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Novo cenário da soja projeta custos em alta e preços em queda

Novo cenário da soja projeta custos em alta e preços em queda


Os custos de produção no campo subiram em comparação ao ano passado. Um dos motivos é o aumento dos juros, que acompanhou a evolução da taxa básica. A Selic em doze meses passou de 7,5% para os atuais 11% ao ano. Os gastos com defensivos agrícolas também devem crescer, por causa da alta de preços e da maior incidência de pragas. Por isso, o risco está maior esse ano, pois o patamar de preços pode recuar, caso se confirme o cenário desenhado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (UDA) no relatório do último dia 30 de junho.

Pegar dinheiro emprestado já está mais caro e pode subir ainda mais, se houver nova alta da taxa básica de juros, a Selic. “O custeio pode ser pressionado para cima mais uma vez, principalmente para as principais commodities, pois ficará mais caro o custo do dinheiro”, afirma o diretor-adjunto da Federação Brasileira dos Bancos do Brasil, Ademiro Vian.

Nas lavouras de soja e milho, os custos de produção por hectare já subiram em relação ao ano passado, de acordo com o diretor da Agroconsult, André Pessôa. Para ele, o custo geral aumentou, mas não para todos os itens já que os fertilizantes estão com preços inferiores ao ano passado. “No caso da soja, a baixa eficiência dos fungicidas, principalmente no combate a ferrugem asiática, tem impulsionado os custos. No milho, a dificuldade está no controle de pragas. Os investimentos em máquinas e o custeio com agroquímicos também estão mais altos”, afirmou.

O produtor rural e também diretor do Câmara Setorial da Soja vinculada ao Ministério da Agricultura, Glauber Silveira, observa que a cada ano são batidos recordes sucessivos de custos de produção das lavouras. “Historicamente o gasto com fertilizantes equivale a 10 sacos por hectare. Num ano difícil vai a 14 sacas. Os desembolsos com defensivos correspondiam a 6 sacas por hectares, no Brasil inteiro. Pasmem, nós estamos gastando com defensivos de 12 a 14 sacas por hectare. Perdeu-se o controle. É um absurdo o que tem acontecido em relação aos gastos com defesa vegetal”, diz Silveira.

O risco é crescente para a renda do setor agrícola no País. E isso ocorre porque os preços estão passando por alteração de patamar, aponta o consultor, Flávio França Junior. Ele diz que o mercado está assimilando a nova realidade apresentada pelo USDA. “Realmente muda o patamar de preços. A projeção é de colheita cheia e conseqüentemente de queda ainda maior nos preços. A colheita ainda nem começou, portanto ainda há possibilidade aumento na pressão sobre os preços, se as lavouras continuarem em bom estado”, conclui França Junior.

Na região Centro-Oeste do Brasil, onde grande parte das operações de compra dos produtores são dolarizadas, a soja cotada a US$ 12/bushel em Chicago pode gerar prejuízos de US$ 150 A US$ 200 por hectare, afirma o diretor da Câmara Setorial da Soja. “Está ficando muito difícil para quem é pequeno e médio produtor no Brasil. No ano em que a safra vai bem nos Estados Unidos a gente quebra aqui no Brasil”, alerta Gláuber Silveira.

Rural BR, 02/07/2014

Imagem: Ernesto de Souza/Ed. Globo

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