ENTREVISTA

Diretor Executivo do Grupo Farroupilha fala sobre defensivos biológicos

Diretor Executivo do Grupo Farroupilha fala sobre defensivos biológicos


Fernando Urban, Diretor Executivo do Grupo Farroupilha, concedeu ao Global Agrochemicals uma entrevista falando sobre defensivos biológicos no Brasil. Fernando é formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Lavras com ênfase em Gestão Estratégica do Agronegócio. Como Diretor Executivo do Grupo Farroupilha desde 2006, é responsável pelo planejamento estratégico em conformidade com a missão da empresa, seus valores e visão de negócios. O Grupo Farroupilha ganhou destaque recentemente quando o seu Laboratório foi adquirido pela multinacional canadense Lallemand, referência mundial na área de biológicos.

1- O mercado brasileiro de defensivos biológicos deve registrar crescimento entre 15% a 20% nas vendas dos próximos anos, de acordo com ABCBio.  Este aumento é explicado pelo fato de mais pessoas buscarem por alimentos sem resíduos. Quais são as maiores dificuldades para a aceitação e utilização destes produtos no mercado?

Os produtos biológicos foram por muito tempo desacreditados.  Nós do Laboratório Farroupilha começamos nossas atividades em 2006.  Naquela época era difícil encontrar produtos de qualidade no mercado brasileiro.  Os produtores aplicavam os produtos e não viam nenhum resultado, uma vez que não havia germinação ou uma concentração mínima para expressar seus benefícios.  Então foi com dificuldades que entramos neste mercado tendo inicialmente que quebrar o falso paradigma de que produtos biológicos não funcionavam.  Após 10 anos, com produtos de qualidade no mercado, esse paradigma começa a mudar.  Outra barreira de entrada são os registros, desde a pesquisa para seleção do melhor isolado até lançar o produto no mercado gastam-se no mínimo 5 anos.

2- Por se tratar de biológicos era de se imaginar que as barreiras fossem menores do que para defensivos químicos. Você pode detalhar melhor essas barreiras?

Para ser sincero não é menor, por incrível que pareça.  Pela via convencional o defensivo biológico passa pelo mesmo caminho de um defensivo químico, precisando de aprovação do MAPA, ANVISA e IBAMA. É preciso fazer todos os testes ecotoxicológicos com laboratório de análises certificado.  No Laboratório Farroupilha além de ter uma pessoa dedicada exclusivamente para esta finalidade, que é extremamente burocrática ainda contamos com consultorias especializadas. 

3- A formulação dos defensivos deve garantir a longevidade do agente biológico. A má formulação impossibilita atingir o mesmo controle de uma formulação bem elaborada. Quais são as medidas tomadas pela Farroupilha, durante sua produção, para manter a qualidade do produto? E quais são as recomendações e os cuidados que o usuário deve ter para a aplicação?

A formulação é onde mora o segredo do bio defensivo.  Com uma formulação adequada garantimos que o produto esteja viável com a concentração de rótulo até o seu vencimento.  Fato que não acontece em produções caseiras, pois além de levar contaminantes para a lavoura, não garantem nenhuma eficiência. É como uma semente. Já viu que existem sementes com germinação alta e baixa?  O mesmo acontece com os produtos biológicos e uma boa formulação é o fator chave de sucesso para garantir a eficiência do produto. Uma formulação adequada deve ter boa estabilidade, dispersibilidade, boa vida de prateleira e garantir que não obstrua os bicos dos pulverizadores no momento de sua aplicação.  As características intrínsecas de nossos produtos são asseguradas pelo nosso controle de qualidade.

4- Como responsável pelo planejamento da Farroupilha, quais são as suas expectativas para o mercado de biológicos no médio e longo prazo? E quais ações estão sendo tomadas pela empresa?

A perspectiva é excelente.  Acredito que a população de modo geral, aos poucos, vai tomando consciência de que existe um caminho enorme entre produtos orgânicos e não orgânicos.  Sendo os primeiros onde não se utiliza agroquímicos e, os segundos, aqueles que somente fazem o manejo com agroquímicos.  Entre estes dois extremos encontramos os alimentos que poderíamos chamar de alimentos responsáveis, frutos de uma agricultura mais consciente. Sabemos que em um país de clima tropical como o Brasil é impossível produzir alimentos em larga escala sem a utilização de agroquímicos. Mas eu posso assegurar, como filho de um grande produtor de alimentos, meu pai Inácio Urban, que podemos produzir de forma econômica, social e ambientalmente mais sustentável com um manejo intercalando a utilização de químicos e biológicos de forma complementar.  Desta maneira garantimos que as pragas e doenças não se tornem resistentes, pelo princípio da rotação de ingredientes ativos.

É importante que essa demanda venha de pessoas que vão à uma feira ou ao supermercado e no momento de escolha do alimento procure saber sua origem, e ter consciência de que os produtos biológicos vêm para contribuir com uma alimentação mais saudável e responsável, deixando um legado de orgulho para as futuras gerações.

5- No início do ano o grupo canadense Lallemand comprou o Laboratório Farroupilha. Como esta compra contribuiu e irá contribuir para o futuro da empresa?

Temos excelentes perspectivas a curto prazo de aumento de portfólio com produtos já consagrados mundo a fora, bem como de levar nossas soluções para o mundo inteiro.  Essa aquisição é motivo de orgulho para nós do Grupo Farroupilha e da família Urban, uma vez que fomos reconhecidos internacionalmente por um trabalho que começamos há apenas 10 anos. A Lallemand é uma empresa líder de mercado em diversos setores quando falamos de fermentação ou microorganismos, como é o caso da vinificação, onde é líder de mercado em fornecer leveduras para produção de vinhos e espumantes. Atua de forma exemplar também na saúde humana, nutrição animal, panificação dentre outros e conta com mais de 3.000 funcionários presente em 40 países.

 

GRUPO FARROUPILHA

Empresa familiar formada em 24 de maio de 1976 por Inácio Carlos Urban na cidade de  Patos de Minas – MG. Atualmente completando 40 anos e, em processo de sucessão familiar, o Grupo Farroupilha tem seu fundador na presidência e a colaboração administrativa de seus filhos Fernando Urban e Érika Urban. O negócio teve início com a produção de sementes de soja e hoje possui 20.000 ha de plantio, contemplando as culturas: algodão, café, milho, trigo e seus subprodutos, que são o caroço de algodão, a casca de café, os resíduos de milheto e os resíduos do beneficiamento do algodão. O Grupo Farroupilha também investe em pecuária de corte e, possui cinco unidades de beneficiamento de sementes e um Laboratório de Análise de Sementes credenciado pelo MAPA.

 

Equipe Global Agrochemicals, 26/09/2016

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