USO E APLICAÇÃO
O aumento da infestação de broca na cana-de-açúcar e a necessidade de um manejo adequado
A broca-da-cana (Diatraea saccharalis) é uma das pragas mais prejudiciais para a cana-de-açúcar e outras gramíneas cultivadas no Brasil, como milho, arroz e trigo. No mês de novembro de 2024, o clima quente e com chuvas acima da média em diversas regiões do país criou condições ideais para a proliferação dessa praga, que ameaça impactar severamente as lavouras.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), novembro está sendo marcado por umidade elevada e temperaturas acima da média na maior parte do Brasil, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. E essas condições climáticas favorecem o desenvolvimento da broca-da-cana, cujas larvas se tornam mais ativas em ambientes quentes e úmidos.
A combinação de calor e chuva aumenta a probabilidade de infestações, principalmente em áreas de rebrota ou na fase inicial do cultivo. A segunda quinzena de novembro promete continuidade nas chuvas e temperaturas elevadas, a preocupação com a broca-da-cana permanece alta. Esses fatores contribuem para um ambiente propício à praga, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde a umidade e o calor criam um cenário favorável para o aumento populacional das larvas.
O ataque da broca pode ser identificado já no terceiro mês após o plantio, quando as larvas perfuram o colmo da planta e formam galerias internas. Os primeiros sinais incluem o secamento das folhas apicais e a paralisação do crescimento. Esse sintoma, conhecido como “coração morto”, ocorre porque a praga destrói as gemas apicais, essenciais para o desenvolvimento da planta. Nos casos mais graves, as galerias podem enfraquecer a estrutura do colmo, causando o tombamento da planta e facilitando a entrada de fungos que apodrecem a cana, como o Fusarium spp., resultando em podridão vermelha. As galerias formadas pela broca resultam em perdas de peso e qualidade dos colmos, diminuindo o teor de açúcar, o que afeta diretamente a produtividade e o rendimento da lavoura. Esses danos, especialmente quando combinados com infecções fúngicas, podem reduzir a rentabilidade da safra para a indústria.
Algumas opções de manejo, são: o controle biológico, onde a introdução de parasitoides como o Cotesia flavipes e o Trichogramma galloi tem sido eficiente no combate à broca-da-cana. Esses agentes biológicos controlam a praga nas fases larval e de ovo, com liberação em massa no momento ideal, ajudando a manter a infestação sob controle e minimizando o impacto na lavoura.
O controle químico, em que para aumentar a eficácia dos inseticidas, a aplicação deve ser feita nas fases iniciais de desenvolvimento da praga, antes que as larvas penetrem nos colmos. No entanto, o uso de produtos seletivos é recomendado para não comprometer os agentes biológicos de controle.
E o monitoramento, sendo que um monitoramento rigoroso permite a identificação precoce das infestações e o manejo adequado, reduzindo a necessidade de intervenções mais severas. O acompanhamento contínuo auxilia na tomada de decisões estratégicas, com base nas fases de desenvolvimento da cana e nas condições climáticas.
Sendo assim, o manejo eficiente da broca-da-cana é fundamental para proteger o potencial produtivo dos canaviais, especialmente em períodos de clima desfavorável. A combinação de controle biológico, uso criterioso de inseticidas e monitoramento constante forma a base para uma defesa eficaz contra a praga, evitando perdas econômicas significativas e preservando a qualidade da produção.
Fonte: Agrolink, publicado em 12/11/2024.
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