USO E APLICAÇÃO

Monitoramento e informação são fundamentais para controle da mosca branca

Monitoramento e informação são fundamentais para controle da mosca branca


A mosca branca é uma praga que está cada vez mais presente nas lavouras de Mato Grosso. A preocupação com a infestação já vem da última safra de soja e ela se alastra pelas lavouras de feijão do Estado. “Na reunião do grupo de discussão de Nova Mutum surgiu a demanda para se tratar desta praga, pois os produtores perceberam problemas nas regiões de pivôs de feijão. Com algumas áreas abandonadas, a mosca branca migrou para outras lavouras”, explicou César Martins, delegado coordenador da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) em Nova Mutum.

Para discutir sobre o problema e apontar soluções para o manejo da mosca branca, foi realizada nesta quinta (11) a primeira Rodada Técnica de Mosca Branca, em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Quase 50 agricultores, consultores, fiscais e pesquisadores participaram do evento, que visitou áreas de plantio de feijão atingidas pela praga. “Este é o início de um trabalho que precisaremos fortalecer para a frente, pois temos condições de melhorar se trabalharmos como uma força-tarefa”, afirmou Gilberto Eberhardt, delegado coordenador do Núcleo da Aprosoja em Lucas do Rio Verde.

O agricultor Cristiano Costa Beber explicou que em sua área de feijão há a doença chamada “mosaico”, que é transmitida pela mosca branca como vetor. “Há muita área contaminada em toda a região e está vindo para a nossa lavoura. Já fizemos muitas aplicações de inseticidas, mas é muito difícil de controlar”, avaliou.

Já Lino Ambiel, também agricultor de Nova Mutum, estima que deve perder 50% de sua produção de feijão nesta safra devido à praga. “Houve custo alto com as aplicações de inseticidas e agora a perda na produtividade. Ainda tem a preocupação com a próxima safra de soja. É preciso conscientizar a todos sobre o manejo”, frisou. A terceira área visitada foi do produtor Otávio Gallo, em Lucas do Rio Verde, onde a pressão não foi tão forte.

“Eu acredito muito na técnica. Nós monitoramos a área, principalmente, e verificamos a hora certa de aplicação. Não pode se desesperar por causa da incidência do inseto, pois pode acabar fazendo alguma coisa sem orientação e elevando seu custo. Acho fundamental ter acompanhamento técnico, um profissional que se dedique àquele trabalho e saiba usar o manejo integrado aliado aos produtos no momento certo”, salientou.

A fiscalização é ato contínuo do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT) e, por isso, o órgão participou da rodada. “Estamos fiscalizando neste momento o cumprimento do vazio sanitário da soja e também em locais onde há pivô. A partir das próximas safras, poderemos pensar em fiscalizar os manejos para que todos usem as mesmas estratégias para evitar a infestação”, explicou Waldemir Batista, agrônomo do Indea-MT na unidade de Lucas do Rio Verde.

Durante a rodada, os participantes puderam ver diversos cenários. De acordo com Rafael Pitta, pesquisador da Embrapa, isso já demonstra que não existe um padrão e, por isso, é preciso entender a melhor forma de conduzir em cada área. É nítido, segundo ele, que os produtores não podem ficar baseados somente em uma estratégia de controle. “Basear só no controle químico, em qual o melhor inseticida não é interessante, o histórico já mostrou que não funciona. Cada vez mais é preciso reforçar o uso de boas práticas agrícolas, passando aí por manejo integrado de pragas, material resistente, controle químico eficiente, controle biológico, manejo cultural, como vazio sanitário, por exemplo. A integração destas estratégicas é que vai ter produção mais sustentável tanto ambientalmente, como financeiramente”, afirmou.

A Tribuna MT, 13/08/2016

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