema radicular, que leva ao crescimento reduzido e baixo vigor; morte de perfilhos em infestações graves, devido à falta de nutrientes e à ação de patógenos oportunistas.

O manejo eficaz exige a adoção de estratégias integradas que combinam controle biológico, cultural e químico como, controle biológico, onde inimigos naturais, como o fungo Metarhizium anisopliae, têm mostrado bons resultados no controle das ninfas. O uso de agentes biológicos é uma alternativa sustentável e de baixo impacto ambiental, sendo amplamente recomendado em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP); práticas culturais, com a rotação de culturas, preparo adequado do solo e eliminação de restos culturais são medidas que ajudam a reduzir a população da cigarrinha. Além disso, a melhoria da drenagem do solo pode dificultar o desenvolvimento das ninfas, que dependem de ambientes úmidos; controle químico, com inseticidas específicos podem ser usados quando a infestação atinge níveis críticos, mas devem ser aplicados com cautela para evitar a resistência da praga e o impacto sobre o meio ambiente. O monitoramento constante do canavial é essencial para determinar o momento correto de intervenção.

A cigarrinha-das-raízes é uma praga que requer atenção constante dos produtores de cana-de-açúcar, especialmente em regiões com condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento. A adoção de um manejo integrado, combinando diferentes métodos de controle, é fundamental para manter a produtividade dos canaviais e garantir a sustentabilidade da produção.

Fonte: Socicana, publicado em 28/11/2024

Fonte da imagem: Freepik

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