ENTREVISTA
Presidente da Albaugh Brasil fala em entrevista sobre os desafios da empresa no país
Presidente da Albaugh Brasil fala em entrevista sobre os desafios da empresa no país
O Presidente da Albaugh Brasil, Renato Seraphim, concedeu uma entrevista para falar sobre os desafios da Albaugh no Brasil.
Com 20 anos de experiência no agronegócio, através de importantes empresas do setor agroquímico, Seraphim já atuou como P & D, Suporte Técnico, Vendas e Marketing, atividades relacionadas ao Brasil e América Latina.
Sua formação acadêmica é em Agronomia pela Unesp Jaboticabal (SP), com curso de pós-graduação em Marketing pela FGV além de diversas especialidades em agronegócio (PENSA – USP, FDC, INSEAD e Universidade de Purdue).
1. A Albaugh está no Brasil desde 2005 através da compra da empresa Atanor, e somente em 2016 foi lançada como Albaugh Brasil. Como foi o desempenho da empresa em 2016 frente a um mercado extremamente competitivo?
A Albaugh está no Brasil desde 2005 como Atanor e em 2015 com a aquisição da Consagro, e em agosto de 2016 fizemos a mudança para o nome Albaugh Brasil. Queríamos utilizar o nome do fundador como marca e por ver na história do nosso fundador uma história muito parecida com o agricultor Brasileiro. Um empreendedor, Visionário e que ama a agricultura. Posso considerar que a fusão Atanor e Consagro foi um dos maiores casos de merger no mercado agro, pois crescemos 53% em um mercado que declinou 1% e saímos de 0,9% de share para 1,5%. Além de reforçar o time com vários profissionais experientes e cobiçados pelo mercado que acreditaram que podíamos construir uma empresa com foco no Agricultor
2. Com atuação em nível mundial, a Albaugh está presente nos mercados Europeu, Mexicano, Argentino, Canadense e Americano onde foi fundada. Qual a representatividade da empresa no Brasil? O que o mercado brasileiro significa para a Albaugh?
O Mercado Brasileiro de proteção de cultivos é o maior do mundo, e a Albaugh Brasil representa hoje 12% do faturamento do grupo, e em 2015 representou apenas 7%. Por ser o maior mercado do mundo, estamos confiantes que em 4 anos estaremos representando ¼ das vendas do grupo.
3. Localizada em Resende (RJ), a planta da Albaugh produz cerca de 30 produtos entre Herbicidas, Fungicidas e Inseticidas, além disso em 2016 foi anunciado um investimento de R$ 300 milhões. Com base nessas informações, quais são as perspectivas da Albaugh no mercado brasileiro para 2017 e 2018? Há intenção de aumento da capacidade de produção e lançamentos no portfólio?
Estaremos em 2016, além do Cobre e do Glifosato, iniciando a produção de 2,4 D e também de uma inovação para o mercado de proteção e nutrição das plantas. Temos um grande parque fabril em Resende . A Albaugh em 2015 comprou a fábrica da Novartis, fábrica essa que tinha capacidade de produzir vários tipos de formulações. O Nosso Objetivo no Brasil é voltar a produzir esses diferentes tipos de formulação.
Para 2018 o nosso foco é ter formulações WP e CS. Teremos para os próximos 5 anos mais de 20 lançamentos, com produtos trazidos da China e formulados por parceiros locais e também produzido dentro de Resende. Queremos ser uma empresa com foco em produtos pós patentes e ser o mais eficiente possível dentro de nossas operações para entregar ao agricultor produtos que possam ajudar ele a aumentar a sua rentabilidade
4. Segundo a Abiquim, o Brasil importou US$ 3,436 bilhões (FOB) em 2016, confirmando o Brasil como um grande importador de agroquímicos e também muito dependente do mercado internacional. Como a Albaugh vê a situação atual do mercado internacional de defensivos e a perspectiva para o restante de 2017?
Estamos vendo com muita preocupação o cenário de 2017, pois os preços estão em patamares que não podemos ter muita previsibilidade e para uma empresa como a nossa com foco em excelência operacional, não ter essa previsibilidade dificulta e muito a nossa entrega de valor para o agricultor. Eu acredito muito que o mercado em 2017 vai crescer novamente, nossas estimativas é que ele retorne para os patamares de US$ 10 Bi, devido à redução dos estoques de algumas empresas e também devido à recuperação de preços de algumas commodities como Açúcar e algodão.
Temos o maior mercado de defensivos do mundo, grandes fábricas no Brasil e se tivéssemos menos burocracia, mais rapidez nas aprovações de produtos e maior competitividade para produzir, poderíamos gerar mais empregos e trazer mais riquezas para o Brasil. O setor Agro é muito competitivo e como produtores e formuladores de agroquímicos poderíamos ajudar e muito o Brasil a também ser competitivo nessa área.
5. Renato, você já passou pelas áreas técnicas, desenvolvimento, novos negócios e marketing em diferentes empresas do segmento de defensivos no Brasil. Com sua experiência, quais são as lacunas do mercado de defensivos no Brasil que devem ser preenchidas para a melhoria do setor de defensivos e também em como ele é visto na sociedade?
Acredito muito no Brasil e nas suas pessoas, acredito que estamos passando por uma fase de limpeza e que vamos sair dessa mais fortalecidos como nação. O setor agro é o mais forte da economia brasileira, temos grande extensão de área, possibilidade de fazer 5 cultivos em dois anos, pesquisa, tecnologia e grandes empresas trazendo inovação. Temos uma grande tarefa de desmistificar o uso de agroquímicos no Brasil, o uso desse é uma necessidade do agricultor para manter a produtividade. Sem o uso de agroquímicos não teríamos como produzir 70, 80, 90 sacas de soja por hectare, assim como nós, não estaríamos vivendo 80,90 anos sem o uso de medicamentos. Acredito que o setor precisa se posicionar mais fortemente e mostrar à sociedade o quanto de riqueza e prosperidade traz para o Brasil. Veja os índices de IDH do Brasil em áreas com predominância da agricultura que você verá o grande desenvolvimento que esta traz.
Temos grandes travas regulatórias, de legislação e não andamos rápido como os nossos maiores competidores mundiais que são os USA. Se aprendermos a ver o que eles estão fazendo, sermos mais humildes para aprender o que está dando certo em outros lugares do mundo, poderíamos ser muito mais fortes do que somos hoje.
Equipe GlobalAgrochemicals, 30/03/2017